Música

Bring Me The Horizon de volta com novo projeto!

Nem o ano caótico que todos temos vivido foi suficiente para parar a banda originária de Sheffield, no Reino Unido. Acaba de ser lançado o seu novo projeto “POST HUMAN: SURVIVAL HORROR”. Conta com nove faixas, quatro delas em colaboração com outros artistas.

Fonte: @bmthofficial Twitter

Não é novidade que limitar Bring Me The Horizon a um único género musical é um erro e isso pode ser observado nos seus últimos álbuns de estúdio. A banda começou o seu caminho no mundo da música na linha do deathcore, caminhando ao longo dos anos para o metalcore, acabando mesmo por roçar uma onda mais pop-rock tanto no álbum “That’s The Spirit” como em “Amo”. Tais mudanças de sonoridade não foram bem vistas por parte de alguns fãs mais antigos; no entanto, Oliver Sykes (vocalista) justifica-as com a necessidade de experimentar coisas novas e o crescimento e evolução dos membros da banda como pessoas e artistas.

Foi mesmo essa evolução que trouxe à luz do dia o seu novo projeto. O objetivo da banda deixou de passar por criar “álbuns de 15 músicas que têm de balançar as músicas mais soft com as mais pesadas e pensar em como as vão encaixar”, sendo que “nunca” vão poder tocar o álbum inteiro – pelas palavras de Sykes. “POST HUMAN” é uma compilação de quatro EP’s e cada um tem o seu cunho próprio, para ouvir num determinado mood. A primeira parte, “SURVIVAL HORROR”, foi lançada no passado dia 30 de Outubro e as próximas chegarão até nós em 2021.

Durante a quarentena, na primeira vaga do coronavírus, os Bring Me The Horizon foram obrigados a abandonar os estúdios de gravação, mas não foi isso que lhes pôs um travão. Oliver Sykes e Jordan Fish (teclista) tornaram-se os próprios produtores das suas novas criações e deixaram o processo registado numa série de vídeos no seu canal do YouTube! https://www.youtube.com/watch?v=iloVfJC-iCg&list=PL2Gc4X16NxB5RNt6WmlAZDgypmbnRMI6t “POST “HUMAN: SURVIVAL HORROR” é descrito pelos mesmos como um hino de esperança e raiva, fruto de tudo o que está a acontecer.

Mergulhando neste EP, “Dear Diary” é uma primeira abordagem completamente explosiva! A sonoridade mais agressiva da banda volta e Oliver expressa o desespero e aborrecimento vivido durante a quarentena- “I’m going braindead, isolated”.

Logo em seguida temos encontro marcado com o já conhecido single “Parasite Eve”. Este conta com uma introdução na voz de um coro da Bulgária e segue para uma sonoridade cyberpunky com a presença da bateria de Matt Nicholls cada vez mais acentuada ao longo da música. Uma faixa escrita, curiosamente, antes de o coronavírus se espalhar pelo globo que descreve a 100% o medo, caos e cenário apocalítico em que vivemos. A breakdown leva-nos a concluir que a música pode ter até um cariz crítico, com a presença de metáforas para a falta de resposta à crise global por parte de alguns governos políticos.

Em terceira posição está o single mais recente, lançado uma semana antes do EP, “Teardrops”. Em entrevista à BBC Radio 1, o vocalista disse ser esta a sua música favorita do projeto e o melhor trabalho que já fizeram, quer em termos líricos como instrumentais. Sente que foi um regresso ao passado da banda, mas, ao mesmo tempo, sem que se pareça com nada do que conhecemos. E é verdade! Ao longo dos 3 minutos e 35 segundos, conseguimos perceber um mix de todas as sonoridades dos Bring Me The Horizon, o que cria uma atmosfera completamente nova que está a causar furor! Revela o lado mais vulnerável da banda, a ansiedade, o vazio face não só à pandemia, mas também a outras tragédias como a morte de George Floyd e tudo o que isso envolveu.

Eis que nos chega a primeira colaboração da tracklist! O jovem artista em ascensão YUNGBLUD, conhecido pelo seu ativismo e por dar voz aos problemas da sua geração, marca presença naquela que é uma das faixas mais catchy com que nos vamos deparar. Assente na raiva necessária para lutar contra as injustiças e com experimentos eletrónicos à mistura, “Obey” foi escrita da perspetiva de um opressor que manipula toda a sociedade.

YUNGBLUD e Oliver Sykes em sessão fotográfica para promoção do single. Fonte- @olobersykes instagram

Itch For The Cure (When Will We Be Free?)” surge como um interlúdio e uma faixa mais relaxada. No final faz a ponte com o tema seguinte “Kingslayer”, mais uma colaboração, desta vez com a banda japonesa BABYMETAL. Destaca-se pela sua diferença, podendo muito bem ter sido tirada de um anime! Os famosos e admirados gritos do Oli voltam à cena em conjunto com alguns elementos eletrónicos e o poder dos restantes músicos da banda, nas teclas(Jordan Fish), guitarra(Lee Malia), baixo(Matt Kean) e bateria(Matt Nicholls).

Caminhando para o final, as Nova Twins juntam-se para o tema “1×1”. Mais uma vez a mostrar um lado mais vulnerável e tocando no conhecido passado menos bom de Oliver Sykes. Em entrevista à NME, revela que tem trabalhado para se tornar cada veZ numa melhor pessoa e compensar os seus erros, mas que o facto de existirem sempre comentários negativos sem considerar a sua mudança o faz afastar-se das redes sociais.

A primeira música que conhecemos do POST HUMAN: SURVIVAL ERROR foi “Ludens”, ainda em 2019 e é ela que ocupa o penúltimo lugar. Foi feita para o jogo “Death Stranding” em apenas uma semana! A frase “How do I form a connection when we can’t even shake hands?” é mais uma das coincidências em relação à pandemia, sendo que a música surgiu primeiro, mas a verdade é que, de novo, reflete na perfeição os dias de hoje.

Por último, mas não menos importante, os Bring Me The Horizon apresentam mais uma colaboração. A conhecida voz de Amy Lee, vocalista da banda Evanescence, chega a nós na faixa mais calma, perfeita para terminar a experiência frenética da anterior meia hora. Ambos os cantores colocam a sua alma e emoções nesta última faixa: chega até a arrepiar, pois é mesmo majestosa. A letra de “One Day The Only Butterflies Left Will Be In Your Chest As You March To Your Death” apresenta um contraste entre a natureza, representada por Amy, e o Homem, papel de Oliver.

Após escutar esta obra-prima, podemos concluir que a banda, mesmo com os seus 14 anos de carreira, não tenciona parar de inovar, trazendo para a indústria da música uma lufada de ar fresco. Ficaremos ansiosamente à espera para ouvir as próximas partes do POST HUMAN!

Fonte: Youtube

Artigo por: Joana Salvada

Revisto por Miguel Bravo Morais

AUTORIA

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A Joana encontra-se na junção do perfeccionismo e da ambição. Natural de Beja, sempre quis ter um papel ativo na indústria da música. Mudou-se para Lisboa para estudar Publicidade e Marketing, adaptando os conhecimentos adquiridos à sua área de interesse. Claramente não deixou para trás o seu amor pela escrita, fazendo convergir as duas paixões na secção de música da ESCS Magazine.