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Ativismo digital português

Numa época de quebra das normas, da preocupação com os direitos humanos e com a liberdade dos indivíduos, vemos cada vez mais novos influencers que se apresentam como ativistas nas redes sociais (com saliência para o Instagram e para o YouTube). 

Esta nova forma de ativismo tem revolucionado o poder da voz do povo, uma vez que permite a estas pessoas que cheguem muito mais longe do que apenas à sua comunidade; chegarem a um país e, por vezes, muito mais além. 

Fonte: br.freepik.com

Os seguintes tópicos foram selecionados com base nos assuntos mais salientes de abordagem em Portugal nos últimos tempos. Com o Instagram, estes ativistas desenvolvem o seu trabalho, passando a sua mensagem, de forma a que chegue a todas as pessoas – mas isso não elimina a existência de podcasts, de canais de YouTube, entre outras coisas, que podem descobrir nos seus perfis.

FEMINISMO

  • @sarahoneypie 

Atriz, dramaturga e encenadora. A sua rede de seguidores no Instagram adveio do seu conteúdo focado no tema do feminismo e, no fundo, do ativismo direcionado a qualquer causa que sinta que importe. Não se dedica de maneira frequente, mas achei que seria a pessoa ideal para a representação da força do feminismo português. O seu conteúdo mostra a sua voz ativa – como, por exemplo, com apresentações de petições, de dicas, de ideologias e de muito mais –; mostra alguém que se quer seguir para se entender melhor as causas, a sua importância e, principalmente, como se pode agir.

SEXUALIDADE

  • @taniiagraca

Com a ascensão do movimento feminista, não podia deixar de mencionar a sexóloga mais conhecida no Instagram, em Portugal. O seu conteúdo baseia-se no empoderamento da mulher através da libertação sexual e na partilha do seu conhecimento na área da psicologia, mais especificamente na da sexologia (as suas formações). Portugal, sendo ainda um país conservador, precisa de uma sexóloga feminista. Afinal, o próprio sistema de ensino não explica e, em muitas casas, nem é mencionado. Crescendo com tabus, como entendemos tudo o que gira em torno deste assunto? Ora bem, a nova solução da comunidade portuguesa é aceder ao Instagram da Tânia (uma vez que nem tudo na Internet é verdade, mais vale confiar em alguém da área).

Para além disso, faz lives frequentemente com pessoas de várias áreas de ativismo. Sendo que ela já tem uma base de fãs grande e uma voz até na televisão (no “5 para a meia-noite”), a sua motivação para fazer outras pessoas crescer e ser ouvidas (dando-lhes a plataforma para e permitindo que elas aumentam a sua) é um esforço de louvar.

  • @ramboiacommoderacao 

A poligamia em Portugal ainda é um tema muito desconhecido (ou pelo menos pouco mencionado). Os Ramboia trazem-nos toda a informação que quase todos desconhecemos. O tabu ainda está muito enraizado na sociedade portuguesa, mas, em cada post e live, eles educam-nos sobre como, de facto, funciona e sobre os diferentes tipos de relações poliamorosas existentes. Os gestores da conta são pessoas poligâmicas que explicam as suas relações, mas, mais importante, educam as pessoas para que entendam. 

Incrível é perceber como conseguiram sair do senso comum, questionar a sua sexualidade e ter a força de seguir o rumo que lhes fazia mais sentido (e, claro, felizes). Conhecimento é poder, em qualquer área, mesmo que sejamos conscientemente monogâmicos. 

PS: têm um podcast incrível.

RACISMO

  • @afromaryy 

Empreendedora, comentadora do @ladonegrodaforca_pt e mentora do @heforshept, o seu conteúdo é focado no racismo em Portugal – uma verdade educadora de como o racismo ainda é perpetuado na nossa sociedade. Na verdade, Mariama cria conteúdo (bom; aliás, muito bom) já há algum tempo. Sempre na luta de frente para acabar com o racismo, mostra uma alma gentil, porém resiliente. Aos domingos, costuma fazer live com pessoas relacionadas com a luta para uma discussão que fica sempre interessante.

PS: vende postais (e outras coisas) com frases antirracistas. Vamos lá ajudar a manter este projeto!

  • @umafricana

“A mulher negra” é a temática principal de Sandra. O seu conteúdo, para além de perfeitamente organizado e apelativo, é aquilo de que necessitamos. É simplesmente isso, pois fala do que pensa e do que vê, mas também procura salientar a beleza da mulher negra e, no fundo, o seu poder. 

“Portugal não é racista” desmancha-se logo ao entrarmos no perfil dela, pois os seus posts são muitas vezes representativos de comentários que são feitos. Ou seja, em cada post ela vai desmascarando o próprio racismo das pessoas que dizem reconhecer a problemática, mas que não entendem por que são acusadas de serem privilegiadas – ou de muitas outras coisas –, o que demonstra precisamente os problemas que Portugal tem de tratar. 

