MULHER, USA A CONFIANÇA QUE HÁ EM TI
Tema tão banal porém tão pouco retratado. Falamos de confiança como se fosse a coisa mais simples de obter. No entanto, todos passamos por um processo doloroso para a manter. A construção da nossa confiança é uma batalha como mulheres, num mundo que nos coloca a necessidade de perfeição.
Temos de entender de uma vez por todas que o poder reside em nós e na forma como nos apresentamos no mundo. O que o mundo dita acerca do que somos é apenas a opinião do mundo e não a nossa realidade, coisa que construímos com coração e alma. No entanto, não vale a pena fazer aqui um discurso da simplicidade do amor próprio, porque não o é, por mais fortes que sejamos. Mas, podemos sim arranjar estratégias para conseguirmos retirar de nós o máximo potencial (e vermos o nosso poder que até então desconhecíamos)!
NÃO TE ESQUEÇAS: A CONFIANÇA É UM PROCESSO (QUE DEMORA)!
É um processo, que feito de forma consistente e persistente, permite que cheguemos a lugares que nunca pensaríamos.
Principalmente na adolescência, este conceito é dificilmente aplicado na vida e no dia a dia, pois lutamos contra nós mesmas pela dificuldade de entender que nem tudo é tão perfeito como retratado nos media e, em particular, nas redes sociais. Aliás, estamos a falar de anos de mudanças no nosso corpo, em que o acne aparece, o corpo passa por transformações que nos afetam, os nossos sentimentos estão à flor da pele e a confusão reside na nossa mente. Isto dificulta o processo de desenvolvimento pessoal, que pode começar (e deve) quanto mais novos somos.
Mas, na verdade, na maturidade reside a verdadeira confiança, que não se trata simplesmente na parte física do conceito, mas sim no todo. Confiança na mulher que estamos a construir em termos físicos e psicológicos. Acredito que, de facto, temos de nos preocupar com os dois. Apenas temos um corpo em que habitamos, logo a saúde é crucial. Assim como a saúde mental, que, no fundo, acaba por afetar a nossa estabilidade física. No entanto, sabemos que essa parte mental é extremamente mais complexa. Exige de nós mudanças radicais e uma assertividade nas pessoas que queremos ser e pelo qual lutamos todos os dias para atingir.
AFASTA-TE E DESCOBRE-TE
Como mulheres, muitas vezes sabemos como situações como relações tóxicas, traições, uns quilinhos a mais, uns pêlos encravados podem afetar a nossa estabilidade. Quem diz que não apenas recusa-se a enfrentar o problema. É começar a questionar: “porquê? Porque é que ajo assim? Porque é que coloco o meu valor naquilo ou naquela pessoa?”. Quando questionamos e estamos dispostas a nos afastarmos de tudo aquilo que não nos acrescenta, sabemos que estamos prontas para uma jornada incrível, onde a paz reside e a confiança floresce.
Por isso, a melhor maneira de descobrirmos o potencial que há em nós é analisarmos a nossa vida até ao momento e afastarmo-nos das superficialidades do mundo que nos rodeia. Já tentaste desligar a conta do Instagram durante uma semana? Já te afastaste daquela amiga que faz comentários desagradáveis sobre o teu aspeto? Já acabaste aquela relação em que a pessoa te inferioriza intelectualmente? Bem, está na hora. É doloroso, mas digo por experiência que a compensação a longo prazo é mais benéfica. Custe o que custar, o que importa é sabermos que tomamos aquela escolha por uma questão de valorização própria. Afinal, a colocação de limites perante o acesso que damos às pessoas é um sinal de que os nossos padrões são elevados (e assim o devem sempre ser), pois confiança nasce do entendimento daquilo que merecemos devido à qualidade da pessoa que somos.
CONSTRÓI VALORES E REINVENTA-TE
A pressão que sentimos por pertencer a determinado grupo ou estatuto num espaço, sem refletir se os nossos valores e crenças encaixam sequer com os outros, é um problema com que todas nos deparamos em algum momento da nossa vida. Não nego que por vezes nós tenhamos que nos adaptar, mas há algo que deve permanecer intáctil: os valores que defendemos.
