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Comic Con regressa a Portugal desde o início da Pandemia

Estando o mundo numa espécie de pausa devido à pandemia da Covid-19, eventos como a Comic Con ganham uma nova importância. Este ano, a organização por detrás do evento quis transmitir a ideia de que, apesar da pandemia ainda não estar ultrapassada, caminhamos para um futuro melhor. Assim, este artigo falará dos primeiros dois dias do evento, 9 e 10 de dezembro.

A imagem principal do evento é a de um pai e uma filha vestidos de super-heróis. O objetivo é mostrar como durante este período difícil temos de ser capazes de fazer uso dos nossos superpoderes, como a força, a coragem e a resiliência, de forma a que juntos possamos ultrapassar qualquer obstáculo e caminhar em direção a um futuro melhor. Daí o lema desta edição ter sido “A new hope, for a better future”. 

As medidas de segurança foram uma grande prioridade por parte da Comic Com, e por isso todos os visitantes, colaboradores e convidados tinham de, para além do habitual uso de máscara, apresentar resultado negativo a um teste rápido antigénio realizado nas 48 horas anteriores. 

Ao contrário dos anos transatos, em que o habitual era a realização do evento no mês de setembro, esta edição realizou-se em dezembro. Também a localização foi alterada devido à preocupação em garantir o correto distanciamento entre todos.

A área do recinto estava dividida em níveis, sendo que também existia um enorme espaço ao ar livre com atividades como, por exemplo, o relicário, onde estavam expostas peças únicas da série The Walking Dead. Além disso, existiam stands da Disney Plus e da Sapo, ambos com alguns jogos em que o público podia participar.  

Tal como é habitual neste tipo de eventos, vários são os visitantes a fazer cosplay, uma arte que consiste no uso de vestimentas, fatos, máscaras e todo o tipo de acessórios para representar uma personagem específica. A edição deste ano contou com um espaço dedicado aos cosplayers onde aconteceram concursos, workshops e conferências sobre o tema, bem como um espaço onde se podia comprar todo o tipo de merchandising

 O ambiente entre todos era de cumplicidade. Era possível sentir o elo entre todos os que ali estavam, disfarçados ou não, conhecedores de todos os tipos de anime, ou até apenas fãs de Demon Slayer ou Sailor Moon – cada um era bem-vindo.

Os artigos vendidos eram extremamente diversos: doces japoneses, canecas, posters, porta-chaves, peluches, livros, POPs, jogos de tabuleiro e muito mais. Inclusivamente, junto dos jogos de tabuleiro, existiam mesas para quem quisesse experimentar um jogo pela primeira vez antes de comprar ou simplesmente jogar o seu preferido.

No interior da Altice Arena existia também uma área com stands de várias marcas, onde se podiam tirar fotografias e participar em jogos para ganhar prémios.  O evento contou com outros espaços como o The One Theatre e o The Prime Theatre, onde personalidades conhecidas são convidadas a falar sobre temas atuais. 

A influencer Glória Dias e o maquilhador profissional Du discutiram “O Poder da Maquilhagem”. Um debate que acabou por ir muito além da maquilhagem. A body positivity e a importância de nos sentirmos bem connosco próprios foram o centro desta conversa. Glória Dias afirmou que utiliza a maquilhagem, não como uma forma de esconder as suas imperfeições, mas sim para “potencializar a beleza”. Já Du afirmou que “um bom skincare é a nossa melhor maquilhagem”. 

Durante o confinamento, Du utilizou o seu Instagram para partilhar três looks de maquilhagem criados com comida. Quando questionado sobre a dificuldade de um homem vingar no mundo da maquilhagem, afirmou que para ele foi um privilégio e que desde o início sempre teve a preocupação de incutir respeito e educar os outros. Admitiu ainda que, apesar da maquilhagem estar associada a mulheres, esta não tem género. 

No seguimento do tema da inclusão e da tolerância, também Luccas Neto deu a sua contribuição. O youtuber, de 29 anos, e a sua amiga Gi, de 12 anos, foram cabeças de cartaz na Comic Con, fazendo com que pais e filhos se deslocassem até ao Golden Theatre, no centro da Altice Arena, para os ouvir falar. 

Luccas e Gi falaram sobre as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil, da ascendência portuguesa de Luccas e ainda sobre o desejo de Luccas de ensinar às crianças as histórias tradicionais com que cresceu, como por exemplo o “João e o Pé de Feijão”, dando assim a promover o gosto pela leitura. 

Numa entrevista exclusiva à ESCS Magazine, Luccas admitiu que o conteúdo do seu canal de YouTube é bastante influenciado pelo seu filho e que quer que este cresça a ouvir as histórias que Luccas conta. Foi também por causa do filho que surgiu a ideia de criar mais conteúdos para outras idades de modo a alcançar não só uma audiência mais nova, mas também adolescentes. 

Gi falou sobre como é crescer sob o olhar do público, ela que dá o rosto à boneca mais vendida do Brasil. 