  • @itsnunaa  

O seu conteúdo baseia-se em vídeos (sempre com uma mensagem), o que é genial, devido à sua eloquência e força. Na verdade, o seu sucesso foi bastante imediato, ao invés de um trabalho gradual. Foi um “boom” que ela conseguiu manter, trazendo sempre algo diferente e inovador (e, mais importante, algo que precisamos de ouvir). Na verdade, parece-me das ativistas com um nível de carisma mais forte, com um discurso claro e assertivo e aquilo a que chamaria uma verdadeira mulher, forte e independente; uma mulher capaz de fazer história, pois mantém-se genuína.

EDUCAÇÃO 

  • @navvabalydanso

Licenciada em Relações Internacionais e, atualmente, a tirar Mestrado em Estudos Africanos, dá legitimidade ao seu conteúdo. Conteúdo este que aparenta ser estudado, analisado e trabalhado pela mesma (muito visível até na recomendação de artigos científicos para fundamentarmos o nosso conhecimento). Creio que, na sociedade atual, ver uma mulher com estudos numa área que lhe é pessoal (é ativista contra o racismo) e ver o seu empenho para valorizar o continente africano, no qual vê potencial, torna-a numa ativista a ter em consideração. Num mundo de excessos e de banalidades, a sua preocupação genuína e o seu esforço para nos informar são necessários e, diria até, uma mais-valia para todos nós.

ACEITAÇÃO

  • @miss.curlytips

Mesmo que não esteja a viver em Portugal, é portuguesa e o seu conteúdo é em português. A meu ver, é uma ótima iniciativa. Pessoalmente, sempre ouvi falar em “liso estranho” ou “cabelo rebelde” (até relativamente ao meu próprio cabelo). Entretanto, após anos de químicos, de alisamentos, de queimar o cabelo todo e de o fragilizar, encontrei este Instagram. Digo já que é um ótimo sítio para entendermos como é normal e como é possível potencializar o cabelo que temos. 

E, não, não são questões superficiais. É uma questão de amor-próprio e de autoestima – assim como de combate ao padrão da beleza que é incutido no mundo ocidental. Hoje, aprendi que nada é mais poderoso do que aceitarmos quem somos naturalmente, não tendo a regra de manter tudo natural (afinal, tudo é uma escolha), e do que sabermos que temos a nossa própria beleza, mesmo que muita gente não a veja.  

Por isso, para as meninas dos cabelos ondulados, cacheados ou lisos muito “armados”, como as pessoas costumam chamar, passem por esta página e vejam como podem aprender o poder que reside na vossa própria beleza.

VEGANISMO E AMBIENTALISMO

  • @maeguru.oficial 

Empreendedora e mãe (neste caso, é importante mencionar, pois o seu conteúdo envolve a educação de uma criança com as suas ideologias), tem aquilo a que podemos chamar “estilo de vida com consciência ambiental”. Uma verdadeira pro no veganismo, cria a sua filha com essa dieta (e os valores que dela advêm). Acredita no poder da meditação, de massagens (ou de outras técnicas terapêuticas mais específicas), de yoga (sendo instrutora desta prática) e, enfim, de muito do que vem da Mãe Natureza ou de tudo aquilo que tem um poder natural a que só nós podemos aceder (ou que se possa treinar). 

A espiritualidade acompanha-a, a par de uma vida mais saudável e, genuinamente, mais feliz. Afinal, até uma tinyhouse (conceito minimalista) está a construir, algo que não é comum em Portugal – uma inspiração, não é verdade?

A verdade é que as redes sociais não são só problemas (tema que tem sido debatido nos últimos anos). Não vou apontar tudo de errado com as mesmas, pois não é o objetivo. É, sim, mostrar o lado positivo delas e a capacidade que têm para revolucionar mentalidades, partilhar conhecimentos e criar movimentos.

De repente, o mundo e, neste caso, Portugal deparou-se com uma nova forma de ativismo – talvez a mais eficaz de sempre. Afinal, através de uma publicação partilhamos uma ideologia, podendo atingir milhões de pessoas em questões de segundos. Isto tudo sem necessidade de discursos televisivos, de artigos de jornal ou de protestos – não retirando a importância a todas estas formas de movimento. Porém, podemos entender como até complementam estas formas. Um exemplo é como os protestos são enunciados muitas vezes de forma online – como as greves ambientalista, feminista, antirracista que ocorreram em Portugal (e no mundo). 

As redes sociais tornaram-se plataformas poderosas para os ativistas revolucionários (com a distância de um click) e cabe-nos a nós apoiá-los para que possam continuar! 

Imagem de capa: uol.com.br

Artigo revisto por Andreia Custódio

AUTORIA

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Patrícia tem 19 anos e veio do Norte. Criada numa aldeia, desenvolveu um amor pela natureza e animais. Estuda Publicidade e Marketing e pretende trabalhar junto de organizações humanitárias. Mudou-se para Lisboa, mas nunca se esquece do seu Porto. Adora dançar, ler e ouvir clássicos de música. Sempre que pode, anda pelas ruas pronta para explorar algo novo e tirar fotos a cada detalhe artístico.