Inês de Castro
Desde pequenos que todos ouvimos a famosa história de Pedro e Inês. Quem não sabe contar, em traços gerais, que os dois se apaixonaram apesar de D. Pedro ser casado, que o rei não concordava e por isso mandou matar Inês, que D. Pedro perseguiu os assassinos da sua amada e os matou impiedosamente numa vingança atroz, que Inês de Castro “depois de morta foi rainha” –(Luís de Camões, «Lusíadas»), que a mancha de sangue de Inês ficou, segundo a lenda, para sempre marcada na Fonte dos Amores em Coimbra? A verdade é que a história é composta por muitos outros pormenores e peripécias, que Faustino da Fonseca nos conta neste livro com mais de 1000 páginas.
Esta obra vai muito além do romance entre Pedro e Inês. A história do casal enquadra-se em todo o contexto do século XIV na Península Ibérica; a acção alterna-se entre Portugal e Castela, dando-nos a conhecer desde os problemas e angústias de D. Afonso IV até aos actos sanguinários de D. Pedro, o Cruel, de Castela, com grande enfoque na guerra pelo trono de Castela. Temos ainda histórias secundárias mas que ganham uma enorme importância no livro, como o amor (também proibido) de Álvaro de Castro, irmão de Inês, e Mécia. E se na escola primária nos disseram que D. Constança, mulher de D. Pedro, conhecia e aceitava o amor dos dois, vamos descobrir que na realidade não era bem assim.
A morte, a paixão, a vingança, são temas recorrentes em «Inês de Castro», de forma por vezes impressionante e incompreensível aos nossos olhos do século XXI, mas não podiam deixar de o ser num livro sobre esta época. Na verdade, Faustino da Fonseca, sendo historiador, tem a preocupação de nos enquadrar bem nesse contexto temporal, descrevendo sempre o espaço, a decoração, as roupas, em longas e vivas descrições.
Outro ponto que não passa de maneira alguma despercebido ao leitor é a crítica ao clero; o corpo religioso é frequentemente retratado neste livro, havendo especial foco sobre os monges de Alcobaça e o Bispo do Porto, mas não só. Nos diálogos entre os monges, estes revelam que as histórias contadas sobre os santos eram invenções, que as relíquias eram falsas, que atormentavam o povo com ameaças sobre o Inferno para receberem mais dinheiro,… mais impressionante ainda são os relatos sobre as amantes do Bispo do Porto ou as diversas raparigas descobertas grávidas num convento, supostamente por obra de Satanás.
«Inês de Castro» é um livro para os amantes da literatura e da História, e oferece aos leitores uma viagem atribulada por esta época rica em que não faltavam aventuras.
AUTORIA
A Inês Rebelo tem 19 anos e está no primeiro ano de Jornalismo.
Começou a ler com 4 anos e a escrever as suas criações com 9, sendo que foi sempre esta a sua grande paixão. Fez teatro durante oito anos, gosta de ler e, embora não interesse a ninguém, tem três tartarugas. Também gosta de cantar, mas para isso não tem muito jeito. Na ESCS MAGAZINE integra as equipas de Correcção Linguística e de Literatura, e escreve com o Antigo Acordo Ortográfico.