Egito: regime condena mais 152 manifestantes
O Governo reage densamente aos primeiros protestos com Sissi no poder, condenando este fim de semana 152 pessoas a penas de dois a cinco anos de prisão, por participarem em manifestações ilegais.
Milhares de pessoas participaram nos protestos de abril, cujo objetivo era contestar a decisão de entregar à Arábia Saudita a soberania de duas ilhas disputadas no Mar Vermelho. Essa entrega seria um agradecimento pela ajuda milionária que os sauditas dão aos militares egípcios.
No entanto, poucos meses depois de chegarem ao poder em 2013, os generais tinham aprovado uma lei a proibir os protestos não autorizados, a dificultar a obtenção de autorizações para organizar protestos e a dar ampla margem à polícia para dispersar concentrações.
Depois das manifestações de abril, 1300 pessoas (incluindo 47 jornalistas) foram detidas, mas apenas menos de 300 foram formalmente acusadas.
Estes foram os primeiros protestos com alguma dimensão desde a chegada ao poder do Presidente Abdel Fattah Sissi, que liderou o golpe contra Mohamed Morsi (primeiro chefe de Estado democraticamente eleito do país) e a Irmandade Muçulmana, em 2013, e se fez eleger no ano seguinte. A transferência das ilhas foi um pretexto para a população se manifestar contra a repressão e a falta de poder de compra.
O Governo decidiu proibir que os media noticiassem os casos dos detidos em protestos contra a transferência das ilhas, iniciando assim uma guerra com os jornalistas. No início do mês, dois jornalistas muito críticos da decisão iniciaram uma concentração no interior do Sindicato dos Jornalistas no Cairo, onde a polícia entrou e os prendeu, acusando-os de envolvimento em protestos ilegais contra o Estado e de “usarem notícias falsas” para incitarem os manifestantes “a confrontarem as forças policiais e a atacarem instalações públicas vitais”. Depois deste raide, os principais jornais do país, incluindo as publicações consideradas pró-Governo, pediram a demissão do ministro do Interior, Magdy Abdel-Ghater.