Uma comédia de copo cheio
Uma viagem, um aniversário, cinco amigas prontas a festejar e muito, mas mesmo muito vinho à mistura.
Wine Country estreou dia 10 de maio na Netflix e já colecionou gargalhadas pelo mundo fora. Este é o filme perfeito para uma tarde de cinema no sofá com muitas pipocas à mistura. Aqui a amizade é posta à prova, seja pela confiança seja pela capacidade de lidar com os problemas individuas e coletivos. O elenco é de luxo, recheado de estrelas de Saturday Night Live, como Amy Poehler, Maya Rudolph, Rachel Dratch, Ana Gasteyer, Tina Fey, Paula Pell e Emily Spivey.
Ao longo do filme podemos acompanhar a viagem de seis amigas, com o objetivo de comemorar o 50.º aniversário de uma delas. Naturalmente, nem tudo decorre como o esperado e, à medida que os copos se vão esvaziando, as inibições diminuem e o seu verdadeiro eu começa a vir ao de cima.
Ao nível do elenco é importante destacar a construção de Naomi, por Maya Rudolph; apesar da componente dramática que a personagem carrega, ao esconder das amigas algo que lhe pode mudar a vida, nunca perde a alegria e a vivacidade. É de destacar também a presença de Rachel Dratch com, finalmente, um papel de destaque; já merecido ao fim de tanto tempo de carreira. Quem também não desilude é Tina Fey, com a sua Tammy; apesar da pouca participação, a personagem é brilhantemente incluída no filme, nunca se tornando uma intrusa que aparece em momentos específicos. No contexto geral, todo o elenco se complementa, sendo este um dos pilares de sustentação do filme. O destaque menos positivo talvez seja Emily Spivey que, devido à falta de experiência à frente de câmaras, acaba por se perder nas piadas, diminuindo a sua personagem a figurante da história.
Amy Poehler oferece uma atmosfera aparentemente improvisada, onde é possível criar momentos únicos de cumplicidade, aperfeiçoando o seu tempo cómico e a sua capacidade de capturar o coração de um personagem.
Mas não só de coisas boas vive este filme. Diversos aspetos estão mal conseguidos, acabando por diminuir a sua qualidade. A montagem não é um dos seus pontos fortes. O encadeamento da história em nada favorece o filme, que sofre de um ritmo inconstante, como momentos demasiado mortos ou repetitivos. O mesmo pode dizer-se da fotografia que, em alguns momentos, opta por escurecer ao máximo a cena com um estranho propósito de “criar clima”, acabando por não surtir esse feito. Desta forma, o maior destaque visual acaba sendo o das cenas diurnas.
Este é um filme que celebra a amizade. Acho que talvez um maior foco, e mais da loucura que Amy Poehler e Tina Fey nos habituaram nos seus filmes, era o necessário para fazer deste um grande filme cómico.
Artigo revisto por Catarina Gramaço