Dog Day Afternoon (Um Dia de Cão) (1975)
Este mês continuo a abordar a carreira de Al Pacino e para tal escolhi um dos filmes que o ajudaram a cimentar a sua posição em Hollywood: Dog Day Afternoon ou Um Dia de Cão na versão portuguesa.
Este filme é a prova cinematográfica de que, tal como a Lei de Murphy prevê, “qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível e da pior forma possível “, sendo que a obra de Sidney Lumet facilmente se estabeleceu como um dos filmes de culto da década de setenta do século passado.
O filme baseia-se em factos verídicos e usa como ponto de partida o artigo “The Boys in the Bank” do jornalista P. F. Kluge, publicado no New York Daily News, sobre o assalto ocorrido no bairro de Brooklyn, em Nova Iorque, no dia 22 de agosto de 1972.
John Wojtowicz é a personagem principal deste filme (protagonizado por Al Pacino e com o nome fictício, no filme, Sonny Wortzik); ao seu lado para efetuar este simples assalto a um pequeno banco de Brooklyn conta com Salvatore “Sal” Naturale (protagonizado por John Cazale com quem Al Pacino já havia contracenado na saga The Godfather).
O plano era simples: entrar no banco fortemente armados, obrigar o gerente a abrir o cofre e levar todo o dinheiro, tudo isto em apenas dez minutos. No entanto, logo no início, tudo começa a correr mal: para começar, o condutor de fuga após o início do golpe decide desistir e deixa Sonny e Sal completamente sozinhos no banco.
Apesar de não haver qualquer resistência da parte dos funcionários, desde cedo que duas coisas se destacam: Sonny é o “calmo” do grupo, o “cérebro” da operação, já Sal é o típico assaltante nervoso que ferve em pouca água; para além disto, e apesar das tentativas de não dar nas vistas, a polícia é alertada por um funcionário da loja em frente ao banco.
Assim, Sonny depressa se vê em conversas com os negociadores da polícia que, manietados pelos acontecimentos ocorridos na prisão de Attica (onde uma rebelião de presos foi fortemente reprimida, o que causou críticas na imprensa) uns meses antes e por uma opinião pública estranhamente favorável aos criminosos, acabam por aceder a muitos dos pedidos dos dois tresloucados criminosos.
Ao longo do filme vamos vendo o escalar de tensões de parte a parte, a forma como Sonny perde o controlo que pensava ter sobre a situação (a partir do momento em que o FBI toma conta das operações) e descobrimos o motivo pelo qual Sonny, um até então pacato pai de família, decidiu invadir um banco naquela tarde quente de agosto. Podemos ainda assistir à crescente simpatia dos sequestrados para com os sequestradores – um típico exemplo de síndrome de Estocolmo.
Quanto ao protagonista deste filme, Al Pacino, a falta de adjetivos para descrever a sua performance é o melhor elogio que se lhe pode fazer, pois uma vez mais arrebata o espectador com uma interpretação de luxo e prova o porquê de ser um dos maiores nomes do cinema
Mas afinal de contas porque é que Sonny decidiu assaltar o banco? Essa é uma pergunta à qual não responderei neste artigo, pois aconselho vivamente o visionamento desta obra-prima do cinema, que venceu o Óscar de melhor argumento original e que esteve ainda nomeado para os prémios de melhor ator principal (Al Pacino), melhor ator secundário (John Cazale), melhor realizador, entre outros prémios.