A única maneira de sermos verdadeiramente confiantes nas pessoas que somos e que estamos a construir reside na noção do nosso valor intrínseco e naquilo que cremos, defendemos e pelo que vivemos. Aqui entram vários tipos de valores, sejam religiosos, sejam políticos, sejam no âmbito dos direitos humanos, sejam hábitos, como vivemos e como esperamos viver até aos nossos últimos dias. A partir do momento em que começamos a definir como nos posicionamos e o que devemos ou não aceitar nas nossas vidas, é meio caminho andado para a sensação de paz, por que todas ansiamos.
Para tal, temos de nos reinventar e a maneira como também reagimos ao que nos é exterior. Essa confiança que iremos desenvolver permite lidarmos de maneira diferente com as mudanças, a rejeição, seja amorosa, seja profissional, seja nas amizades, que nos permite viver uma vida mais equilibrada (sem aqueles altos e baixos que podem danificar-nos por muito tempo). Afinal, sofrer faz parte da vida. Mas quando ganhamos outro tipo de confiança, a dor passa a ser relativa e tem menos capacidade de nos afetar. E como iniciar? Passa tempo contigo!
Confiança não nasce nos outros, nasce com o conhecimento de quem somos. Para sabermos quem somos, temos de passar horas, dias, meses sozinhas a refletir sobre o que encaixa e o que não. Vemos mulheres que idealizam casar, outras não, ter filhos, outras não e nada disso tira o sucesso ou confiança da mulher. Mas, para tomar essas decisões conscientes, é importante educar-nos. Sim, educar-nos, até para assertividade nos valores que defendemos em vez de irmos atrás do que é esperado pela sociedade e que pode nem nos satisfazer. Ler, visitar sítios, conhecer pessoas, estudar é exatamente o que uma mulher pode fazer para começar uma jornada incrível na construção da mulher incrível que pode ser.
Não somos o melhor de nós 24 horas por dia e isso é normal! Não temos de estar sempre no ponto ou estar a viajar pelo mundo ou a sair todos os dias. Não somos de ferro e não temos de ser. O descanso e o tempo são cruciais para deixar a vida fluir de forma a que sejamos verdadeiramente livres.
SER CONFIANTE É LIBERDADE
O mundo tenta dizer como nos devemos vestir, o penteado que devemos usar, como devemos agir, tenta sim. Mas cabe a nós mesmas bloquear essa energia e não deixarmos que nos domine. A nossa opinião deve ser superior a qualquer opinião externa e isso não é falta de respeito, pelo contrário, é entender que somos a nossa própria fonte de inspiração e de confiança.
Não somos camaleões e a adaptação a diferentes pessoas não deve ser no sentido de mudar totalmente quem somos. É sim compreensível que não sejamos os mesmos com os nossos amigos como vamos ser no ambiente de trabalho. Mas há que entender que mudar a nossa forma de pensar mostra até insegurança nas nossas crenças. Confiança vem de dentro, que se exterioriza para o mundo, criando uma imagem poderosa da mulher poderosa que há em todas nós.
A verdade é que muitas vezes vemos ou já passamos por situações em que um pequeno comentário nos abalou completamente, ao invés de transformarmos isso numa força. É óbvio que temos de aceitar críticas, mas só as realmente construtivas, de pessoas com valor para referir essas dicas.
Deixo um lembrete: não deixes, jamais, alguém determinar o teu valor por ti. Olha para o espelho, relembra essa mulher de força e de garra que ela tem e vai lá enfrentar esse mundo louco!
Fonte da capa: Thrive Global
Artigo revisto por: Miguel Tomás
AUTORIA
Patrícia tem 19 anos e veio do Norte. Criada numa aldeia, desenvolveu um amor pela natureza e animais. Estuda Publicidade e Marketing e pretende trabalhar junto de organizações humanitárias. Mudou-se para Lisboa, mas nunca se esquece do seu Porto. Adora dançar, ler e ouvir clássicos de música. Sempre que pode, anda pelas ruas pronta para explorar algo novo e tirar fotos a cada detalhe artístico.