O evento contou também com Misha Collins, que na série Supernatural faz o papel de Castiel. O ator abriu o painel perguntado ao público: “Como é que é viver num país que acredita na ciência?”– uma piada relativamente ao facto de os norte-americanos terem uma baixa percentagem da população vacinada contra a Covid-19. Para além de ser ator, Collins já escreveu alguns livros e tem um podcast intitulado Bridgewater

Misha Collins respondeu durante cerca de uma hora a questões colocadas pelos fãs. Um fã que vê Supernatural desde os 11 anos de idade e que agora tem 27, perguntou ao ator se ter passado tantos anos a desempenhar o mesmo papel fez com que fosse difícil representar outras personagem. Misha Collins brincou dizendo que, como não há assim tantas pessoas a ver Supernatural, não foi difícil reinventar-se. Inclusivamente, mencionou como os atores das séries Friends e Seinfeld tiveram mais dificuldades precisamente por serem séries muito mais populares. Quando perguntaram se foi difícil filmar cenas de luta, o ator respondeu: “sim, especialmente quando envolviam facas”.

Muitos quiseram saber como Collins faz para lidar com a saúde mental e quais são alguns dos seus conselhos. A resposta foi simples: “eu também sou uma confusão”. O ator confessa que também está a tentar descobrir o que fazer a seguir e que, tal como diz aos seus filhos de 11 e 9 anos: “ninguém é responsável pela felicidade dos outros”. Contudo, “eventos como este tornam-nos mais empáticos e ajudam-nos a perceber o quão todos estamos a lutar contra alguma coisa”.

Outro nome sonante nesta edição foi Lana Parrilla (Regina Mills/Evil Queen) da série Once Upon a Time. A atriz falou sobre o seu papel na série e o seu gosto por dirigir episódios. 

Foram vários os fãs da atriz que lhe quiseram colocar questões. Lana respondeu ao máximo de perguntas que conseguiu. Destacou a importância que a série teve na sua vida e a visibilidade que lhe trouxe.  Falou também sobre a sua personagem, elogiando o desenvolvimento que esta teve ao longo das sete temporadas, sendo que passou de vilã a uma personagem muito querida pelo público. 

Mencionou ainda que um dia de trabalho tinha sempre entre 14 a 16 horas e que, apesar de estar muito orgulhosa do resultado final, durante aqueles anos mal teve tempo para aproveitar a sua própria vida. Ainda assim, o cancelamento da série em 2018 deixou-a “bastante triste”. 

Quando questionada sobre partidas que tivessem ocorrido no set, Lana disse que eram mais frequentes entre o elenco masculino. Em relação ao seu episódio preferido destacou o episódio musical (T6 E20), não só por ser diferente do habitual, mas também pela oportunidade que lhe deu de desenvolver outras capacidades. A atriz disse também que se identifica com a sua personagem na medida em que ambas são perseverantes e procuram ser uma melhor versão delas mesmas. Apesar de ainda estarem dezenas de fãs em fila para colocar questões, o tempo não deu para mais.

Numa edição realizada ainda em pandemia, foi bom ver a quantidade de famílias e grupos de amigos que quiseram marcar presença na Comic Con. Apesar de ter sido marcada pelas regras de segurança, painéis cancelados e/ou passados para formato online, bem como uma redução significativa do número de visitantes, a Comic Con conseguiu manter a qualidade do evento contra todas estas adversidades.

Foto de capa: ESCS Magazine (Mariana Louro e Inês Alegria)

Artigo revisto por João P. Mendes

AUTORIA

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A Catarina é uma apaixonada pelo mundo da escrita e do jornalismo, estando no entanto a estudar comunicação e marketing. Por ser uma enorme consumidora de séries, filmes e tudo o que lhes diz respeito, juntou-se à ESCS Magazine para partilhar as suas opiniões na secção de Media.

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Lembro-me que em pequena tinha o desejo de pisar cada pequeno recanto do mundo. Assim que pude fugi da minha terra natal, onde a única coisa de que ainda tenho saudades é de comer tripa com chocolate enquanto apanho com um vento gelado no rosto e olho por entre o casaco para o mar bravo. Vim para Lisboa com o intuito de estudar algo que me fizesse realmente sentir feliz e realizada. Nos meus tempos livres o mais provável é encontrarem-me pelas ruas de Lisboa a tirar fotografias ou então enfiada numa biblioteca com uma pilha de livros à minha frente.

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A Mariana sempre foi apaixonada por palavras, o que a levou a escolher o curso de Jornalismo. A escrita e a leitura estão presentes na sua vida, nomeadamente no seu bookstragram (@books.mariana) e no seu booktok (@_marianalouro_). Na ESCS Magazine já escreveu de tudo um pouco: artigos sobre Moda e Lifestyle, Literatura e cobertura de eventos. Atualmente é Vice-Diretora e Editora Executiva.