Coldplay levam a Coimbra música, sustentabilidade e inclusão
A banda britânica Coldplay, composta por Jonny Buckland, Guy Berryman, Will Champion e o vocalista Chris Martin, regressou a Portugal enchendo o Estádio Cidade de Coimbra em quatro noites de espetáculo da Music of the Spheres tour. A tour passou por Portugal nos dias 17, 18, 20 e 21 de maio e contou com um público de 200 mil pessoas ao longo dos quatro concertos que deram vida às noites da cidade de Coimbra. A banda pisou solo português pela terceira vez, tendo realizado concertos em 2000 e 2003, sendo a sua vinda já muito esperada pelos fãs ao fim de 20 anos. Os concertos em Portugal contaram com dois atos de abertura compostos pela cantora portuguesa Bárbara Bandeira, numa primeira parte, e pela cantora-compositora britânica Sarah Faith Griffiths, mais conhecida pelo seu nome artístico Griff, numa segunda parte. As duas artistas mantiveram-se como atos de abertura nos quatro concertos – escolha interessante, visto que normalmente os atos de abertura sofrem alterações consoante os dias de espetáculo. Os quatro dias de concerto foram um enorme sucesso e a banda deixou com certeza um marco muito positivo em todos os fãs que conseguiram comparecer ao evento.
Além do impacto que a banda tem a nível musical, os Coldplay destacam-se no mundo da música pela mensagem que transportam. A Music of the Spheres tour é sem dúvida um exemplo de que os Coldplay são mais do que um projeto musical. Na verdade, são um exemplo do que é possível fazer enquanto figuras públicas com poder de influência. Esta tour é, por isso, dotada de uma vertente muito própria tendo como temática a sustentabilidade e a inclusão. No que toca à primeira, a banda e toda a sua equipa procuraram realizar uma digressão o mais “amiga do ambiente” possível, reduzindo ao máximo a sua pegada ambiental. Desta forma, a tour é alimentada através de energias renováveis tanto ao nível dos equipamentos (luzes, palco), como dos próprios transportes utilizados pela banda, etc. Além disso, a banda fez parcerias com diversas associações tanto no que diz respeito à conservação florestal como animal, sendo que por cada bilhete vendido uma árvore era plantada. No caso dos concertos em Portugal, existiram plataformas em que o público poderia saltar, assim como bicicletas, permitindo gerar energia cinética que alimenta o palco para os seguintes concertos. As pulseiras usadas pelo público eram também feitas de materiais 100% recicláveis e, por sua vez, reutilizáveis de espetáculo em espetáculo – eram devolvidas pelo público no final de cada concerto. Neste sentido, os Coldplay mostram mais uma vez que, além da música, a banda pretende construir uma comunidade que assegure um mundo e futuro melhor dando o exemplo de que é possível fazer eventos desta escala de forma consciente.
No que toca aos concertos em si, falarei mais especificamente do último, e quarto dia de concerto, pois tive o privilégio de assistir ao mesmo. Dia 21 foi uma surpresa, tendo sofrido algumas alterações ao nível de setlist em relação aos três eventos anteriores. Em primeiro lugar, Bárbara Bandeira trouxe ao palco a fadista Carminho para a acompanhar no tema Onde vais e, ainda, Ivandro para o tema Como tu – artistas que voltaram a subir ao palco acompanhados por Chris Martin para cantar novamente Como Tu e no caso de Carminho a tão conhecida Balada da Despedida, assinalando um momento que uniu a música portuguesa e os britânicos Coldplay. O segundo ato de abertura, protagonizado por Griff, foi uma surpresa agradável, e a jovem cantora preencheu o palco com a sua voz única. Os Coldplay trouxeram ainda como convidados o grupo 5ª Punkada, uma banda da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, que fechou o último concerto realçando a vertente de inclusão da tour. Os quatro concertos foram descritos por muitos como uma “experiência mágica” e considero igualmente que os Coldplay foram capazes de montar um espetáculo sem igual, transformando cerca de duas horas em memórias inesquecíveis para os seus fãs. A equipa dos Coldplay fez uso de uma incrível acústica concedida pelo Estádio Cidade de Coimbra, que, aliado à utilização de fogo de artifício assim como de efeitos como luzes e lasers, tornaram os concertos em Coimbra verdadeiros festivais – não podendo esquecer a energia contagiante da banda, que não deixou ficar sentadas cerca de 50 mil pessoas presentes.
Como fã dos Coldplay e amante de música no geral, ter assistido a um concerto desta dimensão foi uma experiência única, principalmente por ter a oportunidade de testemunhar ao vivo a comunidade construída pela banda que reuniu tanto mais velhos como mais novos num só local em nome da música, para ouvir temas que marcaram várias gerações assim como a própria indústria.
Fonte da capa: Blitz, Rita Carmo
Artigo revisto por Inês Gonçalves
AUTORIA
Quando era mais nova Carolina descobriu o interesse pelas histórias e ao crescer dedicou-se à escrita como uma forma de processar a sua realidade. Não vive sem a música e tem uma playlist para todos os momentos e moods. Encontrou na Publicidade e Marketing a sua vocação e no futuro espera unir o seu amor pela escrita ao design e ao digital. Agora passa os seus dias a explorar os seus interesses como a leitura, a pintura, a moda e obviamente a música.