Música

Brani: “A inspiração foi inspirar outras pessoas”

De cantor de rua a concorrente de um dos programas de talentos mais vistos, Brani lançou o seu primeiro EP no passado dia 15 de novembro. A ESCS Magazine teve o privilégio de poder conversar com o cantor em ascensão.

“Estou mesmo muito feliz e orgulhoso, pois é o meu primeiro. Finalmente cheguei a um ponto para fazer algo assim. É uma conquista”, afirma o cantor.

A música na vida de Brani

Um menino de 10 anos. Uma guitarra. Um sonho escondido que demorou anos até se revelar. Foi assim que tudo começou. “Comecei a tocar um pouco com 10 anos. Com 16, tive o meu primeiro professor de guitarra elétrica.” Brani assume que, apesar da sua paixão pela música, não foi cedo que decidiu que queria seguir esta área profissionalmente. “Decidi estudar Relações Internacionais e Política Europeia, mas depois tomei uma decisão: Vou seguir música, pois não quero trabalhar nisto.” E assim foi.

Aprofundou o seu conhecimento sobre o mundo da música e dos palcos ao fazer parte de uma banda durante a universidade e, mais tarde, decidiu seguir uma carreira a solo.

Há música nas ruas

Regressamos a 2020. Vírus, máscaras, vacinas, pandemia. Ao contrário da maioria, Brani relembra a época da COVID-19 como uma boa fase para novas oportunidades e experiências. “Durante a COVID, foi aceite tocar nas ruas em algumas cidades. Toquei quase todos os dias e tinha muitos concertos ao vivo. Foi um tempo depressivo, então, era notável que as pessoas precisavam disso.”

O artista revela que cantar nas ruas foi, e é, uma experiência de aprendizagem e que, assim, apercebeu-se do que poderia vir a ser a sua nova vida. “É muito bom fazer isto, pois podes experienciar várias coisas: más e boas. As pessoas tanto podem sorrir ou dizer coisas más.” O cantor recorda esses momentos, com muito amor: “Adorei e adoro tocar nas ruas.” 

Brani ouvia frequentemente os mesmos comentários: «Tu és muito bom, tens de me prometer que vais a algum concurso, qualquer dia…»; depois de muito pensar sobre o assunto, decidiu arriscar. “Foi assim que percebi que seria uma boa ideia”. 

“O Ídolos mudou a minha vida”

“Uma viagem de 20 horas mudou tudo”, afirma Brani, com um sorriso no rosto, ao relembrar-se da viagem de mais de 2000 quilómetros que fez da Alemanha diretamente para Portugal, em 2022, com apenas um propósito. Um tudo ou nada que, para Brani, acabou por valer tudo. “Não quero ser lamechas, mas o Ídolos mudou toda a minha vida. Estou aqui em Portugal por causa do Ídolos. Eu cheguei a pensar que ia ficar uns dois meses, mas já cá estou há quase dois anos. Estou aqui por causa do Ídolos”, afirma Brani.

Let Love Grow, o tão esperado EP 

O seu primeiro EP, lançado no passado dia 15 de novembro, tem um conceito muito especial. “Deixa o Amor Crescer” é a principal mensagem que o cantor pretende transmitir aos seus ouvintes: “O amor, neste sentido, não é só o amor entre um casal. É também o amor nas nossas vidas para tudo o que amamos”.

Uma experiência pessoal: uma inspiração. Uma guitarra: uma música. Brani reflete sobre os diversos acontecimentos que levaram à escrita de algumas das suas músicas. “Todas as músicas têm alguma história, que a inspiram. Uma das músicas presentes no EP, a Bye Bye, foi inspirada numa discussão com uma pessoa muito próxima. Muitas das vezes é assim: tens um momento em que sentes muitas coisas, e a música só aparece. Surge muito de experiências pessoais.”

O conceito de procura da identidade e, assim, do alcance da felicidade é um tema muito abordado por Brani ao longo da entrevista. “O importante é seguir um caminho. É entender quem tu realmente és.” O cantor refere que quer transparecer a ideia da necessidade de “criar espaço nas nossas vidas para coisas que nos fazem felizes”

No fundo, o EP é o seguimento de uma história. É o relato de “um protagonista que segue um caminho onde vai realizar várias mudanças”, descreve Brani. “É uma experiência sensorial e um estilo de música com uma energia muito positiva.”A capa do EP tem algo de especial e uma mensagem a transmitir. Brani confirma-o: “Não queria ter uma capa só sobre mim. Na parte da frente demonstra uma face mais positiva e na parte de trás demonstra algo mais negativo, mais pessimista, para demonstrar uma mudança. Esta mensagem não é só para mim. É a minha experiência, mas a mensagem é para todos. A inspiração foi inspirar outras pessoas.”

