Cinema e Televisão

Dois Homens e um Destino (1969)

O filme acerca do qual decidi escrever este mês surge nas minhas memórias de uma forma algo curiosa. Ao contrário do que é habitual, conheci este filme muitos anos antes de ter oportunidade de o ver (algo que, honestamente, só consegui fazer no mês passado) e depressa criei uma enorme expectativa à volta da ideia de o poder visionar.
E porquê? Porque desde a primeira vez que ouvi a música que o eternizou (Raindrops Keep Falling on My Head, de B. J. Thomas) numa simples frutaria na Avenida de Roma, num feriado chuvoso e nada convidativo, que nunca mais a consegui tirar da cabeça.
Assim sendo, mal pude ver o filme, foi com altas expectativas que o fiz e, para ser honesto, ao contrário do que costuma ser habitual, este não me defraudou.
Realizado por George Roy Hill e lançado nas salas de cinema no já longínquo ano de 1969, Dois Homens e um Destino (Butch Cassidy and the Sundance Kid no título original) marca uma era do cinema. Vencedor de quatro óscares da academia e nomeado para outros três, o filme foi um dos mais populares do cinema Americano na viragem dos anos 60 para os 70.
Os protagonistas, esses, eram já nomes consagrados e muito conhecidos do grande ecrã à época. Butch Cassidy era protagonizado por Paul Newman e o famoso The Sundance Kid foi encarnado por Robert Redford.
Em relação à história em si, o filme de George Roy Hill conta-nos a história (verídica) dos últimos anos de atividade de dois dos maiores e mais famosos foras da lei do “Velho Oeste”.
Neste filme somos levados até a uma fase de mudança no Oeste americano, vemos como estes dois bandidos veteranos lutam para se inserir numa sociedade que avançou e evoluiu para uma era em que os assaltos a comboios, bancos e afins não eram nem podiam mais ser algo habitual no dia a dia das populações.
Assim, vamos vendo como Butch Cassidy e The Sundance Kid enfrentam a voracidade dos tempos, tentando até tornar-se “honestos”, numa tentativa de afastarem o cerco cada vez maior que lhes era movido pelas autoridades.
No fundo, o que o filme nos apresenta é uma luta de eras, e a tentativa de dois homens, sozinhos, manterem um estilo de vida desatualizado. Ao mesmo tempo vamos sendo presenteados com cenas ternurentas, que nos levam até a simpatizar com as personagens (mesmo sabendo que foram dos homens mais procurados da américa no seu tempo).
De todas as cenas mais ternurentas do filme não posso deixar de destacar a famosa cena em que Paul Newman anda de bicicleta com Katharine Ross (que encarna a companheira do The Sundance Kid) ao som da música de Burt Bacharach. Há ainda cenas hilariantes da tentativa de adaptação dos dois foras-da-lei a uma nova realidade e até a um novo país.
O filme dá-nos ainda um vislumbre para as dificuldades que se enfrentam quando se tenta sair da vida criminal e estas são intemporais.
Em relação aos desempenhos dos protagonistas, estes são exemplificativos do porquê de quer Paul Newman quer Robert Redford terem alcançado um lugar de destaque no panorama cinematográfico.
Assim sendo, aconselho-vos a ver este filme, que conseguiu superar as minhas expectativas e decerto irá superar as vossas.

https://www.youtube.com/watch?v=9dxFHc5e9ik