Desporto

Acabou o Hammertime?

O piloto britânico Lewis Hamilton começou a sua carreira em 2007 na Mclaren-Mercedes, uma das equipas com mais sucesso na Fórmula 1. Logo no ano seguinte conquistou o seu primeiro campeonato mundial, no Grande Prémio do Brasil.

RIVALIDADES OU COMPETIÇÃO?

A partir desse ano, Hamilton tornou-se uma estrela em ascensão e bastante promissora, o que, de certa forma, acabou por marcar um ponto de viragem para a sua nova equipa. Rapidamente demonstrou ser um piloto competitivo e esse facto explica as diversas rivalidades que teve com os seus colegas de equipa.

Logo após a sua entrada em 2007, teve problemas com o  companheiro de equipa Fernando Alonso, até então bicampeão mundial. O piloto espanhol acusava a equipa de favorecer Hamilton a níveis estratégicos em quase todas as corridas.

Após a mudança de Hamilton da Mclaren para a Mercedes em 2013, o piloto deparou-se com um companheiro de equipa  tão talentoso e consistente quanto ele – o alemão Nico Rosberg.

Fonte: Autoracing

A rivalidade entre Rosberg e Hamilton é, de certeza, a mais notória, e é vista como uma das mais intensas e dramáticas da Fórmula 1. Esta rivalidade começou a ganhar fulgor logo em 2013, gerando uma competição feroz entre os dois colegas de equipa.

Porém, foi em 2016 que todo este enredo tomou proporções drásticas, a ponto de ambos saírem da corrida por colidirem enquanto lutavam avidamente por posições.

Eventualmente, Nico Rosberg acabou por ser o campeão mundial desse ano, mas logo em seguida anunciou a sua retirada do desporto, o que deixou Hamilton com  a oportunidade de demonstrar toda a sua dominância na Fórmula 1.

O seu colega de equipa desde 2017 até 2021 foi o piloto finlandês Valtteri Bottas. Juntos contribuíram para a vitória de cinco campeonatos dos construtores e Bottas, querendo ou não, teve também um papel fundamental para que a dominância de Hamilton se mantivesse, até à “nuvem negra” que chegaria em 2021.

ABU DHABI 2021

Fonte: GPBlogue

Depois de um ano em que Hamilton venceu 11 dos 17 Grandes Prémios, 2021 foi diferente, uma vez que Max Verstappen, o piloto holandês em ascensão da RedBull, tornou-se bastante competitivo durante toda a temporada.

A rivalidade entre os dois pilotos foi um fenómeno a nível mundial tendo em conta que Hamilton não tinha um rival tão forte e persistente como Verstappen desde 2016.

Ambos os pilotos chegaram ao último Grande Prémio da temporada, em Abu Dhabi, com o mesmo número de pontos (365.5), após a recuperação de Hamilton durante a segunda parte da temporada. Foi a corrida que definiu o grande campeão mundial e que gerou muita polémica, uma vez que o desfecho acabou por ser considerado “manipulado pela FIA” ao não aplicarem corretamente o regulamento após um incidente com o Safety Car. Assim sendo, Verstappen sagrou-se campeão mundial pela primeira vez, dando um novo rumo ao desporto.

Lewis Hamilton, que estava tão perto de ultrapassar o recorde de sete campeonatos mundiais de Michael Schummacher, viu ser arrancada de si a conquista na última volta.

Para muitos foi um ponto de viragem na Fórmula 1 por considerarem a dominância de Hamilton muito repetitiva, mas para outros acabou por gerar um descrédito na direção do desporto, o que levou também à perda de credibilidade da FIA.

O DESIGN FUTURISTA DA FÓRMULA 1

Para piorar toda esta controvérsia de 2021, a FIA decidiu mudar o conceito de construção dos monolugares na temporada seguinte.

Assim sendo, foi apresentada uma nova “filosofia” nos desenhos para os carros. Fala-se então em mudanças nas rodas, nas asas traseiras e dianteiras e no apoio aerodinâmico que foi melhorado pelos novos pneus de 18 polegadas. O objetivo desta mudança era fazer com que os pilotos corressem de forma mais próxima, para que houvesse mais competição.

Com este padrão definido, as diversas equipas tiveram que inovar e testar os seus monolugares, de forma a encontrarem a combinação perfeita para obterem o melhor carro possível.

Ora aí está o grande impasse que surgiu na Mercedes: decidiram inovar demais e alterar ligeiramente o conceito dos “sidepods” do carro, o que acabou por não resultar bem. O design do W13 dava bastante inconsistência ao seu desenvolvimento de semana para semana nas diversas corridas, o que levou ao decair da equipa.

Para se ter uma noção do impacto da performance do monolugar, Hamilton terminou uma temporada sem quaisquer vitórias pela primeira vez em 15 anos de carreira.

Aquele que se esperava ser o ano de “comeback” para o piloto após o desastre de Abu Dhabi, acabou por ser uma temporada de “testagem de hipóteses” para se fazerem as alterações necessárias para que a Mercedes voltasse ao topo.

Até à temporada atual (2023), a equipa e o piloto ainda estão a fazer os “upgrades” necessários para que os bons tempos do Hammertime voltem.

Fonte da capa: Rfi

Artigo revisto por Margarida Pedro

AUTORIA

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A Jéssica sempre teve uma relação com a escrita e está no primeiro ano da licenciatura de Jornalismo. A escolha do curso sempre lhe pareceu muito óbvia quando em 2020 começou a ter mais contacto com a Fórmula 1 mas rapidamente este gosto acabou por se expandir para os outros desportos. O gosto de falar e relatar aquilo que acontecia em cada área do desporto trazia-lhe um sentimento de estar “completa” e foi por esse mesmo motivo que decidiu que jornalismo e entrar na redação seria o seu melhor caminho.