“Cresci pelo mundo”

Croácia, Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Finlândia, Holanda e, agora, Portugal. Brani conta um pouco do que era a sua vida antes de vir morar para Portugal. “Nasci na Croácia, onde vivi e cresci durante cinco ou seis anos. Depois, fui para a Inglaterra, Estados Unidos, Finlândia, Holanda, onde estudei aos 18 anos, e Alemanha. Cresci pelo mundo.”

Fonte: Instagram

Mas algo o prende a Portugal:  “Aqui sinto-me muito livre. É a minha coisa preferida em viver cá. Sinto-me… não sei como explicar, sinto-me «ahhhh»”, descreve, num tom de aparente alívio. É notável um brilho nos olhos quando fala sobre o país onde mora atualmente: “Gosto muito das pessoas e do ritmo a que vivem”. A liberdade sentida, o sonho por alcançar e a imensidão de oportunidades que Portugal lhe proporcionou são os principais motivos para fazer deste país o seu país de eleição.

Duas artes distintas: a comédia e a música

Joana Marques, humorista portuguesa, é diversas vezes mencionada por Brani. “Conhecemo-nos no Ídolos. Ela era um dos júris. Foi muito engraçado! Na primeira vez que me viu disse logo «ele é muito grande, quero uma foto!». Ficamos em contacto até aos dias de hoje”, recorda o cantor, entre risos.

Comédia e música: duas artes que Brani e Joana Marques decidiram unir num concerto único e especial a 15 de novembro. “Nós pensámos que queríamos combinar diferentes formas de arte no concerto de lançamento. Gosto muito de usar humor durante os meus concertos também, e ela passa bem esta ideia que eu pretendia transmitir.”

Fonte: Instagram

O entusiasmo, vontade e ânsia relativamente ao concerto de estreia do EP é percetível na fala e olhar de Brani. “Podem esperar uma experiência sensorial, uma energia positiva, com muitos momentos desagradáveis e engraçados também”, aproveitando para se referir ao podcast da humorista.

“É um caminho muito difícil, para quem não ama realmente a música”

Paixão, coragem e vontade são elementos essenciais que, segundo Brani, são necessários para alguém que queira seguir este mundo da música. “Acho que é um caminho muito difícil para quem não ama realmente a música. Para mim, não sinto que seja difícil. Adoro isto. É um caminho objetivo. Se não se adora, é melhor não o fazer, na minha opinião. No fundo, o difícil é começar. Há muitos desafios a enfrentar.”

Brani admite que, como cantor, sente que tem certos dons que, ao nascerem consigo, facilitaram a sua entrada no mundo da música. “Como músico, acho que tenho um grande à vontade no palco. Sinto-me muito natural. É uma energia e espontaneidade autêntica que acho que me acaba por ajudar muito neste mundo.”

Uma “mensagem não só para artistas, mas para todos

Muitos querem seguir este caminho e muitos querem fazer o mesmo que Brani fez – largar tudo e seguir o seu sonho. Brani tem uma mensagem: “Quero ligar à mensagem do meu EP: «Deixa o amor crescer». Se amas fazer música, há um caminho a seguir. Há sempre solução. Tens de ter paciência e persistência. Isto não é só uma mensagem para artistas, mas para todos.”

Fonte da capa: Shotgun

Artigo revisto por Julia Gibelli

AUTORIA

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A arte da comunicação sempre a fascinou. Aluna do primeiro ano de jornalismo, ficou muito entusiasmada ao ver que, ao entrar para a ESCS Magazine, poderia interligar as suas maiores paixões, entre elas a escrita e a música. Interessada pelos diversos géneros musicais, acredita que a música é a forma mais bonita que o ser humano tem para expressar os seus sentimentos. A curiosidade por conhecer melhor o mundo à sua volta e, assim, transmitir esse conhecimento às pessoas ao seu redor, foi o que a cativou para esta área.