Música

TAPE JUNK – Rock gravado em 3 dias

Está disponível online desde ontem e chega às prateleiras no dia 11 de Maio. O primeiro álbum homónimo dos Tape Junk é o sucessor de “The Good & The Mean”, que saiu em 2013 pela Optimus Discos.

João Correia fundou, em 2009, os Julie & The Carjackers, com Bruno Pernadas, e, após uma suspensão do projecto em 2012, fundou os Tape Junk. Actualmente, os Tape Junk juntam João Correia, o fundador, a Frankie Chavez, Nuno Lucas e António Vasconcelos Dias.

Após um primeiro disco bem recebido pela crítica, chega o álbum homónimo. Tape Junk é um álbum integralmente gravado em três dias, pelos quatro músicos, no Alvito, Alentejo. Metade das músicas nunca tinham sido tocadas nem ao vivo nem em ensaio, e as que já conheciam foram tocadas tal e qual como ao vivo. O produto é um disco mais próximo da essência de palco da banda.

O primeiro single, “Six String and The Booze”, com um ritmo calminho, mas bem marcado à rock, dá vontade de pegar na guitarra. Irrepreensível nas harmonias e com uma voz suave e poética, é um bom aperitivo da qualidade do álbum.

“Substance” abre o disco a atacar logo com a voz, que ao início nos leva para um quase punk-rock. Rapidamente entra numa guitarrada melodiosa, com aquele ritmo bem marcado de que já esperávamos e que nos abana a testa ao som dos acordes, que, apesar de não surpreenderem, aguentam uma harmonia vencedora.

Bateria forte e muito overdrive na guitarra para “Bag of Bones”, a segunda do álbum. Quem ouviu o single ainda está, neste momento, à espera de quando chega qualquer coisa mais calminha. Este “Bag of Bones” é claramente uma música feita para o palco – e bem capaz de fazer a festa. No disco, é mais um rock bem feito.

Em terceiro vem “Scratch and Bite”, uma malha mais complexa e que agarra desde o início, com uma forte aposta nos riffs de guitarra fortes e com muito baixo a marcar o ritmo. A voz distorcida ajuda a criar o ambiente de som mais pesado até agora, e as brincadeiras com os tempos fortes nos compassos confirmam a preocupação, mais que profissional, com a qualidade da composição.

“Six Strings and The Booze” é a quarta faixa, e o alinhamento continua com “Joyful Song”, uma faixa alegre que talvez passe despercebida – não porque lhe falte qualidade, mas porque o registo se mantém. Abre, no entanto, o caminho para “Me and My Gin”, um dos grandes fortes do disco. Melancólica e com uma melodia cheia de pormenores deliciosos, usa e abusa da slide guitar e faz fechar os olhos. É uma aposta ganha, esta sexta faixa.

“All My Money Ran Out” é uma boa malha rock, a dar destaque às harmonias vocais, e “The Left Side of the Bed” vale como a balada mais melódica do disco e volta à voz sedutora num registo mais grave.

A fechar, vem “Thumb Sucking Generation”, que também já andava a rolar no YouTube. A escolha certa para fechar o disco, algo frenética e ao mesmo tempo divertida – uh uh, uh uh! É a maior faixa do disco, porque inclui, após um alargado instrumental a puxar pelos solos de guitarra, a ficha técnica do álbum, dita em italiano por Valeria Caboi. Em fundo, a guitarra não descansa, e o coro distorcido vai exclamando o título “Thumb Sucking Generation!”.

A menos de um mês de chegar às lojas, leva 4 estrelas da Magazine. É um disco que vale a pena, porque é bom, muito bom, e porque é mais um a garantir a excelente qualidade da produção nacional.

AUTORIA

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João Francisco Gomes nasceu em Leiria, a meio da década de 90. Interessa-se por música, sobretudo por fado, música portuguesa, música erudita e música sacra. Gosta de tocar vários instrumentos musicais. Interessa-se por literatura, gosta de escrever e lê quase diariamente.