Youth Summit 2015 – «Não se fiquem pelas bicicletas, procurem os foguetões»
Motivar. Era esta a principal ideia da Youth Summit 2015, organizada por e para jovens, e que inaugurou as Conferências do Estoril, no dia 19. Mas para além disso, conseguiu que os “líderes de amanhã” viajassem pelo mundo e por si mesmos, sem sequer sair do lugar.
“É uma oportunidade única para falar com líderes internacionais”, disse Maria, aluna holandesa que colaborou na organização da Youth Summit, a face das Conferências do Estoril (CE) que está virada para os estudantes universitários. As Conferências do Estoril (CE) começaram, assim, “com jovens a ocupar o papel principal”; o que, para Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC), é a “melhor forma de dar início ao nosso trabalho”. “As CE não são sobre o que fomos, mas sobre aquilo que podemos ser”, acrescentou.
As CE começaram com a segunda edição da Youth Summit – Cimeira da Juventude – um evento que reuniu perto de 600 jovens de vários países. “Queremos que a vossa voz seja ouvida. Queremos que a partir de Cascais liderem a mudança positiva e duradoura”, desafiou o edil. “Com ambição e um nadinha de utopia, queremos ser capazes de mudar o mundo”, concluiu.
A abertura da cimeira foi feita por Ramos Horta, Nobel da Paz 1996, que, nas palavras de Carlos Carreiras, “venceu as balas com ideias”. O objetivo era claro: pôr o bichinho ambicioso dos jovens a trabalhar, dar-lhes esperança e as ferramentas para seguir em frente.
O painel que mais prendeu a atenção da audiência foi o de Miguel Gonçalves, orador e idea starter na Spark Agency, e Afonso Mendonça, economista e fundador do Mentes Empreendedoras, moderado por Dirk van Dierendonk, professor de gestão de recursos humanos, na Universidade Erasmus, em Roterdão. Miguel e Afonso partilharam com o público as suas experiências e ideias para que estes estudantes ou recém-formados consigam promover-se junto das empresas inserindo-se no mercado de trabalho a realizar os seus sonhos.
“Enquanto estão na universidade vocês são a coisa mais sexy do mundo; todas as empresas querem ficar convosco. Depois, nenhuma vos quer”. É assim que Miguel caracteriza a situação. Em nove pontos, sempre a arrancar gargalhadas do público, o jovem orador procurou sobretudo motivar. “Não se fiquem pelas bicicletas, procurem os foguetões”, disse.
Afonso até cantou Deolinda. Para ele, o principal problema de Portugal são mesmo os portugueses. A apatia nacional é o principal entrave ao desenvolvimento e a juventude portuguesa é disso reflexo. “A vida nem sempre é uma linha reta”, disse, “na maioria das vezes estamos a competir apenas contra nós próprios”.
Desmistificando o mundo empresarial e procurando sobretudo motivar – com exercícios mentais propostos à audiência por Dirk, o moderador da cimeira – a Youth Summit promoveu também o intercâmbio entre culturas e nacionalidades. Almoço e jantar, oferecidos pela CMC, juntaram na mesma mesa oradores e participantes, pessoas que não se conheciam de lado nenhum para que pudessem passar a conhecer-se. E resultou.
Pelo meio houve surpresas: performances de ginástica acrobática e até a atuação de uma tuna universitária. Mas para além da comida, da exposição e da cultura, fica cumprido o principal objetivo da cimeira: fazer pensar. A dada altura, por desafio de Dirk, o auditório cheio do Centro de Congressos do Estoril estava em silêncio: a proposta era desconstruir os planos para o futuro e torna-los mais realistas. “Comecem por fazer e aproveitar aquilo que agora têm ao vosso alcance”. Depois, apontem para a estrelas.