Cinema e Televisão

Mulheres no Cinema: O Teste de Bechdel

A cinematografia tem estado presente na vida de todos nós desde sempre. Em termos históricos, podemos considerar que está presente desde o século 19 e, ao longo de todos estes anos, teve espaço para evoluir, tornar-se mais atual e cada vez mais versátil. Um dos grandes obstáculos que a indústria do cinema tem vindo a ultrapassar trata-se da questão da representatividade, principalmente no que toca à inclusão de raça, da comunidade LGBTQ+, entre outras. Apesar de a inclusão de género também ser algo considerado pelos escritores, a forma como esta é feita está um pouco aquém, já que as narrativas são muitas vezes as mesmas e antiquadas.

O teste de Bechdel, ou teste de Bechdel-Wallace, surgiu em 1985 pela primeira vez numa banda desenhada. Esta, da autoria de Alison Bechdel, mostra duas mulheres a falarem sobre cinema e uma delas a explicar que só vê um filme que tenha certas condições que envolvem as personagens femininas. Esta simples representação levou a que anos mais tarde se usasse este teste como medida de representatividade de género em filmes, séries e até videojogos, peças de teatro e literatura.

Fonte: Persona

As regras que este teste dita são apenas três: o filme tem de representar, pelo menos, duas mulheres; estas mulheres têm de falar uma(s) com a(s) outra(s); o tópico de discussão tem de ser sobre algo que não um homem. Além destas três regras originais, surgiram outras adicionais, como por exemplo, a necessidade de as personagens terem um nome, terem de interagir por mais de um minuto e  dizerem mais do que cinco palavras.

Como podemos ver, este é um teste simples, mas limitador, tendo algumas falhas. Existem muitos filmes realizados ou interpretados por mulheres em papéis fortes que não passam no teste, assim como há  uma série de filmes que passam, mas por pouco, e podem ser extremamente sexistas. Apesar disto, é interessante  observar quais os filmes que passam no teste de forma correta, e quais não conseguem superar uma barreira tão baixa, como representar uma mulher cujo papel não gira em torno do homem representado no filme.

Temos alguns exemplos de filmes que falharam o teste, nomeadamente, Oppenheimer, Elvis, A Star is Born, The Avengers (2012), Fight Club, No Time to Die, Breakfast at Tiffany’s, entre outros. Dos filmes que passam, temos, por exemplo, Hidden Figures, Wonder Woman, Barbie, Twilight, American Pie 2, Enola Holmes e Dune. Estes são apenas alguns exemplos, no entanto, existe um website com uma lista completa de filmes, que pode ser consultada neste link: https://bechdeltest.com/.

Devido às suas limitações, este não é o teste ideal para analisar verdadeiramente a qualidade da representação feminina num filme. No entanto, é, claramente, uma forma de ajudar os espectadores a ver o filme de uma maneira diferente, colocando este teste na sua mente e, consequentemente, levá-los a questionar a representação das mulheres no cinema. 

Fonte da capa: Women’s Museum of California

Artigo revisto por Leonor Almeida

AUTORIA

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A Marta acredita que os mundos da música e cinema e televisão são algo que não pode faltar no seu dia a dia e, por isso mesmo, decidiu juntar-se à ESCS Magazine de modo a partilhar isso com a comunidade. Frequenta o segundo ano da licenciatura em jornalismo e procura um dia poder conciliar o seu gosto e curiosidade pela cultura com uma profissão que lhe preencha.