Cinema e Televisão

The Devil Wears Prada – moda no grande ecrã

Florals? For spring? Groundbreaking.The Devil Wears Prada, lançado em 2006, continua a ser um dos filmes mais icásticos sobre o mundo da moda. Baseado no best-seller de Lauren Weisberger, leva-nos ao centro de uma das indústrias mais fascinantes e implacáveis do mundo, revelando os desafios e as dinâmicas de poder que se envolvem nesse meio.

O filme retrata a vida profissional de Andrea Sachs, uma jovem recentemente licenciada em jornalismo, que recebe o cargo que “um milhão de raparigas mataria para ter”: ser assistente da diretora-executiva da revista de moda Runway, Miranda Priestly. Não sendo a mais interessada no tópico, Andy prossegue. Aos poucos, apercebe-se de que Miranda é uma pessoa extremamente exigente e insaciável, julgando-a pelos seus erros, sejam eles a nível profissional ou simplesmente sobre moda. Com o tempo, acelera o ritmo e consegue mudar tudo sobre si, de modo a melhor representar a Runway.

Fonte: YouTube

Trabalhar para Miranda Priestly era o sonho de todos: abria imensas portas no mundo do trabalho. Isto porque Priestly era sinónimo de poder, até capaz de inibir coleções de serem exibidas em eventos. As suas decisões e gostos têm um efeito dominó em toda a indústria, e, como guardiã da moda, as suas escolhas definem tendências que atingem todos os níveis da sociedade. 

Como mulher no topo de uma indústria historicamente dominada por homens, a personagem de Miranda desafia os ideais tradicionais de liderança, e é um retrato raro de uma líder feminina com poder incontestável, que ainda ecoa fortemente nos dias de hoje. A sua personagem demonstra que as mulheres também podem possuir o tipo de autoridade inabalável que frequentemente é reservada a personagens masculinos. 

Fonte: Vanity Fair

Uma das cenas mais impactantes e cruciais do filme é, certamente, o “monólogo da camisola cerúleo”. Na preparação de uma sessão fotográfica, Andy ri-se da indecisão de Miranda entre dois cintos azuis, praticamente iguais, segundo Andy. Miranda vê-se altamente frustrada, e decide endereçar Andy da forma mais calma e lenta possível. Miranda acaba por explicar à sua assistente, que, quer ela queira, quer não, a moda não é arbitrária e não se limita ao mundo “tolo” da alta costura. Muito pelo contrário, é uma indústria poderosa que influencia as tendências que gradualmente nos tocam a todos, quer reconheçamos isso ou não.

Fonte: YouTube

Obviamente, cada peça de roupa utilizada no filme ajuda a contar a sua história. Enquanto, ao início, Andy usa peças mais inadequadas e visualmente desinteressantes, a sua evolução ao longo do filme é marcada por roupas cada vez mais sofisticadas, que refletem a sua adaptação ao mundo da moda e às exigências da sua chefe. Esse trabalho visual é uma homenagem ao poder transformador da moda e ao seu papel enquanto expressão individual, mas também uma crítica à superficialidade que pode dominar esse mundo, onde status e aparência são prioridades absolutas. 

Ainda assim, neste filme o contexto da moda vai muito mais além do expectável. Patricia Field, figurinista de topo, trouxe ao filme um toque de glamour que o ajudou a se tornar uma referência no mundo do cinema. Dos escritórios aos eventos, cada peça, seja Jimmy Choo, Chanel, ou, como o título indica, Prada, ajuda a definir o mundo grandioso e icónico do filme. 

Fonte: Stylaphile

Por último, o filme faz uma ótima representação dos sacrifícios que vêm com o trabalho. Andy depara-se com vários problemas: as exigências de Miranda fazem-na abdicar da sua vida pessoal, fazendo-a distanciar-se dos seus amigos, perder o namorado, e, no final, tornar-se o oposto da pessoa  que era antigamente. 

O elenco conta com a participação de vários nomes de topo: Meryl Streep, a antagonista Miranda Priestly, que, à custa do filme, ganhou um Globo de Ouro; Anne Hathaway, a inocente Andrea, “Andy”, Sachs; Emily Blunt, como Emily, outra assistente de Miranda; Stanley Tucci, o parceiro de Miranda e mentor de Andrea, Nigel. Conta ainda com a participação especial de outros nomes do mundo da moda, como Gisele Bündchen ou Valentino Garavani. 

E para os fãs: animem-se! Em outubro, a Production List parece ter revelado que uma continuação está no horizonte. Definido para começar as suas gravações a 30 de novembro de 2024, o elenco original deverá estar de volta para protagonizar, mais uma vez, estes personagens, que são tão próximos e queridos aos fãs. 

Fonte: InStyle

Em última análise, o filme mostra-nos que o glamour nem sempre é tão brilhante quanto parece: há uma face humana, por vezes dolorosa e complexa, por trás de cada look impecável. The Devil Wears Prada continua a ser uma obra intemporal que, com uma pitada de humor, nos faz refletir sobre o equilíbrio entre a ambição e a felicidade. “That’s all”.

Fonte da capa: Vogue AUS

Artigo revisto por Madalena Ribeiro

AUTORIA

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O Miguel tem 18 anos, é de Lisboa, e é um rapaz criativo, alegre e empenhado. É um grande amante de moda, música e cinema. Foi uma viagem a Nova Iorque que sedimentou o que queria fazer no ensino superior. Está no primeiro ano da licenciatura de Jornalismo, e, sendo honesto, escrever nunca foi um dos seus grandes hobbies, mas vê a ESCS Magazine como uma oportunidade de crescer, e de se sentir próximo ao que mais lhe interessa em termos de futuro: trabalhar na revista Vogue.