Barbenheimer: um fenômeno cultural
Quando falamos no verão de 2023, em termos cinematográficos, de certeza que a nossa mente nos remete para duas das maiores estreias no cinema: Barbie e Oppenheimer. O título deste artigo é capaz de ser familiar, tendo em conta que o termo Barbenheimer andou a circular pelas redes sociais durante alguns meses, não só por terem sido dois filmes bastante mediatizados e por terem um elenco deveras conhecido, assim como realizadores de renome, mas também por estrearem no mesmo dia, 21 de julho, nos Estados Unidos.
Antes de passar para a explicação e análise do meme criado em torno destes dois filmes, é importante falar um pouco sobre cada um individualmente, principalmente para quem ainda não assistiu a nenhum deles.
O filme Barbie tem como protagonistas os atores Ryan Gosling, a interpretar Ken, e Margot Robbie no papel de Barbie. Além destes nomes, também fazem parte do elenco alguns atores e atrizes que habitualmente encontramos nas telas dos cinemas e nas plataformas de streaming, como por exemplo: America Ferrera, Will Ferrell, Kate McKinnon e Simu Liu. Realizado por Greta Gerwig, o enredo do filme gira em torno de dois mundos: Barbieland e o mundo real. Um aspeto bastante marcante desta obra cinematográfica foi o marketing envolvido: a estética cor-de-rosa, que cingiu parcerias com algumas marcas como o Airbnb, que apresentou a Casa de Sonhos da Barbie pronta a ser alugada, em Malibu, nos EUA. Além das parcerias, as redes sociais foram “infestadas” por uma corrente cor-de-rosa, pela hashtag #pinkforbarbie nas tendências e pelas frases “Hi, Barbie” e “Hi, Ken” a surgir por todo o lado, principalmente nos vídeos do Tiktok. O resultado de tudo isto ficou ainda mais claro quando apenas duas semanas depois de ter estreado nas salas dos cinemas, a longa-metragem atingiu um bilhão de dólares nas bilheteiras.
Já o filme Oppenheimer, realizado por Christopher Nolan, apresenta a história de Julius Robert Oppenheimer, o pai da bomba atómica, que desenvolve o Plano Manhattan. Com Cillian Murphy no papel de Julius e outros nomes de Hollywood, como Emily Blunt, Robert Downey Jr., Florence Pugh e Rami Malek, a dar vida a este thriller biográfico, a audiência rapidamente ficou interessada, alcançando as centenas de milhões de dólares nas bilheteiras. Ao contrário de Barbie, o marketing deste filme foi bastante low-key, de modo a representar um pouco o tema.
Estes dois filmes representam claramente tipos e temas cinematográficos completamente opostos. No entanto, o público conseguiu realizar uma fusão entre os dois, daí o termo Barbenheimer. Este fenómeno cultural rapidamente teve uma grande adesão nas redes sociais, especialmente na rede X, mais conhecida por Twitter, com a hashtag #Barbenheimer constantemente nas tendências e os posters, memes e merchandising a surgir cada vez mais.
Mesmo o elenco e realizadores de ambos os filmes aderiram a esta fusão ao partilhar fotografias durante a compra do bilhete para ver o filme concorrente, como divulgaram Margot Robbie e Greta Gerwig.
Não foram só os posters, os memes e o merchandising que fizeram parte deste fenómeno: também ocorreram momentos insólitos e indescritíveis.
Dias depois das estreias, uma produtora de filmes, Full Moon Features, anunciou a criação de um filme intitulado de Barbenheimer que prometia a fusão dos dois filmes num só e que estaria pronto até ao Natal de 2023 – no entanto, até hoje, a produtora não se pronunciou mais acerca do filme.
Um outro momento que se sucedeu num cinema na Índia foi o problema técnico na transmissão dos dois filmes que misturou as legendas: numa cena em que Cillian Murphy aparecia no papel de Oppenheimer, a legenda que surgia era “- Barbie! Estamos tão felizes por te ver.”
Apesar de toda a dinâmica de comédia que este meme trouxe, acabaram por existir alguns problemas, principalmente no Japão. Oppenheimer não iria ser transmitido nos cinemas devido ao tema que o filme trata, e quando a conta oficial do X de Barbie partilhou as criações feitas pelos fãs que envolviam a bomba atómica, a audiência japonesa não viu isso com agrado, até porque tudo isto coincidia com o 78.º aniversário dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki. A Warner Bros. Entertainment acabou por emitir um pedido de desculpas pelo “seu envolvimento insensível” e a conta oficial do X de Barbie apagou as publicações em questão.
Mesmo com esta controvérsia e momento mais frágil relativamente aos filmes, Barhenheimer foi um sucesso e demonstrou o poder de criatividade, não só das equipas de marketing das duas longa-metragens, mas também do público que se mostrou bastante envolvido e entregue a este movimento.
Fonte da capa: Squarespace
Revisto por Margarida Silva
AUTORIA
A Marta está no seu primeiro ano de licenciatura em jornalismo e viu na ESCS Magazine uma oportunidade para estender o seu gosto pela escrita, especialmente em temas como música e cinema e televisão já que é uma grande entusiasta da cultura pop e passa grande parte do seu tempo de fones ou agarrada ao computador a assistir sitcoms ou a period dramas.