Tutorial nada tendencioso para seres um homem INCRÍVEL!
Esta crónica encontra-se no seguimento da crónica “Tutorial extremamente tendencioso para seres uma mulher INCRÍVEL!”. A leitura da mesma é recomendada para completa compreensão do assunto tratado.
Quando um homem dá conselhos a uma mulher sobre como ela se deve comportar, é tendencioso. Desculpem lá, rapaziada, se pensavam o contrário – mas é tendencioso.
No entanto, as mulheres devem sempre dar conselhos aos homens sobre como eles se devem comportar. Isso não é nada tendencioso. Aliás, as mulheres devem dar esses conselhos e depois esfregá-los na cara dos homens como se a sua verdade fosse a única e a mais bela.
Por isso aqui estou eu, de coração aberto, pronta para vos oferecer aquilo de que vocês, incluindo o autor da crónica mencionada no início deste texto, mais precisam: conselhos. Muitos e bons conselhos. A minha mãe costuma dizer que se os conselhos fossem bons não eram dados; eram vendidos. A minha mãe não sabe do que fala.
Eu podia começar por dizer que o homem ideal seria aquele sem cérebro, uma vez que acontece porcaria sempre que um homem tenta pensar para além daquilo que lhe compete, mas isso seria o meu homem ideal e não devemos ser tão utópicos, não é verdade?
Aqui fica então uma lista altamente detalhada de pequenas coisas que podem fazer a diferença entre um homem perfeito e um homem igual aos outros.
Pára de pensar que podes mandar naquilo que sou ou deixo de ser
Eu querer ser agradável não é da tua conta. Eu querer ser bruta não é da tua conta. Sou o que quiser ser sete dias por semana; e se a semana tivesse oito dias, seria o que quisesse ser oito dias por semana.
#Tip 1: Por cada homem que não gosta daquilo que sou, existem dois que adoram. Esta é uma regra aplicável a todas as mulheres. Se queres uma mulher que podes moldar ao teu gosto, compra uma boneca insuflável.
#Tip 2: Todos os homens dizem que querem uma mulher menos gentil até realmente terem uma – nessa altura preferem chamar-lhe todos os nomes e mais alguns. E depois vão queixar-se aos amigos. Os amigos confirmam “epá, realmente, porque é que estás com essa gaja? Pessoas mandonas são péssimas”. O relacionamento acaba. A culpa é da rapariga, que era pouco gentil. Conselho: está calado.
Pára de dizer às mulheres para arranjarem uma vida
As mulheres têm uma vida – e muitas vezes são privadas dela, não por vontade própria, mas porque a sociedade acha que elas não devem ter vida. A mulher do Barack Obama não é a “mulher do Barack Obama” em vez de ser a “Michelle Obama” porque não tem vida – é a “mulher do Barack Obama” porque a sociedade rejeita tudo o que ela construiu para além do seu marido e a coloca ali no papel de simples acompanhante do presidente dos Estados Unidos.
A Michelle Obama tem uma vida. Não precisa de arranjar uma vida. O mesmo se aplica a basicamente todas as outras mulheres que conheces por aí.
Nesta linha, porque não tentas tu, rapaz, arranjar uma vida? Sabias que existem coisas no mundo para além de desporto e sexo? Sabias que a política, o cinema, o teatro, a literatura, a economia, a música e muitas outras coisas também são matérias de conversa muito interessantes?
Pára de achar que eu me preocupo com as tuas opiniões
“Nesse sentido, nós homens gostamos de ser úteis e produtivos para as mulheres de alguma forma. É extremamente atraente, por algum motivo obscuro, uma mulher pedir nossa ajuda para reparar alguma coisa na casa ou matar uma barata, expressando uma certa “fraqueza” ou “co-dependência” masculina. Não tente entender nossa linha de raciocínio.” (citação retirada da crónica original).
Desculpem. Tentei não usar citações directas na minha crónica, mas achei que este ponto se tornava mais fácil de entender se a usasse.
Se te queres sentir útil, oferece dinheiro a uma instituição de solidariedade. Faz voluntariado. Arranja o jardim do teu vizinho idoso que já não consegue sair de casa. Não me peças para fingir que tenho algum tipo de incapacidade motora e que não consigo fazer tarefas tão simples como matar uma barata ou mudar uma lâmpada.
Lista de coisas com que me preocupo:
- O relacionamento de Bucky Barnes e Natasha Romanoff na banda desenhada da Marvel e como é que ele vai ser tratado no novo filme Captain America: Civil War.
- A sétima temporada de The Walking Dead.
- O dinheiro que preciso para comprar um Maserati daqui a uns anos.
- As presidenciais nos Estados Unidos.
Lista de coisas com que não me preocupo:
- Aquilo que te faz sentir útil.
Pára de falar em sexo oral
Isto é um assunto sério. Acredita, rapaz, nós percebemos o quanto vocês gostam de sexo oral. Percebemos porque uma grande parte dos homens fala disso ao pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar, ceia, antes de dormir, depois de acordar, quando está a jogar X-Box, quando está a jogar Playstation, quando vão de carro para casa dos pais, quando vão de carro para casa dos tios, das primas e dos irmãos, quando estão ao telefone, quando estão a ler o jornal, quando estão a ver filmes e, inevitavelmente, quando estão a fazer sexo. Tenho a sensação de que só não falam disso quando estão a lavar os dentes – e apenas porque têm a boca cheia (inserir piada porca aqui). Nós percebemos.
A questão é a seguinte: não sou obrigada a fazer sexo oral só porque sim. Não sou obrigada a nada, na verdade, mas muito menos a isso. Sei que deve ser muito triste para vocês não conseguirem colocar o vosso instrumento mais precioso em todos os sítios bonitos que encontram, mas acreditem em mim – isso passa. Tal como passa tudo na vida. Isso também passa. Não, a vontade não passa. Só a tristeza.
#Tip 3: Se querem sexo oral de 30 em 30 minutos, têm sempre ao vosso dispor as prostitutas. Não falo por experiência própria, mas já ouvi dizer que fazem muito bem o serviço (pelo preço certo, é claro). Sai mais caro do que manter uma namorada, mas pelo menos saem satisfeitos, não?
#Tip 4: Caso estejam mesmo investidos em manter namorada e não gastar dinheiro, lembrem-se de que o sexo oral é uma estrada de dois sentidos. Mais mulheres estariam dispostas a fazer-vos esse favor se, talvez, vocês o fizessem a elas também.
#BONUS TIP:
Pára.
Pára de me dizer como agir. Pára de me dizer o que devo ou não fazer para te deixar feliz. Pára de pensar em formas diferentes de me dizer “se queres que os homens gostem de ti, tens de ser/fazer/dizer aquilo que eu quero”. Pára de tentar tirar o pouco poder que já tenho para decidir o que fazer com a minha vida.
Pára. Ninguém quer os teus conselhos. A minha mãe tem razão – se eles fossem bons, deviam ser vendidos.
Por isso está quieto. E calado.
A Marta Silva escreve ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico.