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Falta de médicos irá prolongar-se por dois ou três anos, reconhece ministro da Saúde

“Nos próximos dois, três anos ainda vamos ter algumas dificuldades, mas vamos resolver o problema estruturalmente daqui a algum tempo”, afirmou Manuel Pizarro a propósito da falta de médicos no Sistema Nacional de Saúde (SNS), na inauguração do Hospital de Lagos.

As declarações do novo ministro da Saúde surgem no mesmo dia que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) divulgou um documento sobre a monitorização do acesso aos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em que consta que a percentagem de utentes inscritos nos cuidados de saúde primários com médico de família caiu de 92,7% para 88,8% (3,9%) entre 2017 e 2021. 

A ERS aponta as “assimetrias regionais” existentes entre o Norte e o Sul do país. A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte tem “a maior percentagem de utentes inscritos com médico de família atribuído”. Em sentido contrário, surgem a ARS de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e a ARS Algarve.

A lógica é a mesma no que às consultas diz respeito. A taxa de utilização de consultas médicas apresentou uma queda de 1,6 pontos percentuais em 2020, sendo que em 2021 teve um “aumento pouco expressivo”.

Reconhecendo a falta de médicos como um problema nacional, o ministro endereçou em específico a conjuntura algarvia, referindo o custo de vida como o principal entrave aos esforços do governo para fixar mais profissionais da saúde na região: “sente-se mais no Algarve, região onde é difícil fixar médicos devido ao custo de vida mais elevado”, salientou.

Manuel Pizarro na inauguração do novo hospital de Lagos
Fonte: Barlavento

A propósito da inauguração na qual discursava, o ministro realçou a importância da criação de novas infraestruturas hospitalares como parte da solução para a falta de médicos em regiões como o Algarve: “Tenho a certeza de que é mais fácil fixar médicos e enfermeiros ou outros profissionais num hospital moderno como este do que era no antigo hospital, num edifício com 500 anos”.

O ministro lembrou a medida governamental para 2023 que contempla a abertura de um total de 2054 vagas para formação médica especializada, anunciada uns dias antes.Referiu que, a partir do próximo ano, “134 médicos vão entrar em formação geral e algumas dezenas, o maior número de sempre de médicos, na formação da especialidade no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e também nos cuidados de saúde primários”.

A especialidade de Medicina Geral e Familiar é a área com maior número de vagas: 574 (mais 10% que em 2022), sendo que 200 serão na região de Lisboa e Vale do Tejo, o maior número de sempre na região.

Fonte da capa: Rodrigo Antunes/LUSA

Artigo revisto por João Nuno Sousa

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Maria Beatriz Batalha, 23 anos, sempre foi fascinada por História(s). Embalada pela ilusão de pensar o passado e o futuro no presente, encontrou o Jornalismo. Não ser ninguém é ao mesmo tempo o seu maior medo e o seu maior sonho. Na ESCS Magazine, a Editoria de Informação é o seu próximo desafio.