Ativar a MUDANÇA
ANuma atualidade onde diversidade é a palavra de ordem, será possível ainda persistir racismo, xenofobia, preconceito e intolerância??
Em pleno século XXI, continuam a surgir conflitos relacionados com as diferenças culturais e religiosas existentes no mundo. Conflitos estes que, muitas vezes, chegam a atingir níveis que exigem uma grande preocupação e atenção.
“O encontro com o outro, com outras pessoas, sempre foi uma experiência universal e fundamental para as nossas espécies. Neste sentido, as pessoas têm três escolhas quando se encontram com o “outro”: Podem escolher a guerra, podem escolher construir um muro à volta de si próprios ou podem entrar em diálogo.” – Ryszard Kapuscinski, jornalista e historiador polaco.
Foi neste sentido que foi criado o MURAL (Mutual Understanding, respect and learning project), uma formação de Agentes de Mudança, Active Citizens, que impulsiona o diálogo intercultural e inter-religioso por todos os cantos do Planeta.
Este projeto já chegou a Portugal e realizou-se, numa primeira fase, entre os dias um e quatro de novembro do ano passado, na Mesquita Central de Lisboa.
*“Diálogo” nos Active Citizens refere-se a conversações com as quais as pessoas com diferentes crenças e perspetivas aprendem, partilhando as suas ideologias umas com as outras.
Com o objetivo de promover uma maior tolerância entre as diferentes comunidades presentes na Europa e apoiar pessoas que estão comprometidas em diminuir preconceitos, discriminação, ódio ou violência com base em crenças religiosas, esta formação realiza-se através de várias etapas.
Depois de serem formados facilitadores, realizou-se a primeira formação local, que contou com a participação de 26 pessoas de variadas origens e percursos. Os participantes foram desafiados pelos facilitadores a refletir sobre a identidade pessoal e sobre as comunidades locais e globais em que estão inseridos, assim como a pensar sobre como podem contribuir para a correção dos problemas que identificam.
Com focos em diversas linhas de frente – crianças, comunidades ciganas, invisuais ou prisionais, entre outras – todos querem dar o seu contributo para que se possa melhorar a vida em comunidade, assumindo o compromisso de que irão pôr em prática estes novos conhecimentos. “Para mim a formação foi muito inspiradora, foi o momento em que eu comecei o meu Eu enquanto futura formadora. Aprendi muito com todos os membros e com as dinâmicas”, foi a afirmação de Júlia da Regina Sainda. Para Guilherme Meyers, outro dos 26 participantes, “o projeto é, para além de divertido, muito forte na união que criou e nas barreiras que quebrou, permitindo o conhecimento em dimensões muito especiais. Devia ser algo que todos deviam experimentar e seria ótimo tê-lo como um projeto nas universidades e escolas”.
Promovida pelo Alto Comissariado para as Migrações, coordenado pelo British Council e financiado pela Comissão Europeia, trata-se de uma parceria entre várias organizações de diversos países, nomeadamente Portugal, Reino Unido, Grécia, Holanda, Polónia e Alemanha. É uma iniciativa que possibilitará o contacto com os outros países, para que haja uma perceção do que já está a ser feito e daquilo que ainda poderá vir a ser realizado.
Está prevista uma segunda formação para o primeiro trimestre de 2019, à qual todos se poderão candidatar.
Revisto por Ana Roquete