Mundial 2022 e os Direitos Humanos
É entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro deste ano que se vai realizar o campeonato mundial de futebol mais polémico dos últimos anos. Esta competição terá lugar no Qatar e é a primeira vez que uma prova de seleções será realizada durante o inverno (dentre as edições realizadas no Hemisfério Norte).
Têm sido várias as polémicas em redor da escolha da FIFA. Uma delas é o facto de ter de existir, forçosamente, uma paragem de seis semanas quer nas ligas quer nas competições europeias de clubes. Serão 28 dias em que os clubes ficarão impossibilitados de poder contar com os jogadores convocados para o Mundial, contando com os dias de competição, estágios e viagens. Como se já não bastassem estas questões de logística, somam-se as problemáticas relacionadas com os direitos humanos.
Tudo surgiu depois de o jornal inglês The Guardian ter avançando com números reveladores de violação de direitos humanos. Desde dezembro de 2010, quando anunciaram o Qatar como país anfitrião do Mundial, já morreram mais de 6500 migrantes nas construções de estádios para esta prova.
Desde essa data que o Qatar começou a trabalhar diariamente para planear da melhor forma esta grande competição e ter todas as infraestruturas nas perfeitas condições, nomeadamente os estádios, oito no total, que resultarão de uma fusão entre construções de raiz e melhoramentos de estádios já existentes. Os números avançados pelo The Guardian correspondem a trabalhadores estrangeiros que foram contratados aos mais variados países, como a Índia, Nepal, Bangladesh ou Sri Lanka, querendo isto dizer que morrem por semana cerca de 12 pessoas nas obras dos recintos. Também a Amnistia Internacional, em 2013, falou em “exploração grave” quando falava na forma como os trabalhadores eram submetidos a trabalhos desumanos em condições precárias, denunciando ainda que muitas vezes eram obrigados a assinar declarações em como tinham recebido os seus salários, quando na realidade chegaram a trabalhar durante sete meses sem receber qualquer remuneração.
Estas grandes competições são sempre comentadas por todos e quaisquer motivos, mas poucas vezes quanto à violação de direitos humanos. Por tudo isto, também os próprios jogadores, clubes e até seleções fazem questão de mostrar o seu desagrado quanto a esta decisão. Dizem que, além dos dados chocantes revelados pelo jornal britânico, existem tantos outros aspetos duvidosos quanto a este país, como o caso da sua visão sobre a homossexualidade e o papel das mulheres na sociedade.
Tendo em conta que um Mundial é mais do que um espetáculo de futebol, dando uma oportunidade de o país anfitrião mostrar a sua cultura de forma a atrair turistas e causar boa impressão, será esta a imagem que a FIFA quer ver associada a uma escolha sua?
Fonte da capa: Amnistia Internacional
Artigo revisto por João P. Mendes
AUTORIA
A paixão pelo desporto foi o que a fez querer escrever para a Magazine. Encontra no desporto, tal como na música, a maior forma de liberdade e aprendizagem. Só precisa de um bom concerto e um bom jogo de futebol para ser a pessoa mais feliz do mundo. Considera-se uma pessoa justa e por isso a imparcialidade estará presente em cada um dos seus artigos.
Parabéns, belo artigo.
Parabéns pelo excelente artigo, uma realidade que muitos desconhecem ou fingem desconhecer.