Artes Visuais e Performativas, Editorias

Diálogo Ping Pong – ChinAware

A China é uma das maiores potências mundiais. Achamos que já sabemos tudo, ou quase tudo, sobre este país, que se impregnou no nosso dia a dia, na cultura ocidental e na nossa economia. Sim, “impregnar” porque, infelizmente, julgamos o “Made in China”. Julgamos a produção em massa, os “estranhos” costumes, os olhos em bico, os Rs que se tornam Ls. Julgamos incorretamente sabendo pouco ou nada. No entanto há quem não esqueça os inúmeros contributos da cultura chinesa, que residem, mais do que no presente, no passado.

Assim como um dragão que passou no Museu do Oriente, BrunoMMCarvalho deixa a ouro branco ChinAware (Design de porcelana na China Comtemporânea) contando com dez projetos distintos unidos pela fragilidade das peças de cerâmica.

art-chinaware-ana-alexandra-lima-16-de-outubro-imagem-corpo-1Postal entregue ao artista

Nesta redescoberta ao Oriente, vemos cada peça como uma história diferente, cada uma modelada à mão, modelada por uma inspiração – resultando em peças do quotidiano chinês, como vasos, taças e carpas, dispostas na sala de modo a distinguir o tipo de análise feita.
À entrada e a meio da exposição deparamo-nos com dois vasos na horizontal de quatro metros (The great vases) e, tal como na leitura de uma imagem, o passado encontra-se à direita destas obras e à esquerda o presente.

O presente reúne obras como Out of balance, One Jar Two Cups, Bowls Table, Coal Porcelain, que traduzem uma crítica mordaz à sobrepopulação, à assimetria, à poluição e à era da tecnologia. Esta última, transmitida pelo único elemento vivo da exposição – duas carpas num aquário em constante agitação – uma analogia com os inúmeros estímulos a que estamos continuamente expostos.

art-chinaware-ana-alexandra-lima-16-de-outubro-imagem-corpo-2Bowls Table

Já o passado encontra-se no poder de recriação e transformação, tanto de um método, como de um conceito. Nos projetos Imperial Marker, Dragon Marker, Pleasure Cups, Barbowls e ClassBowls sente-se a comunhão entre os costumes e tradições e a perspetiva do artista relativamente a problemas, não tanto globais como os descritos anteriormente, mas a questões socioculturais. Nasceram assim projetos em que vemos taças de porcelana, cujas bases são conjuntos de pauzinhos de bambú com várias alturas, mostrando que quando a globalização já chega à mesa, com o tempo, apenas os de origem e vivências mais humildes mantêm as taças próximas do rosto (Classbowls); ou como o brio e excelência não se limitam a técnicas ancestrais e o errado por vezes é o certo, através de Imperial Marker e Dragon Marker.

art-chinaware-ana-alexandra-lima-16-de-outubro-imagem-corpo-3Imagem de Imperial Marker Set, Museu do Oriente

É neste registo, de um incessante diálogo entre a tradição e o moderno, a arte ancestral e o design, a massificação e a singularidade, que podemos encontrar esta exposição no Museu do Oriente; num conceito ping pong, ficamos mais consciencializados da mercadoria da China*.

A exposição está disponível até ao dia 27 de novembro e podes aproveitar o horário de entrada gratuita às sextas das 18h às 22h.
Nos outros dias, entre as 10h e as 18h, tens o bilhete de estudante a 2,50€ e o normal a 6€, que incluem a visita a todo o museu.