Cinema e Televisão

Da Ficção à Realidade – As Questões Sociais em The Morning Show

The Morning Show é uma série de drama que triunfou na estreia da sua primeira temporada, no dia 1 de novembro de 2019. No passado dia 8 de novembro estreou-se o episódio que marca o final da terceira temporada da série televisiva.

Além de já ter arrecadado vários prémios em diversas categorias, atualmente é a série que ocupa o primeiro lugar no pódio das séries mais populares da atualidade na plataforma Apple TV+.

Na sua primeira temporada, The Morning Show apresentou aos espectadores o tema do movimento #MeToo ao retratar problemas de assédio no trabalho. Mitch Kessler (Steve Carell), um dos personagens principais da série, é um apresentador de televisão que preenche as manhãs dos americanos, ao lado de Alex Levy, com o The Morning Show – um programa matinal de foro noticioso. Mitch é conhecido pela sua personalidade manipulativa e sedutora, personalidade essa que o permite aproveitar-se sexualmente das mulheres com quem trabalha em troca de garantir que as mesmas possam ascender nas suas carreiras.

Quando essa situação é revelada ao público através de uma denúncia anónima, o apresentador é imediatamente demitido. Mais tarde, é tornada pública a cultura de impunidade que protegera Kessler durante os anos em que o mesmo trabalhara nas instalações da produtora UBA. O facto de o presidente da produtora ter feito grandes esforços para encobrir a conduta imoral de Mitch é também rapidamente trazido à tona e esse é o fio condutor que irá posteriormente gerar a revolta das mulheres e irá despontar a chance de as mesmas manifestarem o seu apoio às vítimas.

Já a segunda e a terceira temporada da série dramática exploram temas como a homofobia, o racismo e a cancel culture.

Num dos primeiros episódios da segunda temporada, Bradley Jackson (Reese Whiterspoon) é presenteada com uma nova perceção sobre si mesma e descobre uma atração sentimental pela sua colega de profissão, Laura Peterson (Julianna Margulies). Inicialmente, toda a situação é encarada com bastante naturalidade; porém, mais tarde, Bradley depara-se com grandes dificuldades em assumir o seu afeto romântico por outra mulher. As conversas agonizantes que tomam lugar entre as duas personagens, sobre as dificuldades de Bradley em assumir-se como sendo uma mulher bissexual, são extremamente importantes no que toca à representação televisiva das pessoas queer que não se sentem seguras o suficientes para se mostrarem como sendo aquilo que realmente são.

Fonte: Show Snob

Já no terceiro episódio da terceira temporada, é dado total enfoque à temática das disparidades salariais devido a questões raciais. Estes assuntos são extremamente importantes para se ter em conta, sobretudo porque a série de ficção retrata a realidade: numa indústria, como é o caso da indústria televisiva, onde as pessoas de cor ainda representam uma minoria, são permitidas, constantemente, micro-agressões racistas que resultam na depreciação do trabalho de pessoas afro-descendentes.

Sobretudo ao longo das duas primeiras temporadas, o tópico da cancel culture é amplamente exibido e discutido em The Morning Show. É bastante evidente que os escritores da série procuraram desencadear o conhecimento do público sobre as diferentes camadas da cultura de cancelamento que tem assolado a nossa sociedade nos últimos tempos. Contudo, uma crítica feita pelo site Diaspora relata aquilo que muitos espectadores também podem facilmente compreender ao verem a série: enquanto no contexto ficcional os personagens sofrem punições reais e são efetivamente cancelados, na vida real são raros os casos em que as pessoas que detêm uma certa representatividade e poder são efetivamente punidas de forma tangível.

Além de abordar todos estes assuntos pertinentes, The Morning Show também retratou, em diversos episódios, a crise pandémica que arrasou o mundo em 2020 e mais recentemente, na sua terceira temporada, a série menciona ainda a guerra instituída entre a Rússia e a Ucrânia.

Fonte da capa: IMDb

Artigo revisto por Matilde Gil

AUTORIA

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A Carolina tem dezenove anos e está atualmente a tirar uma licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial – uma das suas grandes paixões. Outra das suas paixões é a escrita, a sua forma de arte preferida. Desde os doze anos escreve sobretudo ficção, mas gosta de explorar diversos géneros que a permitam “brincar” com as palavras. Partilhar aquilo que escreve sempre foi um grande desafio, mas ao decidir construir uma carreira na área da comunicação, decidiu que a timidez não podia continuar a representar uma barreira no seu caminho. Os seus tempos livres são ocupados com leitura e nada a cativa mais do que a literatura clássica, em especial os romances de Jane Austen e das irmãs Brontë. Ao escrever para a ESCS Magazine, a Carolina sente que tem a liberdade de unir a sua paixão pela escrita com a sua admiração pelo cinema.