Música

Eurovisão histórica com a (segunda) vitória de Loreen

A 67.ª edição do Festival Eurovisão da Canção aconteceu no passado dia 13 de maio, na cidade britânica de Liverpool, no Reino Unido. Como os fãs assíduos do evento sabem, e também os telespectadores casuais que assistiram à grande final do ano passado em Itália, a Ucrânia sagrou-se campeã pela terceira vez com a canção Stefania, dos Kalush Orchestra, e, assim, conquistou o direito de organizar a edição de 2023. No entanto, devido à guerra que ainda se faz sentir no país, a União Europeia de Radiodifusão concluiu que não era seguro organizar um evento de tão grande escala no país vencedor, oferecendo a honra ao segundo classificado – o Reino Unido. Já desde 1998 que os britânicos não conseguiam alcançar a medalha de prata, mas foi com Space Man, de Sam Ryder, que a sorte mudou para um dos maiores polos fonográficos não só da Europa, como do mundo. Depois de meses de especulação, a cidade natal dos The Beatles foi anunciada como a anfitriã do evento, e estava tudo pronto para o espetáculo que une todo um continente começar.

Caras conhecidas e estreantes entre os favoritos

Com o mês de maio a terminar, já eram conhecidas todas as 37 canções escolhidas pelos países que decidiram participar na edição de 2023 da Eurovisão. Com três baixas em comparação ao ano passado (com a Bulgária, Montenegro e Macedónia do Norte de saída devido a problemas financeiros), os artistas e as suas respetivas canções estavam preparados para mostrar o seu valor para toda a Europa. Neste lote de participantes, algumas caras eram já conhecidas daqueles que acompanham o Festival: Loreen, da Suécia, vencedora da competição em 2012 com Euphoria; Pasha Parfeni, da Moldávia, outra cara conhecida da edição de 2012 em Baku; Marco Mengoni, da Itália, que conquistou um top 10 respeitável há dez anos; Monika Linkytė, da Lituânia, que participa agora a solo depois de ter representado o seu país em 2015 com Vaidas Baumila; e até mesmo Iru, da Geórgia, que venceu o Festival Eurovisão da Canção Júnior de 2011 com o grupo Candy.

A presença incontornável de Loreen, uma campeã respeitada na comunidade da Eurovisão, fez com que a sua canção, Tattoo, se tornasse automaticamente a favorita à vitória nas famosas casas de apostas. Apesar de não serem completamente fiáveis, as casas de apostas geralmente apontam na direção certa quando se trata dos favoritos. E é aqui que surge o outro grande favorito, que protagonizou uma verdadeira two-horse race com Loreen durante todo o desenrolar desta edição: Käärijä com a sua Cha Cha Cha, a representar a Finlândia. Desde o momento em que ambas as canções foram escolhidas que não se previa outro resultado para esta edição: ou viajávamos para a Suécia em 2024, ou para a Finlândia. Israel não se deixou ficar atrás na luta, e a estação pública KAN escolheu, internamente, Noa Kirel – nada mais nada menos que a maior pop star no país atualmente – para representar o país. O espetáculo estava prestes a começar.

Noa Kirel a apresentar-se com “Unicorn” em Liverpool.
Fonte: The Times of Israel.

Os desempenhos nas Semifinais

As semifinais decorreram nos dias 9 e 11 de maio e, este ano, tiveram alterações nas regras de votações: apenas o voto do público conta e, além disso, pessoas a assistir à competição a partir de países que não estão a concorrer podem também votar – o que abriu a possibilidade de espectadores fora da Europa  terem voz nos resultados do Festival.

Käärijä no ensaio da primeira semifinal – “Cha Cha Cha” ganha vida no palco da Eurovisão.
Fonte: Eurovision Song Contest.

Na primeira semifinal, os países qualificados não geraram grande surpresa, dado que esta era uma semifinal bastante previsível tendo em conta o lote de participantes, decidido previamente por sorteio. Os grandes favoritos ao título (Suécia e Finlândia) avançaram com facilidade, acompanhados de países como Portugal, que, com Ai Coração, de Mimicat, conseguiu a terceira qualificação consecutiva (algo que não acontecia desde o período entre 2008 e 2010). Já na segunda semifinal, tendo em conta que o campo era bastante mais aberto e cheio de possibilidades, alguns favoritos dos fãs acabaram por ficar para trás – como foi o caso da Geórgia e da Islândia. 

Uma final de surpresas e emoções fortes

Com a chegada da grande final, as previsões continuavam a apontar para uma vitória nórdica – seja da Suécia ou da Finlândia. Após as 26 atuações, o momento da votação tinha chegado com o anúncio das pontuações dos diversos júris nacionais. Tattoo, de Loreen, foi, sem sombra de dúvidas, a grande favorita desta metade das votações, conquistando 340 pontos dos júris nacionais e levando um avanço de mais de 160 pontos da segunda classificada, Israel. Com o voto do público, tudo podia mudar. E, como era esperado, a Finlândia foi a grande favorita dos telespectadores, conquistando o voto popular com uma distância de 130 pontos. No entanto, não tinha sido o suficiente, e a Suécia conquistava a sua sétima vitória na Eurovisão, igualando o recorde da Irlanda em número de mais vitórias. 

Loreen sagrou-se vitoriosa pela segunda vez, e torna-se assim a primeira mulher a ganhar mais do que uma edição do Festival. Além do mais, é apenas a segunda intérprete de sempre a conseguir tal feito, após Johnny Logan ter ganhado pela Irlanda em 1980 e 1987. Com a vitória da sueca, a Eurovisão retorna para o ano ao norte da Europa após quase 10 anos, e a Suécia irá organizar o Festival pela sétima vez na história, cinquenta anos após a sua primeira vitória com a Waterloo dos ABBA. 

Fonte da capa: The New York Times

Artigo revisto por Inês Moutinho

AUTORIA

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A escrita e a música sempre estiveram presentes na vida de Bruno. Assim sendo, sempre foi hábito associar as duas paixões e conjugá-las numa só, e a ESCS Magazine foi o propósito perfeito para o fazer. Entrou como redator de Música em 2022, e após um ano, aceitou o desafio de ser o editor no mesmo ramo.