Humor: Um refúgio a ser controlado?
Durante toda a nossa vida, somos rodeados pelo humor. A vontade e a capacidade de rir é uma característica humana que está presente em cada um de nós, quer seja em menor ou em maior quantidade. Há quem ria de tudo, há quem ria menos, há risos mais discretos, outros não tanto. O que é certo é que, mais do que uma vez, já deixámos que algo, ou alguém, nos fizesse rir, e, na maioria das vezes, a sensação foi incrível. É como se o humor tivesse o poder de acrescentar um sabor doce à monotonia e rotina diária.
Mas será que este “tempero” da nossa vida deve ter alguns limites ou, por outro lado, deve ser totalmente livre e a gosto? Há várias opiniões distintas no que toca a este tema e é comum haver divergências.
É certo que o humor acaba por ser um escape ou um refúgio. Podem ser meros segundos, mas quando algo de cariz humorístico nos faz soltar uma gargalhada ou nos diverte, é como se nos pudéssemos abstrair de tudo o que nos rodeia e, por vezes, assombra.
Vendo a situação nesta perspetiva, é normal que o nosso cérebro pense instintivamente que não, o humor não carece de quaisquer limitações. Se é algo que nos faz bem e nos distrai, deve ser totalmente livre.
Mas e se olharmos para a questão mais a fundo? Até que ponto algo aparentemente divertido e engraçado pode entreter de igual forma um grupo de pessoas? É que, se repararmos, e à medida que crescemos isso vai se tornando mais evidente, somos todos diferentes, temos sentidos de humor distintos e, pelos mais diversos motivos, não consideramos engraçadas certas situações, mesmo que outras pessoas as encarem como humor.
A causa para o facto de cada um de nós ter um “sensor” próprio para selecionar as situações humorísticas que lhe agradam e fazem rir reside na personalidade, nas vivências e nas experiências de cada um. Penso que seja exatamente isto. Ou seja, no meu entender, ninguém vai gostar muito de ouvir piadas sobre algo que o afete diretamente de alguma maneira, mesmo que até tente esconder o seu desconforto fazendo uma expressão de diversão.
Assim, o humor deve ter, sim, limites. Não ao ponto de lhe ser retirada toda a liberdade que o constitui, até porque é isso que lhe confere todo o carácter descontraído e libertador. Todavia, penso que, ao se construir humor, deve ter-se alguma atenção e capacidade de análise, para que se consiga averiguar se deixará de proporcionar momentos de riso, alegria, descontração e escape, para passar a gerar ainda mais confusão, conflito ou acentuação de antagonismos e afastamento entre pessoas e realidades. E este, como referi, não é o seu objetivo.
A minha reflexão sobre o assunto fez-me chegar a estas conclusões, e considero que seja a forma de pensar mais correta. No entanto, também sei que, muitas vezes, a tentativa de impormos estes limites a nós mesmos acaba por ser “camuflada” pela necessidade que temos de rir ou fazer alguém rir com algo que, à partida, não afeta ninguém presente, mas sim outros. É mais forte do que nós, certamente. Mas um pequeno esforço da nossa parte de não deixarmos, tantas vezes, “camuflar” essa tal tentativa pode já fazer a diferença.
Fonte da capa: BoaConsulta
Artigo revisto por Andreia Batista
AUTORIA
A Liliana tem 18 anos e está no primeiro ano da licenciatura em Jornalismo. A Liliana (Lili, como está habituada a ser chamada) era aquela menina que, em pequena, passava a tarde no quarto a escrever, a inventar histórias, a criar poemas. Adorava fazê-lo e era sempre elogiada pelos mais velhos, que admiravam esta sua capacidade. Até hoje, esse amor pela escrita não desapareceu e, por isso, está na Magazine da ESCS para fazer algo que sempre lhe deu muito agrado, aprender e, acima de tudo, divertir-se enquanto o faz.