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A nude que vi, mas não pedi

Nudes são imagens que têm muito que se lhe diga (e mostre). Por norma, são usadas com o intuito de seduzir alguém, de dar alguma dinâmica às relações à distância (e não só) ou até mesmo só para ver no que é que aquilo vai dar. E está tudo bem com o envio e com a receção deste tipo de fotografias, quando existem CLAROS consentimento e disponibilidade de quem as quer enviar e, por sua vez, de quem as quer receber. O grande problema é quando este tipo de imagens nos chega sem que as tenhamos alguma vez solicitado – e com isto do solicitar não estou a querer dizer que é preciso um pedido formal por e-mail, uma carta ou uma mensagem; estou antes a referir-me a um indício explícito de que aquela será uma ação vista com bons olhos. 

A situação de receber nudes não solicitadas pode tornar-se bastante desconfortável e, muito sinceramente, eu gostava de perceber o que se passa na cabeça de alguém que, de repente, se lembra de mandar uma fotografia do seu mais íntimo ponto, sem que tenha sido, alguma vez, demonstrado interesse em ver tal coisa.  

Antes de mais, meus caros “enviadores” de nudes não solicitadas: gostaria de que me dissessem quem é que alguma vez vos disse que só porque nos seguimos mutuamente numa rede social ou fizémos match no Tinder vamos querer ver mais do que aquilo que as vossas fotografias do feed mostram. E SE CALHAR ATÉ QUEREMOS! Mas esta necessidade desmedida de enviar nudes só porque sim acaba por destruir, muitas vezes, todo e qualquer interesse que possamos ter tido em vocês.  Desafio-vos, inclusive, a fazerem uma espécie de “exame de consciência” antes de as enviarem. É só esforçarem-se um bocadinho, puxar pela massa cinzenta que vos foi dada (e que aparentemente não é lá muito utilizada) e rapidamente perceberão que aquela situação de “deixa-me cá enviar o meu lindo físico a um desconhecid@, porque hoje até me sinto incrivelmente perfeit@” não é, de todo, normal. 

Fonte: Pexels

Aliás, é só ter “dois dedos de testa” (expressão bastante utilizada pela minha querida mãe e, mais tarde, adotada por mim) para facilmente chegarem à conclusão de que isso faz zero sentido. 

Receber uma nude sem consentimento, ainda que seja uma coisa à distância, acaba por ser quase tão mau quanto aquelas situações incómodas de toques inesperados numa festa. É uma invasão de privacidade muitas vezes de quem não tem noção da gravidade da situação. Aliás, sei que grande parte das vezes há quem reporte o incómodo que este tipo de acontecimentos lhe causa e ainda tem de ouvir algo como: “E vais dizer que não gostaste?” – quando, claramente, quem as recebeu não gostou. 

A par desta questão, gostava de referir que todos somos diferentes e há quem não se sinta seguro, confortável, ou quem simplesmente não quer enviar ou receber nudes. E jamais teremos o poder de questionar o “não” de outra pessoa. É aquela conversa que sempre ouvimos os nossos pais a ter: “não é não“. E há que o aceitar; não é fazer pressão até que a outra pessoa se sinta mal por não o fazer. 

E engana-se aquele que pensa que só porque mantém uma relação há uns quantos anos as nudes serão sempre bem recebidas. Mandem antes fotos de gatinhos que vêem pela rua (eu, pessoalmente, ia gostar).  Por fim, desafio-vos, meus caros leitores, a fazerem o pequeno quizz que se segue que, trocado por miúdos, nada mais é do que o tal exame de consciência de que vos falei. É uma espécie de (quase) receita mágica para saber se, afinal, devem ou não enviar essa fotografia marota, perdida na vossa galeria que, até ver, está sem destinatário.

Fonte da capa: Pexels

Artigo revisto por Andreia Custódio

AUTORIA

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Todos os artigos têm o meu toque pessoal, de modo a criar uma relação de proximidade com o leitor e para que se perceba que quem escreve é igual a quem lê. Tento ao escrever direcionar-me a todos, no geral, mostrando que um artigo de moda e lifestyle pode ser lido por todos os que o desejem. O mundo ainda é retrógrado sobre determinados temas, que nem o deviam ser, e gostava que pudéssemos um dia dar as mãos, no sentido de nos unirmos ainda mais para que vivêssemos sem conflitos e com paz.