Cowboy Carter Tour – country faz-se à estrada
43 verões e oito digressões depois, Beyoncé volta para a sua nona.
Já desde 2024 que os rumores de um anúncio como este estão a cozinhar, não apenas por notícias de fontes como The Sun, mas também pela simples fome de atuações da cantora. O seu aclamado “Beyoncé Bowl” acabou por ser o primeiro sneak peek daquilo que se pode esperar da cantora nesta nova fase.
A 2 de fevereiro, a cantora anunciou a sua nova world tour, intitulada Cowboy Carter and the Rodeo Chitlin Circuit Tour. Meras horas após a sua grande (e altamente esperada) vitória nos Grammys de 2025, anunciou as (apenas) nove cidades da digressão: Los Angeles, Chicago, Nova Iorque, Londres, Paris, Houston, Washington D.C., Atlanta e Las Vegas. O motivo de esta digressão ter datas tão limitadas é desconhecido.
Contudo, a razão pode estar, simplesmente, nas raízes da história.
Em meados do século XX, e apesar de a escravatura já ter sido abolida, as leis de Jim Crow tomaram um grande papel na segregação racial entre os indivíduos. Numa época de mentalidades tão diferentes das atuais, quem quisesse produzir música (e aqui “quem” refere-se a artistas negros) precisaria de uma condição essencial: aceitação.
Como essa condição era raramente cumprida, surgiram os Chitlin Circuits, locais onde esses artistas que eram postos de parte teriam uma nova oportunidade de mostrar quem eram. Estes pontos de encontro foram cruciais para popularizar os blues, jazz, rhythm and blues (R&B) e rock and roll, e tomaram parte em cidades como, adivinharam bem: Chicago, Nova Iorque, Houston, Washington D.C., e Atlanta.
Logicamente, a razão de escolher apenas estas cidades parece ser simples: são cidades que tiveram os seus próprios chitlin circuits. Las Vegas, apesar de não ter tido algum circuit, tem uma cultura muito associada aos rodeios. Do outro lado do mundo, Paris e Londres podem ser opções divergentes, mas também pode ser por terem sido cidades a acolher de braços abertos afro-americanos no século XX. Já Los Angeles aparenta ser a exceção à regra.
O álbum COWBOY CARTER surgiu de uma experiência onde a cantora não se “senti[u] bem-vinda”, disse no anúncio do álbum, em março de 2024. Por causa dessa experiência, decidiu fazer uma pesquisa mais profunda por todo o arquivo musical da música country. E todo o propósito deste álbum é precisamente destacar, não só a indústria da música country e as suas relações negativas com artistas negros, mas também enaltecer esses próprios artistas que fizeram parte das fundações da música country, com as suas bases nos blues, folk e jazz, entre muitos outros géneros, e desafiar as normas da música country, e perceber o que faz exatamente o country ser country.
“Used to say I spoke “too country”/ And then the rejection came, said I wasn’t country enough […] If that ain’t country, tell me what is?”, diz a cantora em AMERIICAN REQUIEM.
Já sobre a digressão em si, atualmente existem 30 datas, contrastando com as 22 que foram anunciadas inicialmente. Beyoncé dá o pontapé de saída a 28 de abril em Los Angeles, ficando pelos Estados Unidos até ao final de maio. Depois, voa para os ares europeus, e tomará Londres e Paris (onde a ESCS Magazine estará presente!). Para finalizar, viaja para a sua cidade natal para acabar o resto da digressão.
Não ironicamente, irá pisar os palcos do estádio Northwest (perto da capital, Washington D.C.) em pleno Dia da Independência. A tocar um álbum altamente político, certamente devemo-nos preparar para uma grande surpresa.
Quem não souber o que usar também tem bom remédio: usar umas LEVI’S JEANS nunca foi tão conveniente.
Quanto a setlist, o que se sabe é que Beyoncé nunca faz a mesma coisa duas vezes. Abrir o espetáculo com baladas outra vez é pouco provável. Contudo, podemos certamente esperar músicas como TEXAS HOLD ‘EM, 16 CARRIAGES e YA YA, mas também outras como Suga Mama e Daddy Lessons, a última sendo a razão pela qual COWBOY CARTER existe.
Mashups de II HANDS II HEAVEN com Cater 2 U? Formation com SPAGHETTII? TYRANT com Haunted? Tudo pode acontecer na Cowboy Carter Tour. Giddy Up!
Fonte da Capa: Billboard
Artigo revisto por Pedro Filipe Silva
AUTORIA
O Miguel tem 18 anos, é de Lisboa, e é um rapaz criativo, alegre e empenhado. É um grande amante de moda, música e cinema. Foi uma viagem a Nova Iorque que sedimentou o que queria fazer no ensino superior. Está no primeiro ano da licenciatura de Jornalismo, e, sendo honesto, escrever nunca foi um dos seus grandes hobbies, mas vê a ESCS Magazine como uma oportunidade de crescer, e de se sentir próximo ao que mais lhe interessa em termos de futuro: trabalhar na revista Vogue.