Opinião

Migração e Refugiados: uma realidade que não pode ser vista como distante

Os conflitos internacionais sempre existiram e vão continuar a existir. No entanto, as distâncias a que alguns destes acontecimentos ocorrem fazem com que estas realidades não sejam devidamente valorizadas.

Se estes conflitos estão presentes nos meios de comunicação social significa que estão na ordem do dia e que, por isso, estas histórias merecem ser contadas. Mas quando estes assuntos deixam de ser transmitidos nos media parece que deixam de existir.

Em Portugal, verificamos que há uma certa deficiência na cobertura feita pelos meios de comunicação social relativamente a questões internacionais. A informação nacional é importante, porém tratar questões humanitárias com a devida atenção é ainda mais relevante.

Existe um feedback pessoal e do meio quando estes temas são transmitidos pelos media. As pessoas acompanham porque o papel do jornalista acaba por ser aquele de quem interpreta essas realidades distantes, dando a conhecer a voz de pessoas que vivem em duras condições de vida diariamente. 

Por esse motivo, a cobertura destes conflitos e realidades deveria estar presente nos meios de comunicação social de forma diária e não apenas quando dá ‘jeito’ falar porque é uma novidade.

Não é uma novidade e acontece todos os dias. A situação dos migrantes e refugiados trata-se de uma questão humanitária e não de uma realidade longínqua contra a qual não podemos fazer nada. 

Milhares de migrantes tentam entrar na União Europeia, vindos da Bielorússia, Leonid Shcheglov/BelTA/TASS

A deslocação de cerca de 500 refugiados para a Polónia agravou a crise diplomática entre o país e a Bielorrússia, devido ao fluxo de migrantes na fronteira entre as duas nações. 

Segundo o The Guardian, estas pessoas foram vistas a serem escoltadas por militares bielorrussos numa autoestrada que vai desde a cidade de Bruzgi até uma floresta na divisória entre os dois países.

Devido ao número crescente de migrantes que tentam entrar na União Europeia através da Polónia, o país autorizou a polícia a expulsar potenciais candidatos a asilo político de países como o Iraque, a Síria e o Afeganistão, de acordo com a mesma notícia. 

As autoridades bielorrussas também não deixam os migrantes voltar para o país. Assim, ficam presos entre na fronteira e são obrigados a ficar nas florestas da zona, onde as temperaturas atingem valores negativos.

A Bielorrússia foi acusada pela Polónia e por outros países da União Europeia de tentar provocar uma nova crise de refugiados na Europa, com o intuito de se vingar das críticas realizadas ao governo de Alexander Lukashenko, geradas pela aterragem forçada de um voo da Ryanair, em maio, (com a justificação de uma ameaça de bomba)  para deter um jornalista que partilhava informação de protestos contra o governo do país.

Estes homens, mulheres e crianças são deixados em condições desumanas. Sem abrigo, comida, água e cuidados médicos, continuam a lutar pela sua vida e liberdade.

Esta é uma crise sem precedentes. Um número recorde de refugiados e migrantes cruzam as fronteiras internacionais todos os dias para fugir a conflitos, perseguições e pobreza extrema. Muitos deles também abandonam os seus países de origem em busca de melhores condições de vida. 

Essas viagens não estão livres de perigos. Os que conseguem chegar aos seus destinos são geralmente recebidos com hostilidade e intolerância. De acordo com a ONU, um número reduzido de países aceita uma quantidade desproporcional de refugiados e requerentes de asilo, além de migrantes. 

Muitos perdem a vida à procura de uma nova oportunidade. Esta realidade, mesmo que seja distante para alguns, deve ser compreendida, ouvida, explorada. São seres humanos que lutam todos os dias para sobreviver, quando a maior parte de nós se dá ao luxo de assistir aos acontecimentos no conforto do lar. 

Fonte da capa: ICArabe

Artigo revisto por Miguel Tomás

AUTORIA

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Iniciou o seu percurso na ESCS Magazine, porque sempre procurou ter liberdade para escrever sobre a realidade à sua volta e para partilhar a sua opinião com as outras pessoas. A paixão pela escrita sempre esteve presente na sua vida. Agora, enquanto editora de música procura fazer-se ouvir através das suas palavras!