Made in ESCS

23º Tuna M’Isto: Serenatas e o Crime no Baile

A ESCS MAGAZINE esteve presente no 23º Tuna M’Isto, o festival da escstunis que reúne tunas vindas de todos os cantos do país. Para iniciar as festas, deu-se o Cocktail, a 10 de maio, pelas 22h. O Salão Nobre da ESELx foi, nesta noite, palco de inúmeras serenatas apaixonantes. O bilhete teve o custo de apenas 1€, sendo o valor revertido na totalidade para o projeto “É p’ra amanhã”, um documentário que apresenta medidas ecológicas para adotar pelos portugueses, que conta com a participação de alunos da escstunis. As serenatas foram pensadas para ser um momento mais calmo, no qual as Tunas cantaram músicas a capella.

Atuação da TMUM, a Tuna de Medicina da Universidade do Minho, na noite de serenatas. Cantaram as músicas “É isso aí” e “Montenegro”.
Fonte: Número F

Com a sala cheia, a atuação da abertura coube à ArquitecTuna. Nesta que foi a sua estreia no Tuna M’Isto, a Tuna de Arquitetura começou com uma serenata a Lisboa chamada “Desabafo”. De seguida, cantaram “Voa”. O rio foi uma constante nas letras cantadas. Depois foi a vez da TMIST – a Tuna Mista do Instituto Superior Técnico, cuja última aparição no Tuna M’Isto foi em 2017. A Tuna com estandarte azul e branco cantou “Na Proa do Tejo” e “Tu e Eu” (uma adaptação de Rodrigo Avante). Tivemos até direito a danças com rosas na boca e até mesmo a canções em espanhol!

A terceira atuação da noite foi a da TMUM, a Tuna de Medicina da Universidade do Minho. Os minhotos prometeram mostrar que o seu conhecimento vai para lá do corpo humano. Com grandes apontamentos amarelos nas vestes, vieram, segundo eles, curar o coração das donzelas com uma adaptação da música “É isso aí” e “Montenegro”. Quase no final da noite, atuou a VicenTuna, a Tuna da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A Tuna do estandarte ciano cantou “Mar Desconhecido” e “Feiticeiro do Tejo”. Por último, foi a vez da escstunis, que cantou “Vocês sabem lá”, “Sentença” e “Esplendor”. 

No dia seguinte, a 11 de maio, foi a vez do “baile onde tudo poderá acontecer”, como apelidou a escstunis, a Tuna da casa. Este baile trouxe várias Tunas a concurso ao Auditório Vítor Macieira, também por volta das 22h. O bilhete teve o custo de 4€.

Atuação da escstunis, a Tuna da ESCS, na noite de serenatas.
Fonte: Número F

Na segunda noite, atuaram as mesmas cinco tunas. Os convidados tinham direito a um minibar e havia inclusivamente tunantes a distribuir comida em tabuleiros. Os bilhetes esgotaram e cadeiras vazias eram uma miragem: alguns convidados tiveram de se sentar nas escadas! A escstunis prometeu dar baile enquanto o ambiente no Auditório Vítor Macieira estava azulado.

Um dos principais aspetos deste 23º Tuna Misto foi o foco na sustentabilidade. Vieram “dar baile ao desperdício”, focando-se na utilização de materiais mais amigos do ambiente. Desde depósitos para beatas, copos e garrafas reutilizáveis, sinalética com cartão reutilizado e credenciais com papel 100% reciclável, a escstunis primou pela preocupação ambiental. Os bilhetes eram digitais para evitar o desperdício de papel neste que foi um festival onde se acredita que “grandes eventos não precisam de ser sinónimo de grandes desperdícios.”

O contexto das atuações foi o baile da Constança de Carvalho e Melo (interpretada por Joana Batista), a anfitriã. Os seus convidados vieram vestidos a rigor, com vestidos e gravatas a condizer entre pares. Durante o baile, Constança vê a sua herança roubada e instala-se um cenário de crime, tal e qual o Cluedo. O seu falecido tio deixou-lhe, no seu testamento, um quadro que até pelas mãos do Marquês de Pombal passou. Desaparecera depois de estar na família há 200 anos. Todos são suspeitos do roubo: a tia Belmira, viúva do tio que deixou o quadro à sobrinha; o mordomo, que nutre um sentimento menos profissional por Constança e que, durante o roubo, se ausentou (mais tarde, sabemos que foi uma dor de barriga que lhe deu); a cozinheira, cujos cozinhados andavam alterados, talvez pela sua concentração no rap e não na cozinha; a banda convidada ou até as tunas presentes.

O detetive César (tuno Mário Aguilera Barata) tentou resolver o caso durante toda a noite, mediante as canções e os sketches animados proporcionados por cada uma das tunas. A primeira tuna a atuar foi a TMUM, com o tema “Alvorada” e medleys “Tuna Mix 2000”. De seguida, a VicenTuna cantou “Senhora do Almurtão”, “Lisboa das Cantigas” e “Fogo e Mistério”. A ArquitecTuna trouxe “Capitão Romance”, “A Morte saiu à Rua” e “Lisboa que brilhas”. A penúltima atuação pertenceu à TMIST, com “Madrugada” e “Foz do Tejo”. 

No final da noite, descobre-se que o culpado foi o guitarrista da banda (interpretado por Francisco Sezinando), cuja família tinha uma ligação ao quadro. A sua pretensão era reaver uma música que se encontrava na parte de trás do mesmo: a música 1755. Aqui, descobrimos que este é o novo original da escstunis, que sentiu a necessidade de ter um original sobre Lisboa. Deste modo, centraram-se na Lisboa dos tempos do terramoto e de Marquês de Pombal para criarem esta música que foge ao clichê. As atuações fecharam com a escstunis, que cantou “Vida Boémia”, “O Silêncio do Tom”, o “Teu Sorriso”, “Infante”, a nova música 1755, o seu hino “Olha a escstunis” e uma preferida do público: “Imperial”.

Para encerrar o festival, procederam à entrega de prémios que, neste caso, eram quadros. Entregues aos magisters de cada tuna, tinham, na parte de trás, pins para colocar os outros prémios que recebessem. O Prémio “Tuna do Público”, votado pelos convidados, foi dado à TMUM, tal como o de Melhor Solista e de Melhor Música Original, graças a “Alvorada”. A TMIST foi premiada com o Melhor Estandarte e com o prémio Crime Perfeito. A Vicentuna foi quem levou mais prémios para casa, sendo estes o de Melhor Tuna, Melhor Pandeireta, Melhor Atuação, Melhor Arranjo Vocal, Melhor Instrumental e Melhor Serenata, com a música “Bandolins”.

Atuação da VicenTuna, a Tuna da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na noite de serenatas. 
Fotografia de Mariana Coelho

Por fim, um dos seguranças da ESCS, Pedro Santos, tornou-se membro honorário da escstunis, tendo subido ao palco, com direito a uma capa. Contudo, não foi o único a subir: alguns ex-tunantes vieram reviver os seus tempos pela escstunis. 

Ambas as noites acabaram na after-party – cuja entrada era grátis -, que teve lugar no estacionamento do Campus do IPL, em Benfica. Dedicado às tunas, este festival decerto aguçou a vontade dos alunos de pertencer a uma. Os aplausos e os sorrisos eram uma constante no público, que grande parte da noite esteve boquiaberto com os movimentos das pandeiretas e dos estandartes. Fica apenas a dificuldade de superar este 23º Tuna M’Isto. Boa sorte para o ano que vem!

Artigo revisto por: Ângela Cardoso

AUTORIA

+ artigos