Cinema e Televisão

Live-action de Aladdin: um diamante em bruto

Pois é, mais um live-action. Uma adaptação de um dos filmes de desenhos animados da nossa infância para nos fazer sentir nostálgicos. Um investimento feito pelos barões da Walt Disney Pictures, certos de que as crianças que cresceram com estas histórias iriam dar-lhes o lucro esperado. E, neste caso, merecem-no.

Foi em Aladdin que decidiram apostar. O filme que se passa nas Arábias e que trata a história de amor entre um rapaz pobre, que tem de recorrer ao roubo para sobreviver, e a princesa Jasmine, filha do sultão de Agrabah. Penso que todos vimos, em tempos, o filme original: como esquecer o macaco Abu, o tapete voador e, principalmente, o génio da lâmpada? Quantos de nós não desejaram ter uma lâmpada que, ao esfregar, nos concretizasse três desejos? Só mesmo nos filmes…

Confesso que estava reticente quanto a esta aposta. Logo à partida, queria que tivessem escolhido Zayn Malik (ex-integrante dos One Direction) para o papel de Aladdin (sim, eu sei que ele não é ator, deixem-me). As parecenças parecem-me inegáveis e, ao saber que tinham optado por Mena Massoud, fiquei de pé atrás. Então depois de ver o trailer (https://www.youtube.com/watch?v=PRyOvcOhtms) é que não dei nada pelo filme. O novo Aladdin destoava e a nova Jasmine (Naomi Scott) também não me agradou. No entanto, como sempre, quis dar uma oportunidade (que decisão acertada!).

Fonte: Cult MTL

A modos que… amei o filme. Está tão bem conseguido! Isto dito por uma crítica bastante rigorosa da Disney – o canal que acompanhou toda a minha infância. Estava (e estou) ansiosa por todas as adaptações que estrearão em breve (Rei Leão, me aguarda), mas esta nem era das que mais me inquietava. Contudo, depois de ver o filme, acho que não podia estar melhor. Claro, não está perfeito, mas está quase. Já prevejo as comparações que vão estabelecer entre este e o original. Não revi o Aladdin de 1992 antes de ir ver este, mas, mesmo assim, consegui recordar na perfeição alguns detalhes do filme. Quem não se lembra da forma como Aladdin se atira para trás da varanda do palácio depois de beijar Jasmine? Do tigre de estimação (Rajá) da princesa? Ou daquela música do génio (https://www.youtube.com/watch?v=wvHYdgHLAvo)?

No que toca à recriação dos elementos indispensáveis que o compõem, cumpriram a tarefa com o máximo rigor. Mas não te deixes enganar: o filme não é apenas a recriação com pessoas em vez de desenhos animados. É a imortalização de um clássico com toques de atualidade. Pelo menos, não me lembro de ver o Aladdin a fazer beatbox, mas a minha memória também já não é o que era. Fiquei confusa com a escolha de Will Smith para interpretar o génio da lâmpada, mas só tenho a dizer que esse detalhe fez o filme. Não dá para resistir ao riso com as intervenções geniais (see what I did there?) do feiticeiro azul.

Os diálogos têm uma linguagem adaptada aos dias de hoje, tal como as piadas. Conseguiram melhorar algo que, por si só, já era incrível. Atribuíram-no com particularidades que fazem todo o sentido e que o tornam apelativo e interessante para aqueles que, hoje adultos, recorreram às salas de cinema para regressarem à infância ou até, quem sabe, para darem a conhecer as aventuras de Ali Baba aos seus descendentes.

Fonte: O Vale

Outro elemento que considero ter sido positivo foi a parte musical do filme. Sei que, para os mais meticulosos, pode ser um aspeto negativo, mas acreditem que compõem a película. Aladdin não seria a mesma coisa sem a cena em que, transportados pelo tapete voador, partem à descoberta do mundo enquanto cantam “A Whole New World” (https://www.youtube.com/watch?v=rg_zwK_sSEY)? Digam o que disserem, gostei o suficiente da música cantada pela Naomi Scott para a ir pesquisar assim que tive oportunidade – https://www.youtube.com/watch?v=mw5VIEIvuMI (sim, já está na minha playlist).   

No geral, toda a atmosfera é colorida e as paisagens das Arábias também não passam despercebidas. O palácio é monumental e as ruas humildes, atoladas de comércio local, suscitam a vontade de as conhecer. O início do filme deixou-me confusa, mas rapidamente o entendi e adorei. As coreografias são de fazer suster a respiração, assim como as fugas de Aladdin dos guardas.

Para mim, o aspeto mais negativo foi a forma como escolheram retratar Jafar – o vilão. Acho que o ator não conseguiu, de forma alguma, transmitir aquilo que deveria. Lembro-me de ter medo do desenho animado, dos seus olhos penetrantes e barbicha pontiaguda. Marwan Kenzari foi a escolha errada para um papel central do filme. Devia intimidar o espetador, mas não o faz minimamente.

Recomendo mesmo que vão ver o filme. Vai deixar-vos com um sorriso na cara, compensando qualquer dia mau. Vai fazer-vos esquecer aquela chatice com que se defrontaram há umas horas, minimizando-a. Esta adaptação foi, sem dúvida, uma vitória. Explorando o amor que não escolhe hierarquias, a ambição cega e a avareza desmedida, faz-nos tirar lições que, muito possivelmente, nos moldaram e contribuíram, em parte, para os princípios que defendemos hoje.

Fonte “thumnail”: Vagalume

Artigo revisto por Ana Rita Curtinha

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