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Montijo: um olhar sobre a antiga Aldegallega

Antigamente conhecida como Aldegallega ou Aldeia Galega do Ribatejo, a cidade do Montijo é rica em História e Cultura, algo que se reflete em muitas das suas paisagens e monumentos. Vamos conhecer melhor este tesouro escondido a sul do rio Tejo.

Breve história da cidade

A presença humana em território montijense remonta ao Paleolítico, segundo testemunhos arqueológicos encontrados na área.  Contudo, as primeiras referências datam do século XII, mais especificamente do ano 1186, quando os coutos e herdades doados a D. Paio Peres Correia começaram a ser habitados. 

O nome Aldeia Galega do Ribatejo data deste mesmo século. Os habitantes dedicavam-se à produção de vinho, à exploração de salinas e à pesca, devido à proximidade ao rio Tejo. Ainda assim, o desenvolvimento ocorreu de forma relativamente precoce, sendo que, no século XIV, a área já era descrita como um pequeno povoado com igreja. A Ermida de São Sebastião é, provavelmente, oriunda desta época.

Até 1539, ano em que ganharam autonomia administrativa própria, as localidades do Montijo e de Alcochete eram uma só, sediada em Santa Maria de Sabonha, na atual freguesia de São Francisco.

Em 1808, a cidade do Montijo sofreu uma invasão francesa, que superou com sucesso. 21 anos depois, iniciaram-se as carreiras da Mala Posta entre a freguesia e Badajoz/Madrid. Contudo, estas terminaram rapidamente devido a várias eventualidades.

Uma das curiosidades mais interessantes sobre este município é o facto de que este se antecipou ao resto do país na Implantação da República, em 1910, tendo concretizado o feito um dia antes da data oficializada no país.

A transição para Vila do Montijo ocorreu em 1930. Já em 1985 o Montijo ganhou o título de cidade. Atualmente, ainda existem bastantes habitantes com profissões ligadas à indústria da pesca, ainda que a floricultura e as empresas agrícolas também tenham uma forte presença na cultura da cidade.

Principais pontos culturais

Um dos pontos mais icónicos na cidade é a Praça da República, onde se podem encontrar atrações, como: o Coreto, onde as bandas filarmónicas costumavam dar concertos; a Tágide, uma escultura do Mestre Lagoa Henriques alusiva às ninfas do Tejo mencionadas nos versos de Camões; e a Igreja Matriz, cuja construção data do início do século XV, apesar de ter sido modificada posteriormente. Esta zona é também ocupada por diferentes cafés e pastelarias, como a histórica Mimosa, a pastelaria mais tradicional do Montijo, e o Café da Praça, que salta à vista assim que se observa a área.

Praça da República com vista do Coreto e da Igreja Matriz
Fonte: Ana Paredes
A escultura Tágide, do Mestre Lagoa Henriques
Fonte: Ana Paredes

A Zona Ribeirinha, o local noturno mais movimentado da cidade até ao surgimento do vírus SARS-CoV-2, transformou-se num espaço de paz, onde hoje podemos observar pescadores, espécies aviárias e o estonteante rio Tejo. Caso o calor se torne insuportável, ainda existem alguns cafés e bares abertos na área, como o Arte no Cais e o 5 Estrelas Bar.

Zona Ribeirinha do Montijo
Fonte: Ana Paredes

É nestas zonas que se concentram as grandes Festas Populares de São Pedro, que já ocorrem há mais de 500 anos. Estas são uma das principais atrações da localidade, que recebe inúmeros visitantes nessa altura do ano. Esta conta com procissões, rulotes com comida e bebida, diversões e música ao vivo. Em setembro, é também possível visitar a Feira Medieval, um evento cheio de cor e personalidade que nos faz ficar melancólicos, a pensar em tempos que não tivemos a oportunidade de experienciar.

O Montijo é também uma zona rica em espaços verdes, que trazem a serenidade e a sensação de natureza à localidade. O Parque Municipal Carlos Hidalgo Loureiro é um dos principais pontos turísticos da cidade. Possui uma vasta área verde, um ringue e um espaço infantil, que foi recentemente renovado, com inspiração na floricultura existente na cidade.

Se a vontade de aprender mais sobre a cultura montijense for muita, a cidade dispõe ainda de uma mão cheia de museus. Entre eles, destaca-se a Casa Mora, sede do Museu Municipal, construída na segunda metade do século XIX para ser a residência particular de Domingos Tavares e de Margarida Inácia dos Anjos, importantes proprietários rurais do Concelho de Aldeia Galega. Antes de ser um museu, albergou a Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva.

Se o interesse é aprender mais sobre a cultura piscatória, o melhor é visitar o Museu do Pescador, pertencente à Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense (SCUPA), sediado na antiga Escola Conde Ferreira. Aqui, poderás encontrar diversos artefatos que remetem à pesca e à sua identidade.

O Moinho de Vento do Esteval é um dos principais marcos da cultura rural na cidade. Foi construído em 1826 e é um testemunho das antigas técnicas de farinação. As visitas podem ser agendadas previamente.

Se o estômago apertar durante o dia, poderá deliciar-se com uma refeição nos diversos restaurantes da zona. Um dos restaurantes tradicionais mais aclamados da área é o Restaurante Marradas, que serve carnes e comidas mais tradicionais. Se gostas de comida oriental, vieste ao sítio certo: existem inúmeros restaurantes de sushi e comida asiática por toda a cidade. Destaca-se, contudo, o Restaurante Koto, situado a dois minutos do Parque Municipal Carlos Hidalgo Loureiro. Se nada disto te agradar, podes sempre dirigir-te ao Alegro Montijo e desfrutar de uma maior variedade de escolhas (e talvez fazer algumas compras).

Para o final de dia perfeito, basta apanhar o barco em direção a Lisboa durante o pôr do sol para desfrutar de uma vista espetacular do Cais do Seixalinho e do rio Tejo.

Pôr do sol no Cais do Seixalinho
Fonte: Ana Paredes

Artigo revisto por Daniela Leonardo

Fontes consultadas

AUTORIA

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A sua paixão pela moda começou muito cedo: sempre adorou acompanhar as tendências e inspirar-se em coleções de designers. Um dos seus sonhos (desde que viu pela primeira vez o filme O Diabo Veste Prada) é trabalhar numa revista de moda. Hoje, no 3° ano do curso de Jornalismo, tem a oportunidade de conjugar essa paixão com aquela que tem pela escrita na ESCS Magazine.