“The King”: Salvem(-me) (d)o Rei!
The King estreou no primeiro dia do mês de novembro. O protagonista é Timothée Chalamet, que provavelmente todos reconhecem graças ao filme Call Me By Your Name.
Esta película baseia-se num conjunto de peças de William Shakespeare. Neste caso, explora a vida do rei Henrique V de Inglaterra. A ação passa-se no século XV, mais propriamente em 1413, quando Hal subiu ao trono muito jovem. Tal como é comum na monarquia, herdou não só o trono, mas também os seus conflitos. O principal foco é o que levou à Batalha de Agincourt (1415) e o que dela adveio. Esta batalha decorreu durante a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra.
O filme dura pouco mais de duas horas (podem começar por ver o trailer). O seu início mostra revolta, rebeldia e insatisfação para com a situação interna de Inglaterra. O pai de Henrique V, Henrique IV, era visivelmente odiado e apelidado de louco por muitos – incluindo o seu próprio filho. Tal como na vida real, Henrique V cresceu afastado da corte, passando anos sem ter qualquer ligação ao palácio. No entanto, quando a doença do Rei agravou, este chamou o primogénito para o informar dos seus planos de sucessão: sabia que Henrique não queria o trono e, também por isso, atribuiria “esse privilégio e responsabilidade” ao seu irmão Thomas (Dean-Charles Chapman, mais conhecido por Tommen Baratheon).
Desde logo fala-se em guerra, uma constante durante o reinado de Henrique IV. Ao enviar Thomas para junto dos beligerantes, perdeu o seu filho mais novo. O próprio Rei partiu pouco depois, sem sequer fazer as pazes com o primogénito, e colocava-se novamente o problema da sucessão. Restava apenas coroar Henrique V. Ao contrário do seu pai, Henrique V, retratado por Chalamet, não era apologista da violência. Tentava fazer tudo ao seu alcance para evitar a guerra, mas viu-se obrigado a encarar que muitas vezes é inevitável. A sua subida ao trono originou várias provocações por parte da vizinha França, que Henrique V desvalorizava. No entanto, foi quando um homem lhe comunicou que teria sido enviado pela família real francesa para o matar que Henrique V cedeu. Os navios ingleses rumaram à França e começou a guerra. Não irei revelar mais da trama, pois é aqui que está o clímax.
A verdade é que, apesar de se tratar de um filme interessante, eu não o recomendaria. Por isso, se procuram recomendações, é melhor irem por aqui. Está bem feito, mas chega a ser cansativo e não acrescenta nada de novo – nem na parte da guerra, nem nos diálogos. Uma das partes positivas é ver Robert Pattinson (que, por mais filmes que faça, será sempre o Edward Cullen de Twilight) loiro e de cabelo comprido. Sim, leram bem. E ainda fala francês. Dá vida a uma personagem bastante atrevida, mas não tem assim tanto tempo de antena. Ainda assim, quem menos aparece é Lily-Rose Depp. Com base na sua prestação, merecia aparecer mais, pois, a meu ver, melhoraria o filme. As suas intervenções são interessantes e consegue prender a nossa atenção, algo que diverge bastante ao longo das duas horas.
Deste modo, se procurarem um filme com um contexto histórico (não tão legítimo assim) que trate os tempos da monarquia e a guerra, este é uma solução. É recente e um bom tópico de conversa de café, mas não passa disso. Esperava mais, talvez por ter outras referências no que toca a estes temas. Confesso que também não consigo gostar da prestação de Timothée enquanto Rei. Das duas uma: ou não lhe assenta, ou sou eu que não consigo tirar o pêssego da minha cabeça.
Artigo revisto por Ana Rita Sebastião.
AUTORIA
Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.