Cinema e Televisão

‘HELP ME GET ONE MORE’ – O herói de hacksaw ridge

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Quem é Desmond Doss?
Um menino que adorava aventurar-se com o irmão? Um menino de sua mãe, sendo seu pai um veterano da Primeira Guerra Mundial?
Um rapaz cujos sonhos tinham ficado a meio, mas cuja vontade não ficara pela metade? Um rapaz apaixonado e dedicado? Um rapaz magrinho empolgado com a ideia de ir servir o seu país, os EUA, na guerra?
Um homem que renunciou à sua arma? Um homem de fé e convicção?
Desmond Doss, o primeiro e único objetor de consciência a ser condecorado com a Medalha de Honra na Segunda Guerra Mundial, foi tudo isto e mais. Altruísta, salvou mais de 75 vidas na guerra, algumas do adversário, pondo a sua em risco. O seu apelo a Deus é um só: Help me get one more.

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A sua história é agora retratada no mundo cinematográfico por Mel Gibson, com mais um dos seus extraordinários filmes baseado em factos histórico-biográficos: O Herói de Hacksaw Ridge, com estreia a 10 de novembro de 2016 nos cinemas portugueses.

Interpretado por Darcy Bryce e Andrew Garfield, Desmond, símbolo dos ideais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, parte para Okinawa, onde a ação bélica contra os japoneses ocorre, para se tornar socorrista.
A História é, por vezes, manuseada, por forma a retratar o essencial nesta trama de pouco mais de duas horas, tentando não a descurar. Apesar de algumas diferenças, a narrativa da obra é muito bem conseguida, trazendo ao público uma oportunidade de se comover, revoltar e inspirar.
A nível visual, o espectador é inicialmente presenteado com paisagens de cortar a respiração e com episódios radiantes e, ocasionalmente, cómicos, contrastando com o cenário de guerra com que depois é bombardeado, retratando as condições deploráveis, penosas e horríveis vividas em ambas as frentes. Talvez o aspeto auditivo seja ainda mais pavoroso, obrigando a um estado de alerta pela parte do auditório, que é perturbado pelo som da violência atroz.
O passado da personagem de Doss, as suas relações interpessoais e a sua Bíblia são fundamentais para a compreensão das suas atitudes; tão importantes que uma boa parte do filme se dedica a essa (des)construção.

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Tal não acontece com alguns dos seus camaradas que não têm um papel de relevo; não obstante, este conjunto de “desconhecidos” desempenha o seu quinhão na representação da ideia da guerra: o seu “valor” é ignorado na dimensão insensível da guerra e as suas histórias pessoais perdem-se no tempo. As histórias que, por sua vez, nos são dadas a conhecer também atormentam a estabilidade de quem as ouve.
Parece impossível que mesmo um filme tão ‘realista’ seja tão difícil e traumático de imaginar, para o bem e para o mal. Gostava de frisar sobretudo que não é um filme indolor, mas também não é um filme desolador: no meio de tanta ruína e miséria ainda existe quem se eleve pelo seu heroísmo, iluminando o espírito dos circundantes com esperança.