Literatura

O paraíso literário dos Olivais

Para os amantes de livros, para os estudantes aplicados, para as crianças curiosas, ou só para quem quer tomar um café descansado ao Sol: o paraíso está nos Olivais. Instalada na Quinta do Contador-Mor, a biblioteca dos Olivais todos os dias acolhe aqueles que nela procuram uns momentos de prazer.

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A casa que foi a do último Contador-Mor encontrava-se muito degradada. Esteve para ser um centro recreativo, mas voltou a ser abandonada e assaltada. “Nos anos 90 a vereação da cultura pretendeu fazer uma biblioteca dos Olivais, porque a que existia era numa cave sem janelas, sem condições”, explica-nos Teresa Capela, a coordenadora da biblioteca. “Voltou novamente a reconstruir-se a casa, juntamente com a Quinta Pedagógica, e inaugurámos a Biblioteca em 1996.”

Nessa altura, as bibliotecas tinham a política de, embora sendo generalistas, ter cada uma um pólo de especialização em termos bibliográficos. “Estava a fazer-se a Biblioteca Camões com livros policiais, a Biblioteca de Carnide com culinária, gastronomia, etc”, conta Teresa Capela. À biblioteca dos Olivais, porque já tinham na hemeroteca periódicos muito valiosos, calhou o serviço Bedeteca: um núcleo especializado em banda-desenhada. Aqui podemos então encontrar banda-desenhadas periódicas únicas com mais de 100 anos, que atraem leitores de todo o país. “Nem na Biblioteca Nacional há, portanto está reservado só para pessoas que querem estudar. E de tudo o que saiu, editado cá em Portugal, também temos pelo menos um exemplar”.

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A Biblioteca dos Olivais, como as restantes Bibliotecas Municipais de Lisboa, insere-se na rede BLX: uma vez que cada uma das bibliotecas não pode ter espaço para todas as obras, ou dinheiro para as adquirir, funcionam em rede, havendo até empréstimos inter-blibliotecas. “Pode pedir-se aqui um livro de qualquer biblioteca BLX e ele vem para cá, ou, ao contrário, deixar cá um livro e ele vai parar à biblioteca a que pertence.” Assim, na rede BLX, existe praticamente tudo o que foi editado desde os anos 30: uma vez que a rede de Lisboa é a beneficiária do depósito legal recebe um exemplar de tudo o que é editado.

Além do vasto leque de livros que tem à disposição, a Biblioteca dos Olivais oferece ainda muitas actividades, normalmente mais dirigidas às crianças, sempre com vista à promoção do livro e da leitura.

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Este edifício encerra ainda outro segredo: durante muito tempo julgou-se que pudesse ser A Toca, a quinta onde Carlos da Maia e Maria Eduarda se encontravam n’Os Maias de Eça de Queirós. Esta teoria foi no entanto desmentida por estudos comparativos entre o local e as descrições feitas no livro.

A Biblioteca recebe, em média, cerca de 200 pessoas por dia. Em 2014, entraram na Biblioteca cerca de 50 000 pessoas; 20 000 documentos foram consultados e 30 000 foram emprestados. “É óptimo trabalhar aqui. A casa é muito bonita, é rodeada de jardins, temos muita gente que vem frequentemente, o ambiente dos utilizadores é óptimo e os colegas também”, afirma a coordenadora.

No próximo dia de Sol, quando a vontade de ficar em casa é pouca, quando falta um livro para ler mas os bolsos estão vazios… A Biblioteca dos Olivais é o sítio aonde ir.

AUTORIA

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A Inês Rebelo tem 19 anos e está no primeiro ano de Jornalismo.
Começou a ler com 4 anos e a escrever as suas criações com 9, sendo que foi sempre esta a sua grande paixão. Fez teatro durante oito anos, gosta de ler e, embora não interesse a ninguém, tem três tartarugas. Também gosta de cantar, mas para isso não tem muito jeito. Na ESCS MAGAZINE integra as equipas de Correcção Linguística e de Literatura, e escreve com o Antigo Acordo Ortográfico.