Nepal – A Vida Creativa (Review)
Nas paredes hirtas do Instituto Camões observam-se registos dos dias que sucederam no Nepal: o desmoronar dos edifícios, “a dança do solo”, o “bater dos pés de monstros furiosos”.
A força da Natureza uma vez mais fez-se ouvir e Carlos Brum Mello e Ana Catarina Silva, sensibilizados por tal voz, tomaram a iniciativa de criar a campanha Açores pelo Nepal da qual surge a exposição e o livro “Nepal, a vida criativa” numa simbiose de palavras e planos onde governam metáforas e cor.
A exposição conta com 18 fotografias e os respetivos textos, aproximando o observador de uma realidade aparentemente distante. A indiferença fica à porta da entrada, pois lemos, observamos e sentimos. Sentimos o apelo por entre as ruínas que simbolizam a serenidade com a desgraça e a grandiosidade de “deuses vivos”, ruínas que restauram a dor e tornam nossos os sentimentos de outros; “a nossa casa é onde o nosso coração escolhe estar”.
Os textos de Ana envolvem-nos em empatia e pela lente de Carlos vemos não só o caos, a destruição, mas também sorrisos e esperança. Num dualismo que apela ao nosso lado mais sensível e criativo.
“Naquela que parecia ser uma última dança, balança como uma desajeitada (…) jurou a si própria que ainda seria bailarina.”
Isto porque o trabalho destes jovens açorianos pretende apelar não à pena mas ao nosso lado criativo tomando por exemplo o Nepal. A superação de uma desgraça, o reerguer de mais que uma cidade e um país, do espírito.
“Espalhadas pela revolta da terra, as sementes, misturaram–se com o barro das paredes rachadas e desfeitas. (:..) Vendo-as medrar serenamente, aquele homem, de barriga vazia mas de alma cheia, preenche agora os seus dias olhando aquelas raízes de vida desabrochada das veias da morte.”
Especificam que a criatividade não um dom de alguns, mas de todos, necessita apenas do estímulo certo uma vez que“ a vida criativa é uma atitude “.
Para aqueles que ficaram curiosos, a exposição acaba esta sexta feira dia 18 de Março, mas nada temam porque o Instituto Camões ( junto à rotunda do Marquês na Avenida da Liberdade) tem um horário das 9h30 às 13h30 e das 14h30 às 18h30 , a entrada é gratuita e como gatilho à vossa “atitude criativa” não são permitidas fotografias à exposição.