Letras, linhas e cores
Um livro é mais do que páginas constituídas por palavras que se dividem em letras. Um livro é feito por várias pessoas. Há quem o escreva, quem o corrija, quem o preencha com desenhos, quem o imprima, quem o leia. Esquecemo-nos frequentemente de muitas destas pessoas, por isso a Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira dedica, entre 3 de março e 8 de maio, uma sala ao poder da ilustração e do design na produção editorial portuguesa.
No âmbito do ciclo EmaisE – Exposições Editoriais, “Livros em família. Silva 2004-2016” é uma porta aberta para o atelier Silvadesigners, responsável por algumas das mais famosas capas de livros e catálogos. O trabalho exposto tem a curadoria de David Santos.
“Baseando-se na dimensão estética e objetual do livro, este ciclo procura dar a conhecer os artistas que protagonizam no campo editorial o rigor e a dignificação da leitura, explorando a cada palavra um universo inesgotável de encantamento visual”, podemos ler nas paredes da biblioteca, batizada de Fábrica das Palavras, acerca da exposição.
Silvadesigners distingue-se pelo carinho especial que dedica à tipografia artesanal. Os criadores combinam a tecnologia com o trabalho manual para obter uma experiência emocional e única.
Os frutos desta linha orientadora são muitos e variados. O atelier está envolvido na marca Sardinhas das Festas, recriou o design editorial de livros com as capas da Coleção BIS do Grupo Leya, bem como de várias coleções da Imprensa Nacional, está responsável pela linha editorial da Agenda Cultural de Lisboa, entre muitos outros trabalhos.
A reedição das obras de Saramago foi mais um desafio bem-sucedido. Em 2014, o atelier desenhou a nova coleção de capas para os livros do nobel da literatura usando a caligrafia de vários artistas portugueses, como Álvaro Siza Vieira, Mário de Carvalho, Lídia Jorge, Maria do Céu Guerra, Gonçalo M. Tavares, Nuno Júdice, Dulce Maria Cardoso ou Júlio Pomar. Um Kit com um marcador Tombo preto e folhas A3 divididas em vários espaços dedicados ao experimentalismo está na base da renovação do legado de José Saramago.