Cinema e Televisão, Editorias

Burnt

Burnt (ou, em Português, À Procura de Uma Estrela) conta a história de um chef detentor de duas estrelas Michelin, que, após perder tudo o que tinha, procura, exatamente, a sua terceira estrela.

Encarnado por Bradley Cooper, Adam Jones, com o objetivo de abrir o seu próprio restaurante em Paris, chega a Londres para reconquistar o seu lugar ao sol, depois de um período conturbado por drogas e escolhas erradas. Assim, determinado a redimir-se, inicia o seu processo de desintoxicação e começa a liderar um restaurante de topo, conquistando, desde logo, o respeito de todos os que consigo cozinham. Adam destaca-se pela sua arrogância e por uma total ausência de modéstia, somando vários inimigos e arqui-inimigos. Porém, são essas características que tornam esta personagem ímpar, sendo mesmo a única que se destaca em toda a película.

666

Desde logo, Jones começa a partir corações (incluindo o do seu patrão). Mas é Helene, personagem interpretada por Sienna Miller, uma chef bela e lutadora, que conquista o coração mulherengo do consagrado Adam. As cenas românticas entre os dois são escassas e de curta duração, mas satisfatórias, o que não faz deste um casal-cliché.

Os momentos de tensão são uma constante ao longo de todo o filme: por um lado, temos um restaurante que prima pelo requinte e pela tranquilidade prestada aos seus clientes, mas atrás de cujas portas se instala o caos na cozinha, a fim de o produto final se distinguir pela perfeição; por outro lado, assistimos às situações em que Adam é forçado a encarar o passado e as consequências dos seus atos, deixando o espetador preso à cadeira.

888

De destacar também: os momentos de comédia, que inteligentemente se articulam em todo o drama da história; e a representação de Bradley Cooper, cujas cenas carregadas de emoção são desempenhadas sem qualquer erro a apontar. Na verdade, é o brilhantismo de Bradley Cooper e a personalidade sagaz e explosiva de Adam Jones que conferem a Burnt um carácter interessante aos olhos do espetador, pois a argumentação fica um pouco aquém do esperado. O divertido e expectante enredo que circula à volta da personagem principal é o que salva esta produção de John Wells de se tornar aborrecida e igual a tantas outras, pois os avanços e recuos na direção da trama são o que a apimentam.

Os cenários são deveras bem conseguidos, apresentando a face mais esplendente da capital inglesa. O mesmo acontece com os aprimorados pratos gourmet que vemos preparados (beleza tal, que, diga-se de passagem, até faria o coração doer de pena assim que lhes espetássemos o garfo).

Consideração final: não é aconselhável assistir a Burnt antes de jantar, sob risco de ficar com água na boca.