Editorias, Opinião

A Vitimização Feminina

Esta crónica é escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico

Agora que deixaram respirar este título propositadamente inflamatório deem-me alguma atenção, se puder ser.

É inegável a diferença entre homens e mulheres: desde o dimorfismo sexual, até à psicologia, somos criaturas distintas. Ora, sendo eu um representante oficial e eleito do masculinismo, venho aqui expor alguns problemas que me têm vindo a causar relativo desassossego. Esta terceira onda feminista, por exemplo, parece mais interessada em vilificar os homens do que em obter a igualdade entre os géneros.

Mas nem tudo vai mal neste casamento. No que toca a problemas no terceiro mundo, parecemos estar em total acordo: nos países do Médio Oriente e na China, por exemplo, ainda existe uma hierarquia social baseada no patriarcado, em que é ativa e evidente a opressão feminina. É algo condenável e merecedor dos verdadeiros movimentos feministas do início do século XX.

Não obstante, nas democracias ocidentais parecemos hoje ser açambarcados por um novo feminismo, um que desonra as intenções do original. O feminismo é agora uma corrente ideológica que se propõe a defender a igualdade de géneros, focando-se nos problemas de apenas um – enquanto esta neo proto-emancipação feminina se foca em capas de revistas de moda e em videojogos, são constantemente ignorados problemas latentes ao género masculino.

Apesar de os números não serem assim tão díspares, a violência doméstica contra os homens é motivo de chacota. O mesmo acontece se um homem for violado: “não gostaste? Que larilas… só podes mesmo ser gay.” Enquanto a mutilação genital feminina é, e bem, condenada por todos, a circuncisão é socialmente aceite e até “corroborada” pela pseudociência. A custódia dos filhos continua a ser maioritariamente dada às mães, mesmo com a existência de fatores alarmantes acerca da “boa conduta” da progenitora. Ainda na “onda” dos tribunais, as mulheres recebem menos anos de cadeia do que um homem condenado pelo mesmo crime.

O que quero dizer com tudo isto é que a disparidade entre os sexos, tanto a níveis económicos como sociais, existe e deve ser combatida. Mas, e apesar da insistência das atuais feministas, os homens são cada vez menos os donos do mundo e as mulheres já não são uma classe oprimida.

Agora, com licença, vou beber um cházinho preto da minha caneca que diz “lágrimas feministas”.

AUTORIA

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João Carrilho é a antítese de uma pessoa sã. Lunático, mas apaixonado, o jovem estudante de Jornalismo nasceu em 1991. Irreverente, frontal e pretensioso, é um consumidor voraz de cultura e um amante de quase todas as áreas do conhecimento humano. A paixão pela escrita levou-o ao estudo do Jornalismo, mas é na área da Sociologia que quer continuar os estudos.