Doechii: a nova “alligator” do rap
Nos últimos anos, o cenário do hip-hop e do R&B tem sido marcado pelo surgimento de artistas inovadores que desafiam as convenções sociais que lhes são impostas e redefinem os géneros musicais. Num mundo de Lauryn Hills, Lil Kims, Nicki Minajs e Doja Cats, só há uma Doechii.
Nascida Jaylah Ji’mya Hickmon, Doechii é natural de Tampa, Flórida. Desde cedo demonstrou interesse pela música e pelas artes performativas (isso mostra-se no futuro, mas já lá vamos), e o seu talento manifestou-se ainda na adolescência, quando começou a explorar diferentes estilos musicais e a construir a sua identidade artística.
Em 2019, lançou a sua primeira mixtape, Coven Music Session, Vol. 1, que chamou a atenção da cena underground.
No entanto, foi com o single Yucky Blucky Fruitcake, lançado em 2020, que Doechii viralizou nas redes sociais, destacando-se pela sua versatilidade vocal, que a diferencia de todos os outros artistas.
A sua originalidade atraiu rapidamente a atenção da gravadora Top Dawg Entertainment (TDE), conhecida por abrigar grandes nomes como Kendrick Lamar e SZA. Com o apoio da TDE, a sua carreira ganhou ainda mais impulso.
Em 2022, Doechii lançou o EP she / her / black b**, um projeto que mescla influências de hip-hop, R&B, pop e elementos eletrónicos.
O EP inclui faixas como Persuasive, que conta com um remix com SZA, e B¨** I’m Nice, ambas elogiadas pelos críticos e pelo público.
Doechii é uma artista que se recusa a ser rotulada. O seu som transita entre o hip-hop agressivo, melodias suaves de R&B, saídas quase diretamente da Mary J. Blige, e produções diferentíssimas que desafiam as ideias simples de o que é o rap.
Entre as suas influências, Doechii já citou artistas como Missy Elliott, Nicki Minaj, Kanye West e OutKast. Essa diversidade de inspirações traduz-se na sua capacidade de criar faixas que são, ao mesmo tempo, introspetivas e explosivas.
O seu mais recente projeto, Alligator Bites Never Heal, foi um grande sucesso em praticamente todo o lado. Para os críticos? Voo direto para as nomeações nos Grammys, nas categorias de Melhor Artista Revelação, Melhor Canção de Rap, e, ainda, Melhor Álbum de Rap, vencendo nesta última categoria.
Falando ainda um pouco mais, rapidamente, sobre os Grammys, a sua atuação de Denial is a River com Catfish foi um dos momentos altos do espetáculo. A energia estava ao rubro o tempo todo. Estávamos a assistir a alguém que estava no seu habitat.
Numa das canções desta mix-tape, Nissan Altima, Doechii canta “I’m the new hip-hop Madonna, I’m the trap Grace Jones”. E, a la Cristina Ferreira, está certa. Menciona duas artistas disruptoras da música, e da vida de celebridade em geral, e que não tiveram medo de se impor e criar a sua própria spotlight. Esta frase resume a artista que Doechii é e aquilo que ela consegue vir a ser: lendária.
O seu impacto vai além da música. Doechii destaca-se também pela sua autenticidade, e pela forma como usa a sua plataforma para diversos meios. A viralização da canção Anxiety viu a rapper a criar a sua própria linha de apoio à saúde mental, totalmente anónima e confidencial.
Com mais projetos a caminho, fortes colaborações e uma criatividade infinita, Doechii segue a quebrar barreiras. E uma coisa é certa: o futuro é brilhante, e a sua música inegavelmente revolucionária.
Fonte da Capa: Billboard
Artigo revisto por Inga Carvalho
AUTORIA
O Miguel tem 18 anos, é de Lisboa, e é um rapaz criativo, alegre e empenhado. É um grande amante de moda, música e cinema. Foi uma viagem a Nova Iorque que sedimentou o que queria fazer no ensino superior. Está no primeiro ano da licenciatura de Jornalismo, e, sendo honesto, escrever nunca foi um dos seus grandes hobbies, mas vê a ESCS Magazine como uma oportunidade de crescer, e de se sentir próximo ao que mais lhe interessa em termos de futuro: trabalhar na revista Vogue.