Está tudo ÁTOA!
Começaram sem grandes ambições. Eram só um grupo de amigos a fazer música para passar o tempo, quando lhes apetecia. Guilherme Alface, João Direitinho, Mário Monginho e Rodrigo Liaça estavam tão à toa no início que decidiram dar esse nome à sua banda e, assim, nasceram os ÁTOA. O primeiro álbum da banda alentejana, “A Idade dos Inquietos”, saiu no passado dia 20 de novembro e a ESCS MAGAZINE foi conhecer a história do grupo e as expectativas para este álbum, dias antes do lançamento.
Como eram os primeiros tempos da banda?
Gui: Só fazíamos porcaria, em termos de ensaio. Nós dizíamos “vamos tocar “A Miúda do Terceiro Andar”” e, quando dávamos por nós, estávamos a cantar Marco Paulo. O que eu quis dizer com porcaria foi não estarmos focados nas nossas músicas. Os nossos ensaios eram ensaios de quatro horas, em que três horas e meia eram brincadeira e meia hora era ensaio. Isto no projecto embrião. Ninguém tinha ambições de meter músicas no Youtube ou, por ventura, procurar um contrato com a Universal, como depois fizemos com o Tradiio. Era um hobbie entre quatro amigos.
Entretanto, decidem começar a levar aquilo que estavam a fazer como banda um bocadinho mais a sério e conhecem o Tradiio, participam e conseguem ganhar um desafio. O que esperavam daquilo no início?
João: Inicialmente, queríamos ter uma oportunidade que não tínhamos nesta fase do projecto, que era gravar um vídeo com mais qualidade, um vídeo profissional. Era uma coisa para a qual não tínhamos meios e também não tínhamos disponibilidade para investirmos.
Gui: Acho que nem fazia sentido numa fase daquelas estar logo a investir num videoclip, mas surgiu a oportunidade de ter um videoclip grátis.
João: Como não havia grandes ambições, não íamos estar a fazer grandes investimentos. A Tradiio era uma forma. Tínhamos de trabalhar a nossa música, chegar a algum lado, e as pessoas tinham de acreditar na nossa música, até porque o conceito da Tradiio é esse mesmo: as músicas sobem no jogo e ganham consoante a fé que o público, o apostador, tem nessa música. Aí, tínhamos uma oportunidade de gravar um vídeo. O que torna esta história engraçada é que nunca chegámos a ganhar esse vídeo. Ganhámos um outro, o Lusco Fusco. Entrámos a meio de um mês e ganhámos o vídeo de uma semana e aí ficámos em primeiro lugar, com uma diferença abismal. Estávamos nos 50 primeiros lugares e chegámos à Universal. Entretanto nunca mais fizemos nada [na Tradiio] porque não tivemos mais músicas para disponibilizar lá.
E agora tiveram oportunidade de gravar as vossas músicas. Qual é a sensação de gravar as vossas músicas?
João: Como diz no nosso Facebook, um dos nossos objetivos é fazer boa música em português e conseguir agradar a muitas pessoas. A “Distância” e “Falar a Dois”, que são as duas músicas que temos para avaliar o nosso sucesso, seja grande ou pequeno, só nos dão motivos para nos sentirmos orgulhosos. Cada uma à sua maneira, as duas conseguiram — e estão a conseguir — conquistar um lugar na música portuguesa. A “Falar a Dois” continua a tocar, as pessoas conseguem ouvir sem ir à procura; a “Distância” cada vez tem mais visualizações, está cada vez a crescer mais, portanto as pessoas procuram-na.
Como é que foi fazer este álbum?
Mário: Quando fomos para o Porto já tínhamos mais do que pensado, já estava mais do que definido o que havíamos de gravar. Aconteceu que uma das músicas, a “Segue o Teu Caminho”, foi feita até à última. Gravei o baixo e assim que acabasse de gravar íamos embora para Évora. Tivemos muitas experiências, estávamos numa cidade diferente para nos inspirarmos… foram duas semanas diferentes e fizemos muitas loucuras. O Guilherme gravou algumas músicas de boxers, eu e o Rodrigo saltámos da ponte D. Luís… foi diferente.
Quando chegaram ao final, pensaram na reacção que as pessoas poderiam ter?
Gui: O receio aumenta mais, efetivamente, até ao dia 20 de novembro [dia em que foi o lançamento do álbum]. Esse será o dia em que esse receio pode abalar ou pode piorar. O nosso álbum pode ser considerado um álbum lançado de forma segura ou um álbum bastante arriscado: seguro porque tem bastantes estilos mas também pode ser bastante arriscado porque tem demasiados estilos diferentes e as pessoas podem ficar um bocadinho confusas. O objetivo deste álbum é mesmo mostrar o que é que os ÁTOA conseguem fazer, o que é que são. Acho que pode agradar a todos os gostos possíveis. O receio vai aumentando.
Mas, até agora, têm tido boas reações [o álbum saiu em exclusivo no MEO Music, uma semana antes do lançamento oficial]…
Gui: Desde que saiu no MEO Music temos tido reações bastante positivas e isso tem sido um alívio.
E isso ajuda a terem uma noção do que pode vir aí…
Gui: Dá-nos um feedback… pode ou não despertar um interesse no público pelo restante trabalho.
O que diferencia os ÁTOA?
Rodrigo: Somos genuínos e o álbum reflete isso.
João: Há uma coisa que é um pouco bruta mas não podia dizer melhor o que os ÁTOA têm que os torna únicos: as onze músicas que temos no álbum. Mesmo que seja parecido com isto ou com aquilo é nosso, foi feito por nós.
AUTORIA
Sofia Costa Lima nasceu em Trancoso, em 1994. Estuda Jornalismo e é
apaixonada por escrita. Tem um blog pessoal desde 2009 e publicou dois livros — em 2013 e 2014. Colabora com a Associação Juvenil de Trancoso desde 2013, fazendo parte da equipa responsável pelo Jornal Escrever Trancoso.
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