O mundo da moda está de luto pela perda de um dos seus visionários mais icónicos.
Giorgio Armani, o lendário estilista italiano, que redefiniu a elegância moderna e construiu um império global da moda, faleceu a 4 de setembro, aos 91 anos, deixando para trás um legado intemporal de estilo e inovação. Giorgio teve uma influência que se estendeu muito para além das passarelas, alcançando o cinema, o mundo dos negócios e do luxo. A história de Armani não é apenas sobre vestuário – é sobre uma revolução silenciosa na forma como o mundo se veste e se expressa.

Nascido a 11 de julho de 1934, em Piacenza, no norte de Itália, a infância de Armani esteve muito distante do glamour da moda. Estudou medicina durante 3 anos antes de perceber que a sua verdadeira vocação estava noutro lugar. O contacto com o mundo da moda surgiu quando começou a trabalhar na loja La Rinascente, em Milão, onde desenvolveu um olho para têxteis e design. Aprimorou esse olhar na década de 60, quando começou a desenhar roupa masculina para Nino Cerruti. Este período marcou o início do estilo distinto de Armani: alfaiataria suave, linhas simples e um minimalismo que transmitia força sem rigidez.

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Giorgio iniciou a sua carreira como designer freelancer e fundou a sua própria marca com o seu parceiro, o arquiteto Sergio Galeotti, em 1975. Armani apresentou ao mundo o casaco “desestruturado”, um design que substituiu a rigidez pelo conforto e pela facilidade. A sua visão do power dressing mudou a forma como os profissionais se vestiam em todo o mundo, enquanto os seus vestidos de gala personificavam o glamour natural. Em 1981, lançou a Emporio Armani e, em 1991, a A|X Armani Exchange, tornando-se o designer de moda italiano mais bem-sucedido da história.
A revista Time também contribuiu para a sua consagração e do Made in Italy nos Estados Unidos, o fulcro do poder e da riqueza mundial. A revista colocou o estilista na sua capa em 1982.

Fonte: Time: BOB KRIEGER

Ex-estudante de medicina, Armani reformulou o fato para destacar o corpo, e não escondê-lo. Os seus designs contrastavam com a moda masculina dos anos 50 e 60, marcada por fatos rígidos que continham e simplificavam a fisicalidade do homem. Seguiu na direção oposta: retirou o forro, reformulou a construção e permitiu que as peças caíssem graciosamente, remodelando a figura masculina como algo mais expansivo, quase romântico. Ao mesmo tempo, revelou novas formas de usar fatos – com uma camisola de caxemira ou de malha leve, em tons refinados da mesma paleta suave (cinzento, bege, butter yellow, azul-marinho), combinados até com ténis ou sandálias. Assim, o fato deixou de ser símbolo de conformidade e passou a expressar individualidade.

“Elegance is not about being noticed, it’s about being remembered.” – Giorgio Armani

Giorgio Armani é conhecido por ter reinventado a moda masculina em 1980 e em 1990, mas a sua influência na moda contemporânea continua mais palpável do que nunca.

Hollywood rapidamente acolheu aquele que ajudou a estabelecer Milão como uma das capitais da moda, imortalizando o seu trabalho em filmes como “American Gigolo” (1980), onde o guarda-roupa de Richard Gere se tornou tão memorável quanto a própria atuação, “Os Intocáveis” (1987), e dois dos Batman de Christopher Nolan em “O Cavaleiro das Trevas” e “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2008 e 2012). Armani também desenhou as roupas usadas por Leonardo DiCaprio em “Lobo de Wall Street” (2013). Apaixonado por cinema, Giorgio realizou o sonho de ter um documentário dirigido por Martin Scorsese: “Made In Milan“, gravado em 1990.

Fonte: Colagem feita pela redatora

Além do cinema, Giorgio foi também responsável pela criação de peças para artistas como Beyoncé, em 2008, e Lady Gaga, para quem desenhou os figurinos da digressão do álbum Born This Way e o vestido que usou na cerimónia dos Grammy de 2010.

Fonte: La Maison Gaga

O legado de Giorgio Armani é mais do que moda. É o legado de um homem que mostrou que o verdadeiro luxo se encontra na simplicidade, que a elegância é intemporal e que a criatividade pode ser inovadora.

“The legacy I hope to leave is one of commitment, respect, and attention to people and reality. That’s where it all begins.” – Giorgio Armani

Fonte da capa: AFP/Getty Images

Revisto por Miguel Calixto