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Namora Primeiro Contigo

Tomar a escolha de estar bem só, na sua própria companhia, dá um poder enorme a uma mulher que decide dedicar-se a si mesma. Investir mais em si em detrimento de outros, não por egoísmo, mas por necessidade. Isto não quer dizer que não possa vir a ter relações, mas há que saber quando e porque é que o fazemos – para amar o outro, temos de nos amar primeiro. 

Saliento que neste artigo me dediquei unicamente a falar de relações heterossexuais, para averiguar a necessidade da sociedade de que uma mulher tenha uma presença masculina do seu lado.

Fonte: Instagram @lilacrainw

E que tal nos escolhermos primeiro?

Todos sabemos que é imposto um papel à mulher que muitas vezes esta tem dificuldade em contrariar e que, para não ficar para “tia”, cede a qualquer amor. Acho triste a expressão “ficar para tia”, que representa uma certa discriminação perante as mulheres que escolhem estar sozinhas.

Devemos amar-nos em primeiro lugar, para começarmos uma relação com nós mesmas, para não termos necessidade de ir a correr para os braços de outra pessoa. Significa valorização própria: saber que somos suficientes com ou sem alguém.

Saliento que estou a falar de iniciar relações amorosas, não sexuais, pois a mulher tem o direito de se envolver com quem desejar, sem julgamentos desnecessários. Mas a questão do apego por carência tende a absorver muita energia que acaba por se transformar em algo negativo na sua vida – isto quando não é real e, sim, unicamente por pressão social.

Nós, mulheres, temos de aprender a estar bem sozinhas, pois é aí que a nossa emancipação começa. Não obstante, importa que paremos de culpar unicamente, saliento o unicamente, a sociedade que nos impõe isso, pois ainda temos o poder em nós próprias de dizer “não” e de avaliarmos não só se estamos prontas, mas também se o sentimento é real. Devo relembrar que essa ideia de “vou só ficar para ver o que acontece” consegue causar mais danos do que pensamos, mesmo que por um curto tempo.

Lembremo-nos: nós já somos completas quando entramos numa relação, a outra pessoa não é, ou pelo menos não devia ser, a “outra metade”. Quando entramos numa relação, é para partilharmos um caminho com alguém, tão independente quanto nós, para ser nosso amigo e parceiro. Nunca subestimem o poder que nós, mulheres, temos sozinhas!

Ah, como mais vale só do que mal acompanhada…

Quantas de nós vivemos e vimos relações tóxicas? Quantas de nós vimos familiares, amigas, colegas, conhecidas a ficarem com pessoas que não as valorizam? Será que vale a pena? Duvido. Existe a ideia errada de que um homem que quer casar é porque ama. Afinal… que homem é que se quer prender?! Não, não é bem assim. O próprio homem também sofre pressão para se casar ou namorar, por isso é que não é sempre amor – para além de vários outros fatores que podem estar envolvidos. 

Bem, não estou a dizer que não existam histórias boas e romances que valham a pena. Aliás, o amor é a coisa mais linda que existe neste mundo – em todas as suas formas, não vendo raça, género, religião, enfim, não vendo nada -, tendo muito mais poder do que o ódio. No entanto, não podemos idealizar a sua forma – afinal, a perfeição é uma ideia utópica. Nem sempre é como acontece nos filmes e nos livros, pois os obstáculos existem – assim como em amizades e relações familiares. Não obstante, há certas coisas que, jamais, podem falhar, como: respeito, confiança e intimidade. Nós amamos quem nos trata bem quando temos amor-próprio, não o contrário!

Sair de uma relação tóxica é difícil. Não obstante, não é impossível. Afirmo até que podes sair bem mais forte do que nunca. Aliás, aproveita e faz uma lista de prós e contras (e, sim, faz sentido fazer isso), porque dessa forma podes esclarecer se a pessoa é positiva na tua vida ou se apenas é uma energia que te impede de seres o melhor que podes ter.

Fonte: Instagram @_f_e_m_a_l_e_

E sabias que o outro também sente?

Vivemos em sociedade e quando iniciamos uma relação por carência tendemos a magoar o outro, que pode estar a entrar com uma perspetiva de amor real. Se não estamos preparados, explicamos que precisamos apenas de tempo para nós mesmos (e, sim, é uma desculpa real), mas jamais temos o direito de entrar numa relação “só porque sim”, enquanto a outra pessoa está pronta para algo mais. 

Quantos de nós cometemos o erro de dar falsas esperanças a quem estava pronto para nos amar? Quantos de nós iniciámos relações por considerarmos que precisávamos delas? Hora de parar de magoar, até porque nunca gostamos de ser os que são magoados. Aliás, o meu conselho é deixar de lado o que a sociedade espera de uma mulher, para ganharmos uma confiança que só o tempo e o investimento nos podem dar. Amem-se e amem o próprio (e, para tal, importa não o enganar). 

Ah, as regras para o amor…

Quantas vezes entramos em relações e nos é dito para cuidarmos do “nosso homem”? “Nosso”, como se tivéssemos o direito de titular alguém como nossa propriedade… Aproveito para salientar o quanto odeio esta expressão no seu todo, como se namorar com alguém implicasse tomar conta de um bebé, sendo a sua segunda mãe. Afinal, estamos a namorar com uma criança ou com uma pessoa adulta? 

Isto de ser uma mulher solteira tem algumas ratoeiras. Um exemplo disso é quando perguntamos a um homem o número de parceiras sexuais, muitos de facto respondem que perderam a conta (e assim perderam mesmo). Mas quando passamos para o panorama feminino e perguntamos a uma mulher, há algo que me causa angústia. Muitas vezes, preferem não dizer ou começam por “não me julgues, mas…”, isto quando já tiveram várias experiências. Porque é que parece que deve haver um limite de possibilidades de parceiros sexuais para uma mulher e não para o homem? Mas… Afinal, com quem é que os homens heterossexuais estão a ter essas relações sexuais? Porque querem mulheres ”quietas”, mas não deixam de querer o prazer. Ora bem, mulher também pode querer, se assim entender. 

A mulher também merece viver sem limites que a associam a ser um determinado “tipo de mulher” – basta analisar as ideias de “mulher para casar” e de “mulher para outras coisas”, expressões onde só vejo ignorância. Quando é com a pessoa certa e na altura ideal, tudo resulta, com amor (é claro).

Não te esqueças!

Jamais te contentes com menos do que mereces por causa do tempo. Lembra-te de que no teu sangue corre força, de gerações de mulheres que lutaram para que hoje possas escolher – não nos esquecemos das mulheres a quem foram impostas (e ainda são hoje em várias partes do mundo) a casar sem amor. Espero que sejas uma dessas sortudas que tem a liberdade de escolher e, se sim, é altura de agarrares essa liberdade como tua e nunca como garantida!

Namora contigo e abraça cada defeito que tens, porque faz parte da mulher incrível em que te estás a tornar. Afinal, tu serás sempre o teu primeiro amor!

Fonte: Cedida por Patrícia Pinto

Artigo revisto por Lurdes Pereira

Fonte da foto de capa: Instagram @grrrrrrrrrls

AUTORIA

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Patrícia tem 19 anos e veio do Norte. Criada numa aldeia, desenvolveu um amor pela natureza e animais. Estuda Publicidade e Marketing e pretende trabalhar junto de organizações humanitárias. Mudou-se para Lisboa, mas nunca se esquece do seu Porto. Adora dançar, ler e ouvir clássicos de música. Sempre que pode, anda pelas ruas pronta para explorar algo novo e tirar fotos a cada detalhe artístico.