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Medicamento português testado com sucesso em tumores da cabeça e do pescoço

Ensaio clínico da molécula que nasceu na Universidade de Coimbra revelou que, para já, é segura e bem tolerada no tratamento de cancro avançado da cabeça e do pescoço.  O medicamento foi testado por um grupo de 14 doentes.

Um grupo de 14 doentes com cancro avançado da cabeça e do pescoço testou durante dois anos uma terapia fotodinâmica com uma nova molécula chamada Redaporfina, desenvolvida por investigadores da Universidade de Coimbra. Depois de encontrada a dose exata eficaz, um doente que se encontrava já em cuidados paliativos foi submetido a esta terapia e ficou sem sinal do tumor. O projeto de investigação do primeiro medicamento oncológico português vai agora ser alargado a mais doentes com este cancro, esperando-se que possa ser uma opção terapêutica acessível em 2022.

“O ensaio foi realizado num grupo restrito de doentes, nos quais se registaram resultados muitíssimo interessantes e que provam que o medicamento é seguro e não desencadeia efeitos secundários severos”, frisou Sérgio Simões, presidente da Luzitin, em declarações à agência Lusa.

O presidente da Luzitin salienta ainda que, no ensaio clínico, foi possível mudar a vida de alguns doentes que estavam impossibilitados de comer e falar, devido às características do tumor.

Antes de chegar ao mercado, o medicamento vai passar ainda por uma nova fase de ensaios com um grupo de doentes maior e depois, segundo Sérgio Simões, é necessário encontrar parceiros para financiarem o investimento para a sua produção.

O responsável farmacêutico disse ainda que a Redaporfina pode ser usada como tratamento do cancro das vias biliares, tumor muito raro, mas extremamente severo e sem terapêutica. O medicamento vai também ser candidatado à Agência Europeia do Medicamento com o estatuto de “medicamento órfão”.

“Chama-se medicamento órfão porque vai dar resposta a uma necessidade que não está colmatada. É uma mais-valia e vamos investir nesta área e utilizar as ‘vias-verdes’ para as doenças raras para dar um salto importante e fazer o medicamento chegar o mais rapidamente ao mercado”, sublinhou.

Sérgio Simões prevê que, em 2020, o medicamento possa chegar ao mercado como terapêutica para os tumores das vias biliares.