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Confrontos entre polícia turca e manifestantes após o Governo ter controlado o maior jornal do país

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Várias pessoas consideraram o controlo do jornal turco Zaman um atentado à independência e à liberdade de imprensa do país

As agitações e as tensões sociais agravam-se na Turquia após o Governo ter colocado sob controlo o jornal Zaman, o mais vendido do país, com uma circulação de quase 650 mil exemplares. Depois de a decisão ter sido anunciada, várias pessoas foram para as portas do jornal mostrar o seu descontentamento, afirmando que foi um “boicote à liberdade de imprensa” do país. 
Mas a manifestação foi travada pela ação da política turca, que não hesitou em utilizar gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar cerca de 500 protestantes concentrados em Istambul, esta manhã.

“Tem sido habitual nos últimos três, quatro anos, que quem fala contra as políticas do Governo tenha de enfrentar casos judiciais ou a prisão, ou passar a ser controlado pelo próprio”, disse Abdullhamit Bilici, editor executivo do jornal. “É um período negro para o nosso país e para a nossa democracia”, continuou.

Segundo vários procuradores do Ministério Público, Zaman (e as suas filiais) era acusado de promover e ajudar uma “organização terrorista” (de acordo com o presidente turco). Em outras informações, o jornal poderá ter ligações a um movimento liderado pelo clérigo muçulmano Fethullah Gulen, opositor político do presidente Recep Tayyip Erdogan, agora a residir nos Estados Unidos da América.

Contudo, o jornal publicou hoje uma edição a denunciar um “dia de vergonha” para a liberdade de imprensa na Turquia: “a Constituição está suspensa”, lê-se na manchete.

Para os jornalistas do Zaman, esta ação contra o periódico faz parte de uma perseguição “aberta aos média” que resistem a fazer propaganda ao regime. “O Governo tem vindo a praticar uma ampla caça às bruxas. (…) Declarou, assim, que vão fazê-lo e que estão a executar uma ampla caça às bruxas contra os adversários”, comentou a editora chefe, Sevgi Akarçeşme.

Por sua vez, a União Europeia e os Estados Unidos já se proclamaram sobre esta situação, afirmando que estão “profundamente preocupados” com a liberdade de imprensa turca, juntamente com o estado do país em geral.