O caminho para a (in)felicidade
“O que eu quero é ser feliz”. Ultimamente tenho ouvido muito esta expressão. Talvez por ser época natalícia e o quatro estar quase a transformar-se num cinco e as pessoas começarem a fazer as suas resoluções de ano novo. Acho-a uma expressão curiosa. “Quero encontrar o caminho para a felicidade”. É outra. Parece que a felicidade é um estado permanente e inalterável uma vez alcançado.
Não entendo esta necessidade das pessoas de hoje em dia. Uma necessidade de apressar os processos. Uma necessidade de que as coisas se mantenham inalteradas. De que tudo dure para sempre sem qualquer esforço ou sacrifício. É como receber uma medalha pela maratona que nunca se correu. Uma medalha sem qualquer valor. Que não acrescenta nada. O prazer está na corrida, não no pódio.
Felicidade. Quase impossível de definir. Tão forte. Mas tão efémera. Não existe uma fórmula secreta. Poção mágica que seja. A magia está no êxtase dos momentos. Momentos felizes. E é assim que devemos encarar a felicidade. Não como um estado infinito, mas como momentos finitos. O esforço está em tentar tornar cada momento num momento feliz.E assim aproximamo-nos da felicidade contínua.
A esperança num caminho para a felicidade torna-nos miseráveis. Esperamos que surja uma estrela no céu que nos guie quando nós temos de ser a nossa própria estrela. A felicidade muda de rosto. E o que julgamos ser a cura é na verdade a doença. Se quisermos um caminho, será o da felicidade. “Da”. Não “para”. Um caminho por nós traçado. Um caminho que começou com o nosso nascimento e terminará com a nossa morte.
Dentro das nossas limitações temos apenas de fazer com que cada momento nos aqueça por dentro, nos faça sorrir, saltar, cantar. Todas as emoções que dão aso à felicidade. Há que desfrutar de cada momento como se fosse o último. E nunca esquecer de que nada é eterno. É preciso alimentar a felicidade a cada passo ou esta rapidamente se dissipa.
O verdadeiro prazer está na caminhada, não no cume da montanha.