Música

Slipknot: A Saída de Jay Weinberg pode representar o princípio do fim?

O baterista Jay Weinberg recebeu uma chamada a 5 de novembro que o deixou “surpreendido e arrasado”. Após 9 anos de sucesso com os Slipknot, foi despedido da banda. 

Tal acontecimento marca mais um capítulo na incompreensão das decisões tomadas à volta de uma das maiores bandas de metal do mundo. Dá a sensação de que ninguém está a salvo (excetuando Corey Taylor e Shawn Crahan) e é difícil saber até que ponto é que isso não cria um ambiente de trabalho inseguro, sobretudo tendo em conta que a banda tem nove elementos e que, por várias vezes, já mostrou que consegue sobreviver, mesmo substituindo aqueles que pareciam ser os mais insubstituíveis – após o falecimento do baixista e fundador da banda Paul Gray, a banda continuou a ter sucesso com outro baixista (Alessandro Venturella), mesmo este não estando ao nível do seu antecessor.

De resto, mais recentemente, membros veteranos da banda como Chris Fehn e Craig Jones também saíram da mesma (o primeiro chegou a entrar em conflito com o resto da banda por esta, alegadamente, pagar-lhe reduzidos royalties e o segundo foi simplesmente despedido). 

Quando Jay Weinberg entrou na banda, tinha a tarefa hercúlea de colmatar a saída de Joey Jordison, para muitos o melhor baterista da sua geração por ter deixado uma marca indelével na música pesada e por ter criado um som único que só podia ser associado a si.

Ainda assim, mesmo tendo entrado na banda com apenas 24 anos, Weinberg provou ser um excelente substituto de Jordison, criando o seu próprio som inconfundível e extremamente influente nos três álbuns em que participou: .5: The Gray Chapter, We Are Not Your Kind e The End, So Far.

Para adicionar à incredulidade do seu despedimento, em setembro deste ano, Weinberg foi mesmo considerado o melhor baterista do género metal de 2023 pela revista Modern Drummer. Se um membro de uma banda prova, primeiro, que apesar da sua tenra idade, consegue substituir um nome icónico como Joey Jordison, criando o seu próprio estilo musical e, segundo, é considerado um dos melhores bateristas do mundo, como é que se justifica o seu despedimento?

Depois de anunciar a saída de Weinberg da banda, os Slipknot apagaram essa publicação das suas redes sociais.

Slipknot – O princípio do fim

A saída de Jay Weinberg da banda não é diretamente responsável por isto, mas há já alguns anos que os Slipknot vão dando sinais de que o fim poderá estar mais próximo do que aquilo que parece (e tal não se deve apenas ao nome do seu último álbum, The End, So Far).Em 2019, Corey Taylor disse à Metal Hammer: “Esta banda destruiu por completo o meu corpo”. Já em 2023, o vocalista, que celebrou recentemente 50 anos de vida, revelou à rádio alemã Rock Antenne que só aguentaria “mais 5 anos de tours” iguais àquelas que tem feito. Por um lado, isso revela a brutalidade que marca os Slipknot não se reflete apenas na sua música, mas sobretudo mostra que a banda, mesmo não acabando, pode vir a abrandar nos próximos anos.

Atualmente, Taylor está mais focado na sua banda a solo, que em 2024 vai estar presente em festivais como Rock Am Ring, Download e Hellfest

Outra prova de que a banda é extremamente desgastante a nível físico reside no facto de, pouco depois de sair da mesma, Weinberg foi operado à anca esquerda, uma cirurgia que andava a adiar desde 2020 para dar prioridade à sua carreira com os Slipknot. 

O guitarrista Jim Root também disse à Metal Hammer em 2019 que o seu desejo era que os Slipknot acabassem sem uma tour de despedida – que simplesmente, um dia, a banda anunciasse o seu fim. 

Para quem os viu ao vivo em Portugal no Evil Live Festival, até pode ter ficado com a impressão de que os Slipknot continuam em excelente forma. No entanto, a realidade pode ser outra e pode estar a refletir-se na forma como lida com os seus membros. 

Fonte da capa: People

Artigo revisto por Beatriz Mendonça

AUTORIA

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A Música sempre fez parte da sua vida. Após uma iniciação na música clássica, passou para o rock clássico de Rolling Stones e depressa se focou em bandas de hard-rock e metal (sendo Scorpions e Iron Maiden, respetivamente, as principais referências nesses campos). Hoje, gosta de ouvir um pouco de tudo, desde Mozart a John Coltrane, e desde Guns N’ Roses a System of a Down.