Cinema e Televisão

Monstra: “os desenhos animados não são só para crianças”

A “Monstra” está de volta. De 16 a 26 de março, o Cinema São Jorge, o Cinema City Alvalade, o Cinema Ideal e a Cinemateca Portuguesa recebem sessões de cinema, exposições, palestras, e workshops sobre o universo da animação. A 16ª edição do festival português homenageia a Itália.

Durante o segundo dia do festival, a ESCS MAGAZINE foi até ao Cinema São Jorge conversar com a produtora executiva, Raquel Bravo.

Para quem não conhece a “Monstra”. Em que é que consiste este festival?
É o festival de animação de Lisboa. Basicamente existe há 16 anos. Este ano apresenta uma programação aprofundada sobre o nosso país convidado – a Itália. Fazemos uma retrospetiva italiana. Terá também as suas habituais sessões de competição: curtas, longas, curtíssimas, curtas portuguesas e curtas de estudantes.

O festival realiza-se no cinema São Jorge, no Cinema City Alvalade, no Cinema Ideal e, este ano, também na Cinemateca Portuguesa, com uma retrospetiva do Pinóquio, que é um dos filmes originais da Itália.

Dentro da “Monstra” cabe também uma programação para os mais jovens: a “Monstrinha”. Portanto, o festival divide-se assim em várias idades, porque os desenhos animados não são só para crianças, são também para adultos.

Porquê a Itália este ano?
Todos os anos convidamos um país, da Europa ou não. São países que escolhemos de ano para ano, quase. A Itália porque tem tanto de animação e de histórico. E lá está, o Pinóquio. Homenageamos aqui um filme que toda a gente conhece, desde os mais velhos aos mais novos.

Para o ano será a Estónia. No ano passado foram os países da ex Jugoslávia. Ou seja, vamos assim buscar um bocadinho de influências de outras culturas para as podermos mostrar ao público português, ao público que vive aqui em Lisboa e também ao público de norte a sul do país.

Temos convidados como o Bruno Bozzetto, o Enzo D’Alò, o Giannalberto Bendazzi ou o Gianluigi Toccafondo, que foi aliás quem ilustrou este cartaz da “Monstra” – os olhos da “Monstra”.

Disse que este festival não é só para crianças. Vêm mais crianças ou adultos?
Nós temos bastantes crianças a vir ao festival, porque temos sessões dedicadas a escolas. Ou seja, grupos escolares que vêm, não só aqui às salas principais mas também realizamos sessões nas próprias escolas, nos auditórios. Levamos este cinema, que é um cinema não tão comercial. São filmes que abordam temas que as crianças não veem habitualmente na televisão, porque só passamos na televisão o príncipe e a princesa. Ou seja, muita animação feita apenas pela Disney.

Queremos também mostrar aqui outro tipo de animação – uma animação mais independente – com novos artistas e artistas que são bastante reconhecidos e mostrar às crianças grandes épicos que os avós delas conhecem.

Temos também como público alvo estudantes, principalmente estudantes de artes e de animação. Temos público que vem para ver animação Japonesa, manga. Quando fazemos uma homenagem ao Pinóquio, o nosso público será quem se lembra do Pinóquio de quando era criança. A “Monstra” tem o seu público alvo assim distribuído.

Por aqui, onde é que podemos encontrar o cinema português de animação?
Temos uma sessão – a sessão de curta – apoiada pela SPA (Sociedade Portuguesa de Autores). Temos, a estrear, “A Gruta de Darwin”, da Sardinha em Lata. Temos sempre estreias nacionais.

No ano passado, tivemos “estilhaços”, tivemos o “Pronto, era assim”. Portanto, a animação portuguesa está muito bem representada aqui. Esperemos que continue, porque, apesar de tudo, Portugal tem bastante para dar no âmbito, não só da animação, mas do cinema em geral. Gostamos de mostrar novos autores, não só os reconhecidos. E o trabalho dos estudantes, que tem sempre um lugar aqui na nossa competição de estudantes portugueses.

Como é que está a correr este arranque da 16ª edição da “Monstra”?
Eu penso que bem. Apesar de muito, muito trabalho. Nós somos uma equipa pequena para um festival tão grande. No ano passado tivemos cerca de cento e cinquenta mil espetadores. Nós não estamos só a fazer sessões de cinema. Fazemos exposições, fazemos o cinema mais pequeno do mundo, que está no largo do Camões…

Tivemos ontem cerca de seicentas pessoas aqui na sala Manuel de Oliveira, o que é bastante para uma quinta-feira à noite. E penso que para a semana teremos mais pessoas a virem às sessões da competição. Eu acho que haverá sessões que irão esgotar, certamente.

O que é que esta edição do festival traz de diferente?
De diferente temos já amanhã, no dia 18, um painel que reúne sobre a comunidade virtual. Há também videojogos que têm animação; há aplicações de realidade virtual que têm animação. Tudo isto é um universo da animação, não é só o cinema. Temos então esse painel com representantes da Google, que será bastante interessante e é uma aposta nova do festival.

Para além disso, vamos continuar com o nosso Baby Monstra, aqui aos fins de semana, onde os pais podem entrar com os filhos. Isto foi uma aposta do ano passado, que vamos manter definitivamente. É uma sessão aberta a todo o público que vem com os filhotes, que pode então entrar e sair da sala e desfrutar dos filmes.

Temos ainda uma sessão nova para adultos: a sessão Monstra Triple X. Para maiores de 18 anos, aqui a representar a animação feita com bastante erotismo e sensualidade para olhos mais adultos.