Da Comunicação à Música é só um Pulinho
Comunicação e música. Como conseguem dois conceitos tão distintos tornar-se incrivelmente unidos e indissociáveis? A escstunis, em parceria com a ESCS MAGAZINE, procurou responder a esta questão no passado dia 14 de dezembro, numa conversa incluída na celebração do vigésimo segundo aniversário da tuna da Escola Superior de Comunicação Social.
Um painel composto por quatro oradores com um passado (e presente) escsiano que se aventuraram pelo mundo da música; rapidamente estabeleceu-se uma analogia entre a música e a comunicação. O gosto por esta expressão artística começou antes da passagem para o ensino superior, contudo, quis o destino que entrassem para o mundo da comunicação social. Foi, para a generalidade, um risco. Mas compensou. As suas vivências neste meio permitem auxiliar os seus atuais projetos musicais e ainda abrem portas a desafios diferentes, no futuro.
Para Joana Rodrigues, ex-aluna que se licenciou em Jornalismo e em Audiovisual e Multimédia, o facto de ter conseguido aliar o gosto pelas duas áreas acabou mesmo por dar origem ao seu atual projeto. É o Música para os Meus Olhos, onde transpõe para o campo da visão músicas cujas letras ficam presas na nossa cabeça.
Já Joana Komorebi, recém-licenciada em Audiovisual e Multimédia e pertencente à banda Galgo, disse que, apesar de comunicação nunca ter sido a sua primeira escolha, acabou por ser uma boa alternativa à musica, obtendo novas e variadas competências. Uma escolha arriscada, mas acertada porque a comunicação, segundo as suas palavras, “veio colmatar uma falha de segurança e confiança pois, em Portugal, viver da música é um risco.”
O conjunto de oradores, entre os quais também se incluíam Miguel Moura, estudante do terceiro ano de RPCE, membro dos The Pilinha, e Enoque, licenciado em Publicidade e Marketing, que recentemente lançou uma carreira a solo após trabalhar com os HMB, esteve de acordo quanto à questão da influência da aprendizagem de comunicação nos seus projetos. Seja saber como comunicar para os fãs a partir das redes sociais, produzir conteúdo ou ter pensamento estratégico coerente, os conceitos adquiridos na ESCS revelam-se primordiais no modo como comunicam ou gerem o seu trabalho musical.
Mas se, por um lado, a comunicação tem um impacto positivo e importante na música, será que, por outro, é possível conciliar as duas coisas ao mesmo tempo? “É perfeitamente possível. Como nada é certo hoje em dia, portanto, dá para fazer muitas coisas ao mesmo tempo,” afirma Enoque. O restante painel partilha um pouco da mesma opinião. Com licenciaturas feitas, ou praticamente concluídas, consideram que estas especializações figuram-se preponderantes para os seus futuros, servindo de alicerce principal de subsistência, dada a instabilidade do meio musical, um ponto muitas vezes mencionado no decurso da conversa.
A incompatibilidade de ambas, portanto, não existe. “Os escsianos sabem bem isso e aprendem que dá para fazer mil e uma coisas e retirar outras mil e uma coisas dessas mil e umas coisas,” enalteceu Joana Komorebi. Há sempre tempo para fazer aquilo de que mais gostamos realmente, e é fundamental que música e comunicação consigam co-existir e criar sinergias conjuntamente. As suas semelhanças, apesar de não evidentes à primeira vista, estão bem patentes e revelam a relação de interdependência entre a comunicação e a música.
Dificuldades, estas existem sempre em qualquer projeto, seja de que área for. Na música, em especial, estão sempre presentes, pelo que não escapou à conversa. Em grande parte das ocasiões, a falta de conhecimento de como comunicar coerentemente acaba por ser o maior problema. Ainda mais relacionado com aqueles que se aventuram pelos palcos, arranjar concertos, dinheiro para investir ou pessoas para ouvir são alguns dos inúmeros exemplos de obstáculos que existem. Mas qual o remédio para contornar estes embaraços? “Persistência e paciência,” segundo Miguel Moura, ele que acabou por levar os The Pilinha a atuar ao vivo no 5 Para a Meia Noite, após ter insistido e enchido a caixa de mensagens de Filomena Cautela, apresentadora do talkshow da RTP, até que esta lhes respondesse ao e-mail enviado.
É, portanto, evidente a possibilidade de ser bem-sucedido em comunicação e música simultaneamente. Todavia, terá a passagem pela ESCS contribuído para a melhor formação dos quatro oradores nestas áreas? No espaço reservado a questões do público, os convidados esclareceram esta importância.
A aquisição de ferramentas e competências a nível prático ao longo do curso trouxeram sucesso acrescido aos projetos, mas houve ainda um aspeto de relevância a ser realçado por Joana Komorebi – o aprender a falar com muitas pessoas. “A ESCS é uma instituição mais pequena comparada com outras universidades. Aqui, a tagarelice é constante. Há muita conversa e comunicação com os mais próximos, o que nos permite aprender a comunicar com quem está do outro lado.”
Apesar da imensa interação, há algo que um escsiano aprende a nunca dizer – que não tem tempo. Foi exactamente o que a sempre atarefada Joana Rodrigues salientou. Enaltecendo as inúmeras atividades e trabalhos que os alunos da escola fazem, considerou que isso lhes permite consolidar uma sólida capacidade de multi-tasking, preponderante, mais tarde, nas suas vidas profissionais.
Finda a sessão, ficou no ar a certeza e confirmação da premissa desta conversa. Sem comunicação não pode haver música e a música torna-se num dos mais puros e honestos modos de expressar pensamentos, comunicar com terceiros. E nada melhor que o demonstrar enquanto se celebra o que há de mais musical numa escola de comunicação.
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