Literatura

 Como a Literatura é Usada Como Ferramenta de Resistência- parte 2

Na primeira parte do artigo, abordou-se a importância da literatura para conscientizar as pessoas, social e politicamente. Nesta segunda parte, vamos entrar mais a fundo no contexto histórico.

Durante a história, houve vários momentos marcantes em que a literatura teve bastante impacto. 

Um desses momentos foi a era do abolicionismo, um movimento político que visava a abolição da escravatura e do comércio de escravos. Livros que incorporam esta ideologia não só mostram a brutalidade e a desumanidade que estava presente na escravidão, chegando mesmo a mostrar o dia-a-dia de certos escravos, como também invocam empatia por parte dos leitores, influenciando-os a ser contra esta prática. 

O poder da literatura mostrou-se também bastante relevante nos movimentos feministas, que se referem a uma série de movimentos sociais e campanhas políticas para pôr fim a problemas que as mulheres enfrentam, criados pelas desigualdades de género. Livros que abordaram este tópico examinaram detalhadamente as limitações e constrangimentos impostos às mulheres em sociedades patriarcais. Ao rejeitarem a natureza opressora dos papéis sociais atribuídos a cada género e defenderem a autonomia da mulher, estes livros tornaram-se a fundação do ativismo feminista.

Apesar da grande importância destes dois exemplos, a influência da literatura vai muito além disso, estando mesmo presente nos dias atuais. Com os avanços tecnológicos, a acessibilidade à literatura tem crescido cada vez mais, envolvendo os públicos em histórias que promovem movimentos sociais. 

Atualmente, as vozes oprimidas já encontram espaços cada vez mais diversos para falarem sobre as suas experiências e histórias, para assim serem ouvidas e partilhadas. 

Depois de recomendar livros que têm como objetivo conscientizar as pessoas na primeira parte, aqui ficam mais algumas recomendações para os mais curiosos. 

Fonte: Wook

O Quarto de Giovanni é um romance do escritor norte-americano James Baldwin. A obra foca-se na vida de um homem norte-americano que vive em Paris e naquilo que sente em relação às suas relações amorosas com outros homens. O livro destaca um bartender italiano, Giovanni, que a personagem principal conheceu num bar gay. No entanto, apesar de o norte-americano ter relacionamentos com outros homens, ainda se encontra noivo de uma norte-americana que está a viajar por Espanha. 

Fontr: Wook

Irmã Marginal é um conjunto de ensaios e discursos da escritora norte-americana Audre Lorde. A obra foca-se nas características da autora, mais especificamente em como é ser uma mulher preta, lésbica, poeta, ativista, sobrevivente de cancro, mãe e feminista. O livro explica as diferentes formas como a autora foi discriminada e o quão complexa se tornou a sua  personalidade. Audre Lorde também escreve sobre a marginalização generalizada, profundamente enraizada no sistema patriarcal branco dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que transmite esperança aos seus leitores.

Fonte: Wook

Americanah é um romance da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. A obra centra-se na história da jovem nigeriana Ifemelu, que emigra para os EUA para fins académicos. O livro aborda a vida da personagem nos dois países, bem como o romance da personagem com Obinze, um colega do ensino secundário. É nos EUA que Ifemelu descobre o que é ser uma pessoa preta e o racismo que segue essa designação, documentando as suas experiências no seu blog. 

Fonte: Wook

As Veias Abertas da América Latina é uma crónica do escritor uruguaio Eduardo Galeano. A obra foca-se na história da América Latina desde a colonização europeia. A obra aborda temas como a exploração económica e a dominação política que a região sofre, tanto pelos europeus como pelos norte-americanos, bem como as suas consequências.  

Resumidamente, a literatura continua a ter um papel bastante importante nos movimentos sociais contemporâneos, por abordar temas como aquecimento global, direitos LGBTQI+ , direitos de imigrantes e refugiados. A escrita sobre estes movimentos permite não só informar as pessoas como também aumentar a empatia dos leitores e inspirá-los a ter um certo tipo de ação. 

Artigo revisto por Miguel Costa

Fonte da imagem de capa: Comunidade Cultura e Arte