La Reina de España
Foi numa província catalã, Mollet del Vallès, que nasceu o maior nome do futebol no feminino da atualidade – Alexia Putellas.
Com 29 anos, carrega às costas a camisola 11 do FC Barcelona, clube em que é a capitã e a maestrina das catalãs. Ficará para sempre na história por ter sido a primeira jogadora a marcar em Camp Nou, num jogo oficial.
Cabem nela os melhores adjetivos. Com os pés bem assentes no chão e segura do percurso sólido que tem trilhado, é competitiva, tal não fosse Serena Williams a sua inspiração.
Além dos golos de levantar o estádio e dos passes que nos relembram da beleza do futebol, Alexia é também dona de um palmarés recheado. Para lá das taças, dos campeonatos e de uma Liga dos Campeões, já venceu por duas vezes a Bola de Ouro e o prémio The Best. Nenhuma destas conquistas, bem como esta sua hegemonia nos últimos anos, é uma surpresa, dado tudo o que tem conquistado e o que mostra dentro de campo.
Não acredita que os prémios trazem superpoderes. Apenas o trabalho e a resiliência podem ser uma virtude.
Só na última temporada, somou 42 golos e 23 assistências em apenas 54 jogos. Desde a passagem pelo Espanyol, Levante e a chegada ao FC Barcelona, há mais de uma década, tem sido evidente a sua evolução e é hoje uma jogadora mais rápida, forte, técnica e imprevisível.
É uma lenda para os catalães e conseguiu o que poucos conseguem: o consenso. Aclamada por todos, desde a imprensa aos adeptos até aos rivais, não há quem não a considere a melhor do mundo.
Os holofotes recaem cada vez mais sobre si, de tal forma que a Amazon Prime gravou uma série documental chamada Alexia: Labor Omnia Vincit, sobre a capitã do Barcelona, ao estilo das grandes estrelas.
Quer “naturalizar” um mundo em que se fale tanto de homens como de mulheres e é, por isso, uma voz ativa na procura pelo justo investimento no futebol feminino, de tal forma que se juntou às 15 jogadoras da seleção espanhola que se posicionavam contra o selecionador e a federação.
Alexia é, hoje, muito mais do que apenas uma jogadora. É uma inspiração para muitos que sonham um dia jogar ao mais alto nível. Seguida por milhões, tem uma forte responsabilidade naquela que tem sido uma ascensão e afirmação categórica da equipa blaugrana. Têm sido recordes atrás de recordes quanto ao número de assistências num jogo feminino, mostrando que não só o presente, mas também o futuro, passa por elas.
Prova disso mesmo é um mural, em Barcelona da “SuperAlexia”, que nos convida a seguirmos os nossos sonhos e nos mostra que os padrões dos heróis de hoje em dia não são mais os do passado.
A jogadora espanhola lesionou-se gravemente no ligamento cruzado do joelho esquerdo (uma lesão que tem prejudicado fortemente as mulheres no desporto) ao serviço da seleção. Esteve de fora durante nove meses e regressou à competição no passado dia 30 de abril. Há muito era esperada, acabando por ser ovacionada pelos adeptos.
Em Espanha, muitos chamam Alexia Putellas de “La Reina” e talvez seja justo que o mundo a trate dessa forma porque ela é, definitivamente, soberana no mundo do futebol. Que sortudos que somos em viver na sua dinastia. Que lhe sejam feitas todas as vénias.
Fonte da capa: FC Barcelone
Artigo revisto por Natacha Mexia
AUTORIA
A paixão pelo desporto foi o que a fez querer escrever para a Magazine. Encontra no desporto, tal como na música, a maior forma de liberdade e aprendizagem. Só precisa de um bom concerto e um bom jogo de futebol para ser a pessoa mais feliz do mundo. Considera-se uma pessoa justa e por isso a imparcialidade estará presente em cada um dos seus artigos.